Almofada de palha e chita
Ao som do vento a soprar
Vê a onda e o movimento
A rendeira tem seu sonhar
Colher espinhos de cactos
Para a trama facilitar.
Da prainha à sombra fresca
De um cajueiro a vingar
Na praça com os seus bilros
Espinhos gigantes a espetar
A sua arte pratica
Como se fosse um bailar.
Risco certo e mãos jeitosas
Faz o esboço no papel
No dançar dos movimentos
De espinhos se faz Cordel
Na calçada da igreja
Da Prainha a Cascavel.
Sua trama apertada
Sempre ao raiar do sol
A sua renda perfeita
Debaixo de um paiol
Ou sob uma nuvem branca
Da almofada de chita
Sai sempre um ou o girassol.
Fonte:
BATISTA, Lia. Poemas sutis/Lia Batista-Fortaleza: RDS, 2024