sexta-feira, 13 de outubro de 2017

RÉ ENCANTAMENTO DO MUNDO

                 

Imagem: Lia Batista, 2017

               De acordo com Barroso (2011), estudos científicos abordam que o pensamento humano tem se modificado profundamente ao longo dos tempos, essa percepção é válida tanto no setor acadêmico radical como na área da física mecânica, pois mostram que de um modo geral essas modificações há pelo menos há três séculos, os estudos apontam que o mundo real é constituído de um vazio que aparentemente é preenchido por energias mutantes que são percebidas ao se relacionarem interferindo na natureza da realidade ou imaginação à matéria de forma subjetiva que influenciam na perceptividade do ser humano. Com isso a percepção resultante da maneira individual de pensar atua na formação étnica e imaginativa percorrendo extensivamente todo o corpo humano de forma intensa.
               De acordo com Barroso (2011 p.32), ao contrário do que se pensa, outros animais também tem inteligência imaginativa quanto à adaptação ao meio ambiente e são extremamente práticos quanto a isso; portanto, são capazes de “relacionar elementos isolados quanto a sua percepção do seu entorno”. Nessa perspectiva, é que o homem tende a se diferenciar deles, pois essa condição de superioridade acontece no âmbito conceitual referentes ao espaço e o tempo,  tornando-se um ser especial por agir por “impulsos corpóreos de gênero especial” (Apud CASSIRRER, p. 76).
                 Logo, com o advento da modernidade essa tal capacidade de querer ser superior chegou a um ponto de “atrofia dos recursos corporais de percepção e comunicação” onde existe a impressão de que este modo complexo de lidar com a expressividade corporal e a sensibilidade não está sendo coerente com a forma de verbalização, pois essa incompatibilidade provoca um descompasso que agride a expressividade humana a ponto do individualismo trazer prejuízos à natureza, já que magia perdeu seu espaço nas práticas coletivas.
               Nesse descompasso o projeto antropocêntrico civilizatório moderno quer que a natureza esteja a seu bel prazer, por outro lado a imposição decorrente da globalização, tecnologias digitais e mercadológicas acabam por  comprometer hábitos socioculturais de com o pretexto de inserção ao novo. Nesse contexto, esse desencanto permeia a um desajuste da essência humana em que grandes crises sociais, culturais, e financeiras podem trazer agravamento à existência e o rompimento com seus ideais evolutivos de liberdade e sua proposição no contexto global.
               Assim, a elaboração de projetos voltados para a humanidade pode minimizar os transtornos civilizatórios e promover o “ré-encantamento da sociedade mundial, vencendo as barreiras do e o descompasso entre homem, natureza, cultura, etc; e associar o saberes tradicionais, primitivos,  conhecimento científico e empírico como eventos vivos em prol de uma sociedade mais sustentável.
         Diante disso, o “ré encantamento” por meio da comunicação artística,  pode elevar o pensamento mágico e criativo ao indivíduo provocando o senso crítico onde as ideias de evolução perpassem as questões individuais e contribuam para o enriquecimento construtivo de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse sentido, é que magia da arte é capaz de fazer o indivíduo enxergar o invisível e compartilhar culturalmente o mundo em que vive.
               Se tudo no universo está interligado, somente a poética é capaz de romper com essa posição de superioridade que o homem moderno quer exercer sobre os outros seres. Daí é preciso quebrar esse paradigma no intuito de evitar os transtornos recorrentes do “progresso” rumo uma renovação da consciência ambiental e a preservação recursos naturais, pois é nessa linha de pensamento, que o homem precisa trabalhar a sensibilidade engajando-se para simplicidade de vida pautada no convívio harmônico com natureza, para compreender que essa involução não representa um retrocesso e sim adequação às origens.
          Portanto, faz-se necessário agregar ideologias modernas, pacificadoras, colaborativas e humanas aos meios tecnológicos dentro de uma dinâmica capaz de equilibrar o reencontro com nós mesmos e o “ré encantamento do mundo” por meio dessa magia quase esquecida, na tentativa de melhorar nosso passeio temporário no Planeta Terra.

Por Lia Batista

Bibliografia:

BARROSO Oswald, Antropologia da Arte, 2011. 2ed SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE).
Imagem: Lia Batista, 2017