É um projeto de empreendedorismo socioambiental, atuante no campo das Artes Visuais, escrita criativa (prosa e verso), economia circular e práticas ESG.
Objetivo: fomentar práticas de empreendedorismo socioambiental com mulheres periféricas por meio da cultura visual fortalecendo o potencial criativo com foco no meio ambiente.
Atividades: Exposições de arte, oficinas de pintura, artesanato ecológico, customização, palestras sobre educação ambiental e empoderamento feminino.
Por ocasião do dia Internacional da Mulher o Projeto Entre Nós, sob a curadoria da artista visual/ expografia de Anete Mendonça. O evento aconteceu no SESC-Centro?FECOMÉCIO/Senac-CE a Exposição coletiva "O Sagrado Feminino", na rua @4 demaio 692, no Centro de Fortaleza-CE. A esposição ficará em cartaz de 11 março a 14 de abril.
O eixo da exposição tem como obetivo principal homenagear a mulher em toda a sua plenitude tendo em vista que lhe é concedido o dom divino, a responsabilidade de gerar, acolher e perpetuar a espécie humana.
Artistas presentes
Imagens: Paulo Henrique-mar. 2023.
Tive a honra de fazer parte da exposição que contou com dezoito artistas mulheres dos variados estados brasieiros que abrilhantaram com suas poéticas e diversidades de tecnicas de primeira linha, desde a arte clárissa à contemprânesa, além contar com a apresentação dos músicos integrantes da @camerataheitos, secretário de cultura de Fortaleza e demais visitantes.
Em auto astral a exposição foium sucesso, muito amor e dedicação da equipe do Sesc e doProjeto Entre Nós.
Essa obra de arte foi inspirada na música nordestina de Luiz Gonzaga "Nem se Despediu de Mim" e faz parte da série Cultura Brasilis. A ideia de produzir uma obra dessa relevância não surgiu à toa. Por apreciar a cultura e a música nordestina em especial de Luis Gonzaga procurei compor neste trabalho uma imagem que lembra os traços físicos do ator Chambinho como personagem contemporâneo e que representa muito bem o "Rei do Baião" em cenário tipicamente nordestino com as característica peculiares do chapéu de couro, sanfona e gibão.
Produzida na técnica mista em óleo, pincéis chato de número 18, 12, 4 e espátulas. Com preenchimento tipo pintura de fundo e para o personagem usei a técnica de pintura em camadas finas (veladura) e para a vegetação foi utilizada a espátula e pincéis.
De acordo com Pianowiski e Goldberg (2015, p. 111), As transparências obtidas por meio do óleo de denominada de velaturas, podemos obter uma imagem com profundidade e que de tão fina que é a camada as vezes só se consegue descrever as cores por mio de um microscópio. Eu por exemplo costume fazer isso diretamente na tela, por isso nunca consegui copiar com precisão a mesma obra fielmente.
Como de costume uso a marca Acrilex em meus trabalhos por terem uma cartela de cores diversificadas e de ótima qualidade. Nesta obra usei as tonalidades como: azuis, verdes, branco, marrom Wandick, ocre, sombra queimada, amarelo indiano, preto, amarelo pele, vermelho e laranja.
Para o chapéu foram usados bijuterias velhas, como estrelas em aço, tradicional couro e o relógio, este para dar enfase a poética musical e promover um diálogo da contagem das horas e despedida que o autor retrata na música. Os cactos representam a seca e a resistência e a perseverança de dias melhores do povo do sertanejo. A sanfona foi produzida com um filtros de ar automotivo alinhavada sobre a tela e esta caracteriza a identidade do "Rei do Baião". Essa técnica é chamada de assemblagem por se tratar de agregar vários materiais aos quais o artista achar interessante para a composição da obra.
Esse tipo de técnica é muito usada na arte contemporânea tendo em vista a disponibilidade de resíduo estão disponibilizado no meio ambiente. Esse trabalho também serve como uma "manifestação de protesto" em que se pretende levar o espectador a reflexão sobre o consumo inconsciente e o tratamento incorreto do lixo e suas consequências.
O reuso do filtro nessa obra pode ser do automóvel "Royalit Free", composto de papel e uma espécie de resina que dar maior resistência podendo ser lavado levemente. Esse é o procedimento que faço antes de reusar esse material.
CONCEITO DA OBRA
Não há dúvida que a cultura é um processo de leitura que nos apresenta uma diversidade de signos que identificam a origem e o cotidiano de um povo. Esse processo é dinâmico enriquecedor ao qual nos remete a antiguidade de uma determinada população. Dessa forma decodificar as tradições culturais de um povo carece de informações histórica para a compreensão de todo o processo das tradições e das memórias.
A pluralidade de culturas relacionadas as referencias "dialogam e se fundiram" em muitos aspectos criando uma identidade tipicamente brasileira advinda das culturas africanas, europeias e indígenas que enriquecem nos aspectos artísticos como um todo, desde as crenças, musicas, costumes, dentre outros (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS 2015 p. 12).
Dentre esses sinos o nordeste traz uma herança cultural de extrema grandeza. A música por exemplo apresenta ritmos diversos, mas o Baião com seu ritmo frenético e contagiante adota o uso sanfona, zabumba, viola caipira, flauta doce e triângulo.
De acordo com Pesquisa (2019), essa música nordestina teve início na década de 1940 por meio de Luis Gonzaga como "rei do Baião' e Humberto Teixeira, o "doutor do baião" cujas origens musicais são de tradição "caipira e danças indígenas".
De sorte é que o "rei do Baião" consegui representar a angústia do homem sertanejo com originalidade e desenvoltura. A música " Nem se despediu de Mim" relata a pressa de uma pessoa amada em beber água na quartinha, uma espécie de deposito de água para beber usada nas casas do sertão, e nesse diálogo romântico à espera da amada deseja que ela quebre o pote, a quartinha em caso de arrependimento.
Segundo alguns historiadores "Baião" seria o nome originado de baiano e que esse ritmo é resultante da união do batuque dos escravos, uma espécie música e dança dos escravos com portugueses, "moda de viola e danças indígenas", conhecida como Lundu (COELHO, 2015).
Detalhes históricos à parte sabemos que a música é uma modalidade artística que expressa sentimentos e atemporal diante da sua poética. Assim, como qualquer de Arte a sensibilidade de quem ler e interpreta é algo peculiar de cada olhar sensível; É uma inter-relação complexa estabelecida de acordo com os diversos contextos socioculturais e históricos..
Portanto essa representação pictórica da música de Luiz Gonzada pretende relacionar uma experiencia visual e tátil com a música em que o apreciador possa ter uma conexão da prática do sensível consigo mesmo e com nossas origens. Espero orgulhosamente que o "arrasta o pé do Baião" de Seu Luis esteja vivo e sossegado sem se despedir da cultura brasileira também por meio dessa obra pictórica.
Por: Lia Batista
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Nem se despediu de mim - Luiz Gonzaga - Composição: Luiz Gonzaga e João Silva