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segunda-feira, 15 de abril de 2019

MESTRE VITALINO-DO BARRO À FAMA


 Vídeo: 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NcNh5FN16uI> Acesso em: 16/03/2019
                   

             A multiculturalidade é uma característica que está presente na formação de  qualquer sociedade; processo este  resultante da migração de outras etnias por meio de uma “trama de diversidade” (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS, 2015 p. 134), que  reflete diretamente na aquisição dos  valores e costumes  constituídos ao longo do tempo.
                    No Brasil, por exemplo, essa trama multicultural se correlaciona diretamente a presença de índios, migrantes europeus e africanos por ocasião da colonização portuguesa a partir do século XVI. As culturas europeias e africanas mudaram significativamente os hábitos dos nativos formando uma nova cultura que reflete no cotidianamente nossa sociedade.
              Com toda essa contribuição a arte brasileira teve seu desenrolar baseado em diversas correntes artísticas chegando a construir sua própria identidade com a semana de arte moderna de 1922.
Desde então o multiculturalismo tem uma perspectiva estética que tenta associar a expressividade artística e cultural como herança primordial de índios, africanos e europeus.     Segundo Bylaardt et all. 2019, a cultura do “trabalho em barro” no Brasil é originária dos “índios aborígenes” antes da colonização portuguesa, cabendo aos colonizadores a estruturação e concentração de mão-de-obra.
               Neste sentido, muitos artistas desprezaram a originalidade harmônica dos estilos clássicos para desvencilhar outras poéticas artísticas com tendência regionalista. O Mestre Vitalino, por exemplo, percorre dentro do multiculturalismo brasileiro por abordar a o cotidiano do sertanejo com a arte do barro. 
               Segundo Frazão (2016), desde a infância Mestre Vitalino se aventurou no manuseio do barro como um objeto lúdico; segundo ela “mais tarde tornaria ser sua arte, e o tornaria famoso”. Natural de Caruaru-PE, o artesão expressa mundo a fora a riqueza cultural brasileira especialmente do Nordeste com suas agruras, seus contrastes sociais e históricos.
                 E nesse contexto, não se esquivava ao arrancar da maleabilidade da terra fria suas tessituras estéticas.  Amassar com veemência o seu material escultórico o levou a produzir muitas obras e expô-las na Feira de Caruaru, consagrando-se como Artista Popular em várias exposições posteriormente. O que transparecia insignificante foi revelador para um filho de lavrador e uma artesã. A produção de pequenos bonecos e animais era feita com sobras de barro das panelas utilitárias feitas por sua mãe, porém, logo se transformaram em sucesso de vendas na feira. (FRAZÃO, 2016).
                  A musicalidade com o uso pífano o fazia encantador e mestre, porém o maior destaque viria ser a arte expressionista e figurativa com o barro. “A Casa de farinha” retrata o cotidiano regionalista com a mandioca como herança indígena.  Vale salientar que, intuitivamente a plasticidade dos movimentos e a precisão nos cortes expressam a consistência na habilidade com o material dialogando com suas origens.  Para desbastar suas obras o artista usava as mãos, penas, pedaços de madeira e materiais simples da sua região.

                   A técnica utilizada nesta escultura é a cerâmica policromada, isto é, tem várias tonalidade em uma mesma peça e geralmente com cores modernas. O artista comunga com elementos            multiculturais quando dialoga com o cotidiano rural nordestino, figuras populares, vaqueiro, bois, família de retirantes, festas, cangaço, religião, etc.


                       CASA DE FARINHA


Imagem:
Disponível em:
Acesso em: 13/03/2019
Técnica: Cerâmica Polocromada Tam. 30cmx23.50-Acervo Museu do Homem do Nordeste

                               RETIRANTES


Escultura em barro cozido-Tam. 17.5cmx30cm.
Imagem: Disponível em: <https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=303872> Acesso em: 13/03/2019.

                             Esta escultura reflete a angústia das miseráveis famílias nordestinas em busca de sobrevivência rumo à região Sudeste. Semelhantemente a obra de Cândido Portinari e aos escritores como, Raquel de Queiróz, Graciliano Ramos, dentre outros.
                                     CEIA

Imagem:
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63529/ceia>. Acesso em: 13 de Mar. 2019.
Técnica: Cerâmica policromada-Tamanho 14cmx24cm-

              Já a Ceia é uma escultura policromada a meu ver retrata um dia de festa, fartura, mesa arrumada, um jantar de casamento nordestino com a presença do padre, convidados especiais. E é nessa perspectiva que as influências da cultura brasileira vêm se conduzindo admiravelmente como resultante dos movimentos migratórias de outras raças formando essa “trama de diversidade” (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS, 2015 p. 134), que  enriquece nosso gente, embora ainda pouco reconhecedor dessa propriedade.

Este texto é parte de atividades da disciplina Arte e Cultura Brasileira oferecida no Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE. 

Referenciar

BARBOSA, Batista Eliane. Mestre Vitalino-arte do barro. 2019.
Disponível em: <https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8886927960691800423#editor/target=post;postID=2514941095223676579>


BIBLIOGRAFIA
BYLAARDT, M. P. et al. Tecnologia. ARTESANATO, Projeto Experimental. 2019. Disponível em: https://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/origem.html Acesso em: 1603/2019

CASA de Farinha. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63534/casa-de-farinha>. Acesso em: 14 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7


CEIA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63529/ceia>. Acesso em: 13 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7.

 

FRAZÃO, Dilva. Mestre Vitalino. Artista popular brasileiro. Rio de Janeiro. 2019.

Disponível em: < https://www.ebiografia.com/mestre_vitalino/> Acesso em: 13/03/2019.

RETIRANTES. Franklin Levy. Leiloeiro Oficial. V6.1. Rio de Janeiro.2019.
Disponível em: <https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=303872> Acesso em: 13/03/2019.
VÌDEO:
VITALINO, ESCOLA SÃO DOMINGOS, 2013, 52.02min, som.,color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NcNh5FN16uI> Acesso em: 16/03/2019.s





quinta-feira, 11 de abril de 2019

VÓ LUIZA-LONGEVIDADE E CUIDADOS ALÉM DA ESTÉTICA.

             

               Idade não é pretexto para a pessoa idosa se inativa. Chegar aos 95 anos de parece um tanto distante quando estamos na flor da idade. O Brasil está envelhecendo. Em um futuro bem próximo teremos um aumento expressivo de pessoas idosas; isto fruto da busca pela qualidade de vida e a decrescente taxa de natalidade. Há de se questionar o quanto precisamos fazer valer os direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso, que além de ser moderno não é cumprido em sua totalidade.
                De acordo com Thaty (2017), o após os 60 anos manter a autonomia e independência está ligada diretamente a qualidade de vida e é dessa forma que o idoso permanece ativo desde que esteja inserido em práticas cotidianas que evitem o isolamento, a tristeza e por conseguinte a depressão. As atividades físicas, artísticas, a interatividade e companhias agradáveis são essenciais, sobretudo o carinho e o afeto familiar.
                É doloroso saber que muitos idosos são abandonados em asilos mesmo tendo familiares na mesma região. Eu mesma já visitei algumas entidades de acolhimento de idoso em que os colaboradores acolhem muitos perambulando pelas ruas, famintos, descalços e maltrapilhos. Que respeito podemos ter por aqueles que contribuíram com essa sociedade e que quando chegam em uma certa idade são usurpado de seus direitos? Será que a idade não vai chegar para nós que almejamos ter uma velhice?
                 A educação é a resposta para esas perguntas. Não necessariamente precisar ser uma família de classe alta, tendo em vista que muitos idosos vivem nas periferias das grandes metrópoles em suas calçadas e praças a jogarem conversa fora; atividades os levam a fazer crochê, jogar baralhos e fazer caminhadas. Às vezes as pessoas perguntam se eu faço arte porque já estou pensando na velhice e eu respondo que ela está a caminho.
                Cada dia percebo que essas atividades podem prolongar os anos e aliviar alguns transtornos recorrentes da longevidade. Um exemplo é o trabalho que acompanho com algumas idosas e vejo como estas anestesiam um pouco as dores. 
                  A arte trabalha a sensibilidade e dignifica o ser humano. As práticas artísticas quando bem orientadas alivia a tristeza, melhora a autoestima e as empoderam. 
        A Vó Luiza (95 anos) pode ser um exemplo de vida para todos nós. Apesar de doenças degenerativas como pressão alta, diabetes e artrose se mantém ativa com exercício físicos ao acordar, com a produção das bonecas de pano,  fuxico, a pintura e a vontade de aprender sempre; tudo isso regado de muita conversa com a vizinhança, atividades religiosas e o carinho da família.  
               “Por seis anos consecutivos, a Holanda foi apontada por ter o melhor sistema de saúde entre 35 países da Europa os idosos também vivem melhor do que os de outros países” Se nossos avós viviam 30 anos menos que nós, desde já precisamos colocar em pauta a discussão  sobre a essa tal  longevidade. “Especialistas alertam que o Brasil vai envelhecer antes de enriquecer, e isso aumenta os desafios” (THATY, 2017). Já que enriquecer parece utópico para a população brasileira, nada melhor que mudar o foco e pensar em outras alternativas para a idoneidade. Precisamos de alternativas viáveis para ocupar e cuidar dos nossos idosos. Respeito carinho, atividades que os mantenham lúcidos.
             Além de todos esses cuidados a saúde fragilizada do idoso precisa ser alcançada com amplitude pelas políticas públicas. “Hoje, 12,5% dos cerca de 50 milhões de usuários de planos têm 60 anos ou mais. Quase 90% sofrem de algum tipo de doença crônica, como diabetes, artroses e câncer” (CULLUCI, 2018).
                             Vale salientar que a renda do brasileiro nem sempre permite a aquisição de um plano de saúde. Dessa forma as políticas públicas precisão ser repensada.   
        
         No SUS, os gastos com o envelhecimento poderão atingir R$ 115 bilhões por ano em 2030, hoje estão em torno de R$ 45 bilhões anuais. Atualmente, 70% dos idosos dependem exclusivamente do sistema público. (CULLUCI, 2018).

           É desafiador pensar nessa estatística e vê que em muitos países o idoso é tratado com dignidade. O que vamos fazer para mudar esse cuidado com nós mesmo no futuro? 
Se o futuro já chegou pra Vó Luíza, tal vez haja uma explicação para se manter ativa. Além da chegada dos retalhos na casa dela é sempre um motivo de festa, sua serenidade nos impressiona; Pode ser essa uma das causas que a beneficiam, pois com seus 95 anos parece não ser um peso para ela mesma, nem pra família. Neto não “apita” na vida dela. Além das artes e travessuras que faz, ainda consegue fazer uma “comidinha de vó”, lanche para quem chega e a boa tapioca com café ou chá de capim santo (como ninguém). Neste mês foi matéria da imprensa local, onde relata sua experiência com as bonecas tradicionais e os fuxicos.
Ao adquirir bonecas para a filha, olha o  carinho do repórter Márcio Dornelles, para com a  Vó Luiza?

        Fruto da onda do bem, a arte da Vó Luiza, como é carinhosamente chamada Luiza Costa, de 95 anos, ganha novos lares. Apesar da idade, ainda pinta e faz bonecas de pano para a venda. Ri ao afirmar que a visão já não é a mesma e outro dia furou o dedo costurando, mas não para. Além da renda obtida, é um incentivo para se manter ativa. (DORNELES, 2019). 

               Com certeza ela tem mais um motivo para se empoderar. 
          Portanto, envelhecer é um processo natural que deve ser encarado com inserção de boas práticas dentro de uma visão ampla dos nossos direitos e deveres. Mesmo diante das limitações que ocorre com a longevidade é preciso educar as novas gerações para que os idosos sejam bem acolhidos. Precisamos reivindicar as politicas publicas de qualidade assim como a falta de acessibilidade urbana, a saúde, dentre outra. Cuidar do idoso deve ser uma um dever de todos não uma obrigação para isso é preciso inserir sua participação contínua na sociedade,  seja na cultura, na espiritualidade, economia só assim mundo mais será mais sustentável e o idoso mais feliz.
                                                                 

a








                                               
                                                      Na rua com as amigas idosas


Visita ao Museu do Caju 16/07/2019
Ao lado da Escultura de Lia Batista com mais de 700 fuxicos feitos por Vó Luisa.

 Imagens: Francisco Paixão-16/072019

Filmagem para a TV Janfgadeiro 19/07/2019
Fazendo tapioca




Imagens: Rute Batista 19/07/2019.
Participação especial em matéria para homenaagem ao dia das vovós.

Imagens: Arquivo pessoal Lia Batista. 04/2019



Fontes:

DORNELES, Marcio. Projetos sociais fomentam lideranças políticas em bairros da Capital. Diário do Nordeste, Fortaleza, 09 abr. 2019. Política, p. 20.

GOLLUCI, Cláudia. Estudos sobre a terceira idade apontam que Brasil chegará à velhice mais pobre e menos saudável. Folha de São Paulo, São Paulo, 20 mai. 2018.

THATY, Monica. Envelhecimento: o papel do idoso ativo na sociedade e no mercado de trabalho - Bloco 3. Radio Câmera. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/528095-ENVELHECIMENTO-O-PAPEL-DO-IDOSO-ATIVO-NA-SOCIEDADE-E-NO-MERCADO-DE-TRABALHO-BLOCO-3.html> Acesso em: 11/04/2019

Imagens: Lia Batista-2019. Acervo pessoal