ECLIPSE
Imagem 1:
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63922/eclipse> Acesso em: 21/03/2019
Um artista de muitas cores, traços, pinceladas fortes, respingos e
espatuladas; Antônio Bandeira é um caso poético com a pintura brasileira e a
liberdade abstracionista. Sem preocupação com o academismo mergulha em sua
proposta pictórica expressando a grandiosidade dos sentimentos obscuros do
olhar convencional da sociedade para ser um mestre “autodidata” à frente do seu
tempo (FELDMAN, 2018).
Segundo
Lisboa (2019), na infância sua inspiração se dava pela liberdade de brincar entre
as árvores e a vivencia na fundição de seu pai, visto que a mistura de cores
obtidas pelo artista devia-se à do derretimento obtidos entre ferro e bronze.
Apesar de ter tido aulas de desenho nessa fase
a cópia seria o princípio a despertar-lhe o talento para outras técnicas
posteriormente na vida adulta. Reconhecido internacionalmente com várias
exposições, o cearense foi merecedor de vários prêmios que marcaram sua
carreira.
Suas
obras expressionistas abstratas transcendem aos emaranhados de tintas para que
o apreciador vislumbre um mundo de expectativas e mistérios com movimentos ora
gestuais, ora cadenciados que refletem um universo cósmico em constante
transformação, fruto das vivências contidas na infância e que afluíram
poeticamente do seu interior cheio de magia, natureza e multiculturalismo às
vezes implícitos.
Com técnicas
e experimentações variadas com guaches, aquarelas, óleo e outros, Bandeira
conseguiu mostrar sua arte mundo a fora com inovações que nos inspira até hoje.
Muitas obras continuam provocando reflexões em torno desse artista detentor de
várias linguagens e códigos carregados de figurativismo e abstrações dentro do
seu lirismo poético singular.
Uma de
suas muitas obras, Eclipse é construída dentro da abstração
informal gestual que representa o universo em constante movimento. Certamente o
artista se debruçou intuitivamente em etapas para essa produção, pois a pintura
em óleo tem uma secagem lenta; assim, para obter os efeitos nítidos das cores
sobrepostas ele precisava esperar a secagem das camadas anteriores. Ao fundo, entretanto,
os tons em azuis, branco, com alguns esfumaços de verde, rosa, vermelho e preto
sugerem a expansão com seus mistérios infinitamente belos. O elemento central em vermelho e amarelo
irradia uma energia impetuosa cercada de significâncias que dentro de sua orbita
pulsante se funde aos astros para inquietar o olhar do espectador como se fosse
saltar da tela.
Os respingos foram feitos com a tela na horizontal tendo em vista que a
tinta não escorre enquanto os traçados descontínuos em vários sentidos dialogam
entre si e evidenciam a identidade e um equilíbrio qualitativo de um artista com
experiência e vivencia poética aprimorada.
A GRANDE CIDADE ILUMINADA
Imagem 2:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra4585/a-grande-cidade-iluminada Acesso em: 22/03/2019.
Os códigos visuais desta obra se
apresentam variados e em sua maioria estão disposto uniformemente ao longo de toda a
superfície do plano. Ao observá-la podemos inferir que se trata de uma obra abstrata, porém “não se
limita apenas o que ela mostra ou simboliza, pois muitas vezes ela se completa
com aquilo que nela vemos” (COSTELLA, 1997, p. 51).
Nesse sentido, o artista não estava preocupado em
passar essa manifestação simbólica, pois a meu ver ele pretende explicitar seu
sentimento de liberdade se movendo entre as cores primárias e traçados como se estivesse
tramitando dentro de uma intimidade sensível e ao mesmo tempo expressional,
logo ele não tem preocupação com a leitura do expectador, pois emerge
intuitivamente em uma cidade imaginária vista aérea.
De acordo com Itaú Cultural (2019), “A Grande
Cidade Iluminada” é uma obra em óleo sobre tela; em minha opinião tem a
possibilidade de ter sido pintada na horizontal sobre uma superfície plana,
pois os respingos nos permitem fazer essa inferência, pois não há escorrimento
de tinta. Pelo que vejo, as cores primárias se misturam levemente na formação
da base, provavelmente feita com o uso de pinceis para a primeira etapa e após
a secagem o uso camadas espatuladas ou pincel chato e largo entre azul e
vermelho que preenchem quase que toda a superfície; a finalização acontece com
as sobreposições das cores intercaladas entre amarelo e preto na forma de respingos
com aparentes linhas gestuais descontínuas em vários sentidos, portanto de difícil
reprodução.
Para o
apreciador, as cores e formas induzem a deslocamento da visão em todos os
sentidos sem causar incômodo, assim ele pode fazer várias leituras em busca de alguma
resposta e a qualquer tempo. No meu entender o artista se conduziu
intuitivamente não se preocupando com o resultado final. Provavelmente ele
tenha se inspirado em alguma metrópole vista na parte superior ele tenha
colocado o título depois de toda a conclusão.
GUACHE COM AS MÃOS
Imagem:
Guache sobre papel cartão é mais uma experimentação ousada de Antônio Bandeira, apesar transparecer uma abstração, o artista segue ao esboço prévio idealizando perspectivas tradicionais embora as cores definam um leve figurativo de uma paisagem com montanhas, caminhos, profundidade e luz.
De acordo com Carolpaolars (2013), “artistas deixam a perspectiva
tradicional e criam formas no ato da pintura” dessa maneira exprimem os
sentimentos utilizando “manchas e grafismo”. Nesse caso, Bandeira substitui os
pincéis ou espátulas pelo uso das mãos para construir essas manchas e o guache
com água em abundancia sobre papel cartão para essa produção aparentemente
nostálgica.
Se a liberdade de Bandeira se
debruça a várias poéticas, analisar
e contextualizar suas obras será sempre um desafio. Dessa forma, o artista nos
instiga continuamente as refletir sobre as relações com o mundo dos sentimentos
mais significativos e obscuros dos viventes.
OBS: Este artigo é parte de atividades da Disciplina de Arte e Cultura Brasileira do curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE.
CITAÇÃO: BATISTA, Lia. Antônio Bandeira. Abr 2019. Disponível em: <https://ecoarteliabatista.blogspot.com/b/post-preview?token=APq4FmAKhdPo14UTb-U-7kgbxRDEkUWTSrDpHzcY2x1bLSF10fsaBjXsOLL_aaNrM10LNzo5n2BHy3zQL-DNI3b3dC54gIBqO59nyk8GJyZVmY8nizqfD8979YDnpsyqZogH0yueGTRU&postId=3146722701056901911&type=POST>
OBS: Este artigo é parte de atividades da Disciplina de Arte e Cultura Brasileira do curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE.
CITAÇÃO: BATISTA, Lia. Antônio Bandeira. Abr 2019. Disponível em: <https://ecoarteliabatista.blogspot.com/b/post-preview?token=APq4FmAKhdPo14UTb-U-7kgbxRDEkUWTSrDpHzcY2x1bLSF10fsaBjXsOLL_aaNrM10LNzo5n2BHy3zQL-DNI3b3dC54gIBqO59nyk8GJyZVmY8nizqfD8979YDnpsyqZogH0yueGTRU&postId=3146722701056901911&type=POST>
BIBLIOGRAFIA
A Grande
Cidade Iluminada. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.
São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra4585/a-grande-cidade-iluminada>.
Acesso em: 22 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7.
Disponível em: <https://yourexit.wordpress.com/2013/04/09/abstracionismo-formal-e-informal/>
Acesso em: 22/032019.
COSTELLA, F. Antônio. Para Apreciar a Arte.
Roteiro Didático. Ed. 3. São Paulo. Editora SENAC.1997.
ECLIPSE .
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2019. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63922/eclipse>. Acesso em:
21 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
FELDMAN, Carlos. Biografia. Instituto Antônio Bandeira.
Disponível em: <http://www.institutoantoniobandeira.com.br/biografia> Acesso em: 20/03//2019