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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

HOMEM E ARTE, UMA RELAÇÃO COM O MEIO


                    Ainda hoje podem existir pessoas com mentalidades semelhantes aos homens da idade arqueológica. Pessoas estas que provavelmente ainda não tiveram contato com o mundo tido como “civilizado”, a exemplo das tribos de índios da região do Amazonas, onde a capacidade mental supõe-se ser semelhante aos homens do Neolítico europeu, pois continuam vivendo em desigualdade no tempo e no espaço, semelhantemente aos homens dos períodos Neolítico e Paleolítico (BARROSO,2011).
Imagem: 
Acesso em: 15/11/2017

                   Diante disso, vale salientar que esse homem é passível de conseguir subsistência diferenciada do homem dito “moderno” preservando suas origens, seus hábitos, pois por meio de sua arte tende a provocar encantamento, representação da natureza, do cotidiano e sua comunicação ocorre de forma condizente com seu contexto cultural. Assim, a complexidade da arte pré-histórica deixa seu legado, pois esta não se deteve a valoração, mas ela termina em relativizar a divisão entre a arte pré-histórica e a arte histórica incluindo as artes gregas e ocidentais.
               Só para enfatizar que os artistas das cavernas paleolíticas abordavam em suas pinturas elementos da natureza, animais, dominavam a perspectiva, sombreamentos, cores, em uma impressão visual com a e de complexidade peculiar com exuberância impar e criativa dentro das circunstancias muitas vezes produzidas à luz de tochas, diferentemente do impressionismo, pois se apropriavam de materiais rudimentares e em posições provavelmente incomodas.
                A relação entre homem e natureza no período Neolítico ao Leste da Espanha em direção ao Norte da África e de lá ao Oriente esses indivíduos levaram a adotar novas formas de pintura, onde passou a ser utilizados enfeites corporais e vestimentas que abusassem das cores, de adornos, como braceletes produzidos com contas, cascas de ovos raízes, etc. e sua arte era expressa em intenso movimento, com  porte de arco e flechas, vários animais, ritos sacrifícios, danças em os movimentos eram intensos.  Essas prática se estenderam pelas regiões equatorianas sob o domínio das mulheres. A população era praticante da caçava com bumerangues, clavas e arcos, pescavam com arpões, os homens enfeitavam seus órgãos genitais e as mulheres vestiam longas sias coloridas.
                Para Kohler, (1927, p. 95, apud BARROSO, 2011, p. 51) a relação entre homens e animais segundo relato, sobre o chimpanzé, eu achei interessante quando aborda o encantamento com objetos, a alegria de viver por meio das danças e ritmos como fosse uma brincadeira passando para o grupo em forma de coreografia. Dessa forma outros animais também foram domesticados e serviram de transportes, alimentação, instrumentos de trabalho, tornando-se um instrumento de transformação. 

Vídeo: 
<https://www.youtube.com/watch?v=4i_5og3GtyQ> Acesso em: 15/11/2017

                  Diante dessa sociedade caçadora é possível entender as origens da arte onde elas retratam as relações espirituais e o encantamento mítico, rituais, imagens sobre natural do Paleolítico em busca do divino. As origens da arte estão ligadas aos rituais do Paleolítico Superior e ao Neolítico, logo a estética apresenta-se como um instrumento resultante da sensibilidade, por isso que a magia está ligada a arte, logo o ver artístico desse indivíduo parte da sensibilidade, onde há uma associação de ideias lógicas. Pois o modo como o artista enxerga o mundo tem uma abordagem técnica, que muitos acreditam ser uma forma de conhecimento, tanto na visão do mágico como na visão do xamã.
                Dai o homem selvagem podia alcançar outros significados e viver em paz com seus espíritos na construção dos conhecimentos resultando no acúmulo de saberes que se assemelha se toca o tempo todo como um grande ser vivo. Assim, o pensamento mágico corresponde a uma necessidade do ser humano em observar as leis da magia que se aplicam a percepção estética, pois esta colabora com a subjetividade dessa forma ele pode experimentar, provar, analisar e tirar suas próprias conclusões, fazer e refazer o seus experimentos até chegar a uma conclusão.
               Para alguns antropólogos, existem variações nessas leis. A “lei da contiguidade ou contato, a lei da contiguidade ou do contato; a lei da similaridade, da semelhança ou similitude; e a lei do contraste ou do contrário”. Vale salientar que no processo mágico as “leis da contiguidade e da similitude se podem ser fundidos e atuarem concomitantemente através de metáforas e imagens das mais diversas”.
               De acordo com o autor, a força magnifica pode está associada à natureza do divino, ligada ao coletivo nos mais diversos povos de maneiras diferentes e que “o mana” exerce uma energia cheia de espiritualidade, sem necessariamente se confundido com o “espírito do modo geral”. Assim, a magia ou mana tem sentido de quem é carismático, ou alguém que age magicamente e pode ser relacionado ato de um ao pajé, que quando se manifesta materialmente é considerado a alguém especial dentro da comunidade e pode ser atribuição ao homem moderno.                     Logo, pode usar de artifícios e máscaras para exercer suas atribuições e técnicas de encantamento, sendo essas máscaras utilizadas com várias significações dentro dos ritos coletivos, onde dançam e cantam durante toda a noite durante os rituais. Todavia a intensão é estar em uma  presença ausente, em uma dimensão outra que não a dos mortais. Assim, as máscaras ainda podem significar mudança, renovação da vida de um membro, podem ser usadas, não apenas como um adereço para o rosto, mas um elemento de renovação cósmica dentro de uma sociedade.
              Em outra ocasião ela procura a esconder a identificação do indivíduo, para que não seja percebido pelo outro, em forma de um ser invisível, dando a impressão que este fosse voltado para si mesmo, sem deixar transparecer os traços do portador, perpassando a característica de neutralidade e “comumente concebidas como origem divina”.
Existe também o uso das máscaras-vestimentas confeccionadas com materiais retirados da natureza, como: plumagens, peles ossos, tinturas, etc., comum nos índios brasileiros. Dentre outros disfarces, também pode ser associada para encantar os desses, ou seja, para aqueles que ainda não o são, pois durante os rituais recebem entidades mentais e objetos  carregados de poderes mágicos.
           Além dessas atribuições existem as máscaras grotescas, amedrontadoras, monstruosas, aterrorizantes como as de Górgona que aparece na Grécia clássica, com destaque nas encenações dos chamados mistérios, através da figuração do demônio onde as máscara diabólica de natureza infernal, usa o tridentes para a tortura demoníaca fora do universo celeste.  

Por Lia Batista

Bibliografia:
BARROSO, Osvaldo, Antropologia da Arte, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE), 2. Ed, 2011.
Imagem: 

Acesso em: 15/11/2017
Vídeo: 
<https://www.youtube.com/watch?v=4i_5og3GtyQ> Acesso em: 15/11/2017


sexta-feira, 13 de outubro de 2017

RÉ ENCANTAMENTO DO MUNDO

                 

Imagem: Lia Batista, 2017

               De acordo com Barroso (2011), estudos científicos abordam que o pensamento humano tem se modificado profundamente ao longo dos tempos, essa percepção é válida tanto no setor acadêmico radical como na área da física mecânica, pois mostram que de um modo geral essas modificações há pelo menos há três séculos, os estudos apontam que o mundo real é constituído de um vazio que aparentemente é preenchido por energias mutantes que são percebidas ao se relacionarem interferindo na natureza da realidade ou imaginação à matéria de forma subjetiva que influenciam na perceptividade do ser humano. Com isso a percepção resultante da maneira individual de pensar atua na formação étnica e imaginativa percorrendo extensivamente todo o corpo humano de forma intensa.
               De acordo com Barroso (2011 p.32), ao contrário do que se pensa, outros animais também tem inteligência imaginativa quanto à adaptação ao meio ambiente e são extremamente práticos quanto a isso; portanto, são capazes de “relacionar elementos isolados quanto a sua percepção do seu entorno”. Nessa perspectiva, é que o homem tende a se diferenciar deles, pois essa condição de superioridade acontece no âmbito conceitual referentes ao espaço e o tempo,  tornando-se um ser especial por agir por “impulsos corpóreos de gênero especial” (Apud CASSIRRER, p. 76).
                 Logo, com o advento da modernidade essa tal capacidade de querer ser superior chegou a um ponto de “atrofia dos recursos corporais de percepção e comunicação” onde existe a impressão de que este modo complexo de lidar com a expressividade corporal e a sensibilidade não está sendo coerente com a forma de verbalização, pois essa incompatibilidade provoca um descompasso que agride a expressividade humana a ponto do individualismo trazer prejuízos à natureza, já que magia perdeu seu espaço nas práticas coletivas.
               Nesse descompasso o projeto antropocêntrico civilizatório moderno quer que a natureza esteja a seu bel prazer, por outro lado a imposição decorrente da globalização, tecnologias digitais e mercadológicas acabam por  comprometer hábitos socioculturais de com o pretexto de inserção ao novo. Nesse contexto, esse desencanto permeia a um desajuste da essência humana em que grandes crises sociais, culturais, e financeiras podem trazer agravamento à existência e o rompimento com seus ideais evolutivos de liberdade e sua proposição no contexto global.
               Assim, a elaboração de projetos voltados para a humanidade pode minimizar os transtornos civilizatórios e promover o “ré-encantamento da sociedade mundial, vencendo as barreiras do e o descompasso entre homem, natureza, cultura, etc; e associar o saberes tradicionais, primitivos,  conhecimento científico e empírico como eventos vivos em prol de uma sociedade mais sustentável.
         Diante disso, o “ré encantamento” por meio da comunicação artística,  pode elevar o pensamento mágico e criativo ao indivíduo provocando o senso crítico onde as ideias de evolução perpassem as questões individuais e contribuam para o enriquecimento construtivo de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse sentido, é que magia da arte é capaz de fazer o indivíduo enxergar o invisível e compartilhar culturalmente o mundo em que vive.
               Se tudo no universo está interligado, somente a poética é capaz de romper com essa posição de superioridade que o homem moderno quer exercer sobre os outros seres. Daí é preciso quebrar esse paradigma no intuito de evitar os transtornos recorrentes do “progresso” rumo uma renovação da consciência ambiental e a preservação recursos naturais, pois é nessa linha de pensamento, que o homem precisa trabalhar a sensibilidade engajando-se para simplicidade de vida pautada no convívio harmônico com natureza, para compreender que essa involução não representa um retrocesso e sim adequação às origens.
          Portanto, faz-se necessário agregar ideologias modernas, pacificadoras, colaborativas e humanas aos meios tecnológicos dentro de uma dinâmica capaz de equilibrar o reencontro com nós mesmos e o “ré encantamento do mundo” por meio dessa magia quase esquecida, na tentativa de melhorar nosso passeio temporário no Planeta Terra.

Por Lia Batista

Bibliografia:

BARROSO Oswald, Antropologia da Arte, 2011. 2ed SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE).
Imagem: Lia Batista, 2017