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segunda-feira, 8 de junho de 2020

POÉTICAS DIGITAIS NO ENSINO DE ARTES VISUAIS


Mesmo diante de toda a inserção dos dispositivos tecnológicos no cotidiano das sociedades percebo que ainda está longe de se ter o uso razoável das inter mídias no contexto pedagógico no processo de ensino/aprendizagem. É comum em sala de aula a evidência do distanciamento entre o interesse dos alunos pelos conteúdos didáticos propostos, com as práticas pedagógicas tradicionais.  
     Embora haja uma gama de recursos tecnológicos inseridos no cotidiano da sociedade, a educação escolar contemporânea ainda não se deu conta de que as múltiplas possibilidades dessas ferramentas ao serem agregadas no processo do ensino/aprendizagem podem colaborar positivamente como fator coadjuvante na vida dos docentes e discentes fora e dentro da sala de aula.

A integração da arte com as tecnologias digitais abre novas possibilidades para o ensino da arte na escola, tornando-se um importante instrumento de mediação no processo ensino/aprendizagem. Tanto nas relações com as proposições artísticas específicas das tecnologias digitais, como na possibilidade de pesquisas no âmbito da história da arte ou da cultura visual emergente deste meio, bem como na produção e tratamento de imagens que possam ser construídos por projetos educacionais (BERTOLLETI 2010, p. 3).

Sabemos que os Smartfones, as câmeras fotográficas, os computadores e a internet não alcançam linearmente a maioria dos estudantes da escola da rede pública, porém não se pode abstraí-los da lógica educacional, onde a sociedade em geral tem mais acesso a internet. A escola, todavia dá prioridade à metodologias tradicionais em que o uso do livro impresso e despreparo dos educadores junto às novas mídias embaraçam o processo de inserção de outros saberes, sobretudo quanto às poéticas digitais.
Percebo que na maioria das instituições de ensino da rede pública os laboratórios de informática são bem equipados, modernos; porém, os alunos têm acesso restrito, professor não qualificado e muitas vezes sem rede de internet. 
Esse distanciamento parece antagonizar com,

As ações do fazer artístico, em específico da poesia digital, estendem, ampliam e estabelecem relações além do campo literário. Desenvolve-se um diálogo e intercâmbio entre a Literatura, Artes Visuais, Ciência da Computação e Tecnologia da Informação no contexto de criação (BUZELLO, 2011).

E é nesse fazer artístico que as crianças desde os primeiros meses estão sendo inseridas pelos próprios pais a verem imagens, perceberem sons, já dentro de um processo de encantamento com as tecnologias digitais contemporâneas.
Nesse sentido, essa relação com as novas tecnologias precisam estar em consonância com as práticas pedagógicas no ambiente escolar desde a primeira infância concomitantemente com outras metodologias do ensino, no que tange a BNCC em que o aluno de primeiro ao quinto ano do ensino fundamental 1 explore “diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos, gravações em áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.) nos processos de criação artística” (BNCC 2018, p. 203).
Nesse contexto é possível desenvolver com os alunos da rede pública a produção de pequenos vídeos (com o uso do celular dos próprios alunos) seja com imagens em movimento ou fotografias que depois possam ser descarregadas no laboratório de informática, que geralmente toda escola pública tem. Ou então o material pode ser enviado para o professor por meio do What App. Cada atividade deve ser estruturada de acordo com a faixa etária da cada aluno.
 Esta atividade vai proporcionar a experimentação com ferramentas como Movie Maker ou outros aplicativos, podendo estas serem editadas e modificadas com o uso de Power Point, Photoshop online, Fotor, Gimp, dentre outros. Dessa maneira a pesquisa no campo das Artes Visuais torna-se mais instigante, pois podemos inserir outros recursos como:  textos, colagens, música, efeitos de transição e outros.
Com tais manipulação torna-se possível ampliar as habilidades e o conhecimento dos alunos de forma lúdica e prazerosa podendo posteriormente ser feito um descarregamento em uma rede social como o You Tube.  Acredito que o vídeo é uma ideia bastante instigadora por envolver várias ferramentas de inter relação em que o aluno vai se inserindo no projeto e aprendendo sem perceber que está em uma pesquisa, pois ao explorá-las, a criatividade e a curiosidade funcionam como mola propulsora da motivação.
Para Bertolette (2010, p. 5),

Qualquer programa de ensino deverá, desta forma, ser elaborada a partir de três ações: fazer (expressar-se e comunicar-se através de linguagens artísticas – visual, sonora, cênica, corporal), contextualizar (buscar subsídios, através de pesquisa, para a apreensão das manifestações culturais) e ler imagens (decodificar e apreender significados).


Diante dessa inserção tecnológica no cotidiano da sociedade é preciso que a escola avance nas práticas pedagógicas no processo de ensino/aprendizagem, pois durante os estágios percebi que quase nada mudou do meu tempo de estudo há quase 50 aos atrás. Os alunos do século XXI buscam uma revolução em sala de aula e a sociedade precisa repensar e construir novas práticas educacionais. Talvez a partir de agora, depois dessa pandemia do Covid-19, isolamento social pode ser que as práticas educacionais sejam remodeladas por parte da sociedade.
Acredito que não podemos esquecer que a inter relação da “linguagem tecno-artística-poética, entendida como plurisignificação, e sob esse viés ela pode ser lida e apreciada usufruindo de itens como som e visualidade das palavras representadas de outras formas poéticas” (BUZELLO 2011, p. 21).
Dessa maneira a educação escolar contemporânea carece dessa “fusão conceitual de meios distintos entre si que, conjugados no nível do seu significado, formam um terceiro meio, este, diferente dos anteriores, e por isso mesmo, apto a uma nova classificação e denominação” (LONGHI 2002, p. 3), para correlacionar às com as múltiplas possibilidades no processo do ensino/aprendizagem.

 







ABAYOMI - ENCONTRO PRECIOSO
Capa da literatura de Cordel de Ivonete Morais-Arte de Lia Batista 02/2020
 
 XILOGRAVURA E FOTOGRAFIA 
Capa da literatura de Cordel de Ivonete Morais Cordelista-Arte de Lia Batista 02/2020


FOTOGRAFIA DE PINTURA EM TELA
COM INTERVENÇÃO DO EDITOR DE FOTOS 


ARTE COLAGENS, FOTOGRAFIA
E TEXTO


ARTE COLAGENS, FOTOGRAFIA
E TEXTO

 ARTE INTEGRATIVA ABAYOMI- ARTE COLAGENS, FOTOGRAFIA



ARTE INTEGRATIVA, ARTE COLAGENS, FOTOGRAFIA


Imagens: Lia Batista. 25/05/2020.


AUTORRETRATO E EDITOR PHOTOSHOP. 

OBS: Esse artigo é parte das atividades da disciplina optativa de Poéticas Digitais do curso de Licenciatura em Artes Visuais do Polo UAB/uece-Maracanaú-CE - 7° semestre. 

Acesse gratuitamente e faça da sua criatividade fluir produzindo belas intervenções fotográficas.

PHOTOSHOP ONLINE EM PORTUGUÊS.

Disponível em: <http://www.photoshoponline.net.br/> Acesso em: 12/014/2020.

FOTOR

Disponível em: <https://www.fotor.com/pt/>

BIBLIOGRAFIA

BERTOLETTI, Andréa.  Tecnologias digitais e o ensino da arte: algumas reflexões
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). In. V Ciclo de Investigações do PPGAV-UDESC. Santa Catrina, 3,4 e 5 nov. 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Secretários de Educação – CONSED. União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME, Dez 2018.

BUZELLO, Adriano Gabriel. Poesia Digital: Trajetória, poética e visualidade. 2011. 85 f. Monografia (Graduação em Artes Visuais) Curso de Artes Visuis, Universidade do Extremo Sul - Catarinense, UNESC - Criciúma, Jul, 2011.

LONGHI, Raquel RitterIntermedia, ou para Entender as Poéticas DigitaisPontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) In. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Salvador/BA – 1 a 5 Set 2002.
                                                

sexta-feira, 15 de maio de 2020

MULHER, RESISTÊNCIA E DOR NO ISOLAMENTO SOCIAL-ENSAIO DIGITAL



Mulher, resistência e dor: violência doméstica no âmbito do isolamento social.














Todas as imagens e arte são de autoria de Lia Batista, 10/05/2020.

CORONAVÍRUS


Esse vírus nada mais é do que o agente causador da pandemia que transita por todo o mundo. Segundo o site Dasa (2020), “pertence a família de vírus (CoV)” e pode causar doenças respiratórias desde as mais leves podendo evoluir para as mais graves como é o caso da “Síndrome Aguda Respiratória Severa (SARS)” (DASA, 2020).

O vírus é mais letal em pessoas com mais de 60 anos e com histórico de outras doenças, como: diabetes, hipertensão, asma, gestantes, etc. Contudo isso, não significa que os mais jovens estejam isentos do contágio e da suas complicações que podem levar à morte.

Por ser um caso desconhecido da ciência por ter surgido há pouco tempo em que as primeiras vítimas ocorreram na cidade de Wuhan na China (DA REDAÇÃO, 2020), é preciso estar atento para a higiene pessoal e coletiva a fim de evitar o contágio e disseminação. Prevenir ainda é o melhor remédio, sobretudo lavar as mãos com água e sabão, e na ausência destes elementos usar álcool em gel (plano B), não compartilhar objetos pessoais, usar máscaras de proteção e aderir ao isolamento social.

A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER DURANTE A PANDEMIA.

Ao me voltar para esse contexto analiso o cotidiano das sociedades, em especificamente a mulher, brasileira, mãe, dona de casa, periférica e sem estrutura socioeconômica frente aos desafios diversos frente a esse isolamento social. Sem renda, sem espaço físico, sem casa, ou em casa e sem amparo governamental para suprir os básico mínimo necessário para uma vida sustentável.

Um agravante a amedronta: a violência doméstica por parte de alguns companheiros ou familiares a qual tem levado muitas a óbito. Para Bianquini (2020), essa de violência doméstica se torna mais “difícil, por conta da restrição de serviços e de movimentação na quarentena, pela possível diminuição de renda, e pela própria convivência diária e ininterrupta com o agressor”. Como artista me debruço sobre essa causa para me indignar e me solidarizar por meio da arte. Assim surge o: Tema: Mulher, resistência e dor: violência doméstica no âmbito do isolamento social. Daí descrevo um pouco de como foi o meu processo criativo com as poéticas digitais.

PROCESSO CRIATIVO

Nesse isolamento social os artista de todo os lugares se mobilizam em suas inquietações quanto ao Coronavírus e suas perspectivas. As novas formas de comunicar por intermédio das redes sociais tem instigado o mundo dos humanos a se reinventar. Eu enquanto artista, também tenho refletido sobre as questões sociais, econômicas e culturais e seus desdobramentos nesse novo contexto de vivência com as inquietudes duvidosas de um novo cenário mundial.

O meu processo criativo se deu a partir do contexto atual de isolamento social atribuído à pandemia. Com esse sentimento tento abordar a crescente violência doméstica contra a mulher, suas angústias frente as adversidades, sociopolíticas, econômicas, além da possibilidade de contrair a Covid 19, ou ter algum parente infectado com risco de morte. Desse modo. Diante disso acho conveniente promover um debate sobre, o resistir das múltiplas atividades domésticas, agressões físicas, psicológicas por parte de muitos companheiros durante esse “fique em casa”.

Como isso me inspirei nos fatos recorrentes e em casa improvisei o meu cenário para compor esse ensaio. Vesti-me de um personagem para me expor dialeticamente em um propósito poético de dor, angustia e aprisionamento que muitas mulheres vêm sendo vítimas. Acredito que muitas gostariam de que fosse apenas uma representação artística surreal, um pesadelo talvez... Como diante dessa dor também não posso calar, aí vai o meu protesto com esse ensaio com as poéticas digitais e de como aconteceu o meu processo criativo.

 Passei vários dias sentindo necessidade de abordar esse tema. Percebi que em quase toda casa tem um quarto com uma janela, uma grade. Daí, por traz de uma janela com grade fiz várias selfs com o Smartfone para ilustrar essa angústia. Para Longi (2002, p.2), “a palavra queria ir além do papel, fundir-se com a imagem, o som, e criar movimento”, para gerar significado a fim de servir de suporte nesse processo de criação com os meios digitais, onde a imagem tem mais força as palavras, por isso mesmo não os deixa calar, e não podemos calar diante da violência, seja ela qual for, especialmente a violência doméstica contra a mulher, essa peça chave da reprodução humana, protagonista e célula mater da família.

Além da minhas selfs esse ensaio apresenta imagens de duas outras mulheres que também representam a coragem de se expor para comunicar a sua insatisfação com o tema abordado nesse questionamento. 
                
                 EDIÇÃO

Para a edição utilizei o editor de foto Be Funky,  que baixei gratuitamente para recortar no celular muito fácil de manipular, desfocar, substituir cor e inserir vários elementos. Achei bem intuitivo mesmo nessa versão free e os recursos bem sugestivos.
Outros aplicativos de edição de fotos utilizados: Fotor e OIE, e Photoshop online.



BIBLIOGRAFIA

BIANQUINI, Heloisa. Combate à violência doméstica em tempos de pandemia: o papel do Direito. Consultor Jurídico. Abril, 2020. Seção Colunista. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-abr-24/direito-pos-graduacao-combate-violencia-domestica-tempos-pandemia>

Acesso em: 15/05/2020.

CORONAVIRUS o que é, sintomas e como se prevenir da Covid 19. DASA. 2020.
Disponível em: <https://dasa.com.br/coronavirus> Acesso em: 15/05/2020.


DA REDAÇÃO. Wuhan, onde surgiu o novo coronavírus, é exemplo de ‘esperança’, diz OMS. VEJA, São Paulo, mar 2020. Seção Mundo.


EDITOR de foto online. OIE. 2020
Disponível em: < https://www.online-image-editor.com/?language=portuguese> Acesso em: 15/052020.

EDIÇÃO de fotos e Design gráfico feitos para todos. BEFUNKY. 2020.
Disponível em: <https://www.befunky.com/pt/> Acesso em: 15/05/2020.


LONGHI, Raquel Ritter. Intermedia, ou para Entender as Poéticas Digitais. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) In. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Salvador/BA – 1 a 5 Set 2002.

PHOTOSHOP Online - Grátis em Português. 2020.

Disponível em:

<

http://www.photoshoponline.net.br/> Acesso em: 15/05/2020.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

ANTONIO BANDEIRA


ECLIPSE
Imagem 1:
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63922/eclipse> Acesso em: 21/03/2019
                Antônio Bandeira nascido em Fortaleza-CE nasceu em 1922 foi considerado um dos maiores artistas reconhecido internacionalmente. Ainda na infância sua vocação era visível passando a se destacar como desenhista, gravador e pintor e autodidata  nas artes plásticas. Em Fortaleza sua desenvoltura também o fez criar juntamente com Mário  Baratta  (1941) e outros artistas, o Centro Cultural de Belas Artes que após três anos viria a ser a SCAP-Sociedade Cearense de Artes Plásticas. Transferindo-se em 1945 para o Rio de Janeiro para vislumbrar outros caminhos iniciando-se nas exposições individuais,  indo estudar em Paris. E nessa trajetória que o artista vislumbrou mundo a fora conquistando vários prêmios deixando seu legado.(FELDMAN, 2018)
 Um artista de muitas cores, traços, pinceladas fortes, respingos e espatuladas; Antônio Bandeira é um caso poético com a pintura brasileira e a liberdade abstracionista. Sem preocupação com o academismo mergulha em sua proposta pictórica expressando a grandiosidade dos sentimentos obscuros do olhar convencional da sociedade para ser um mestre “autodidata” à frente do seu tempo (FELDMAN, 2018).
Segundo Lisboa (2019), na infância sua inspiração se dava pela liberdade de brincar entre as árvores e a vivencia na fundição de seu pai, visto que a mistura de cores obtidas pelo artista devia-se à do derretimento obtidos entre ferro e bronze.
 Apesar de ter tido aulas de desenho nessa fase a cópia seria o princípio a despertar-lhe o talento para outras técnicas posteriormente na vida adulta. Reconhecido internacionalmente com várias exposições, o cearense foi merecedor de vários prêmios que marcaram sua carreira.
Suas obras expressionistas abstratas transcendem aos emaranhados de tintas para que o apreciador vislumbre um mundo de expectativas e mistérios com movimentos ora gestuais, ora cadenciados que refletem um universo cósmico em constante transformação, fruto das vivências contidas na infância e que afluíram poeticamente do seu interior cheio de magia, natureza e multiculturalismo às vezes implícitos.
Com técnicas e experimentações variadas com guaches, aquarelas, óleo e outros, Bandeira conseguiu mostrar sua arte mundo a fora com inovações que nos inspira até hoje. Muitas obras continuam provocando reflexões em torno desse artista detentor de várias linguagens e códigos carregados de figurativismo e abstrações dentro do seu lirismo poético singular.

Uma de suas muitas obras, Eclipse é construída dentro da abstração informal gestual que representa o universo em constante movimento. Certamente o artista se debruçou intuitivamente em etapas para essa produção, pois a pintura em óleo tem uma secagem lenta; assim, para obter os efeitos nítidos das cores sobrepostas ele precisava esperar a secagem das camadas anteriores. Ao fundo, entretanto, os tons em azuis, branco, com alguns esfumaços de verde, rosa, vermelho e preto sugerem a expansão com seus mistérios infinitamente belos.  O elemento central em vermelho e amarelo irradia uma energia impetuosa cercada de significâncias que dentro de sua orbita pulsante se funde aos astros para inquietar o olhar do espectador como se fosse saltar da tela.
Os respingos foram feitos com a tela na horizontal tendo em vista que a tinta não escorre enquanto os traçados descontínuos em vários sentidos dialogam entre si e evidenciam a identidade e um equilíbrio qualitativo de um artista com experiência e vivencia poética aprimorada.



A GRANDE CIDADE ILUMINADA
Imagem 2:

Os códigos visuais desta obra se apresentam variados e em sua maioria estão disposto  uniformemente ao longo de toda a superfície do plano. Ao observá-la podemos inferir que se trata de uma obra abstrata, porém “não se limita apenas o que ela mostra ou simboliza, pois muitas vezes ela se completa com aquilo que nela vemos” (COSTELLA, 1997, p. 51).
Nesse sentido, o artista não estava preocupado em passar essa manifestação simbólica, pois a meu ver ele pretende explicitar seu sentimento de liberdade se movendo entre as cores primárias e traçados como se estivesse tramitando dentro de uma intimidade sensível e ao mesmo tempo expressional, logo ele não tem preocupação com a leitura do expectador, pois emerge intuitivamente em uma cidade imaginária vista aérea.
De acordo com Itaú Cultural (2019), “A Grande Cidade Iluminada” é uma obra em óleo sobre tela; em minha opinião tem a possibilidade de ter sido pintada na horizontal sobre uma superfície plana, pois os respingos nos permitem fazer essa inferência, pois não há escorrimento de tinta. Pelo que vejo, as cores primárias se misturam levemente na formação da base, provavelmente feita com o uso de pinceis para a primeira etapa e após a secagem o uso camadas espatuladas ou pincel chato e largo entre azul e vermelho que preenchem quase que toda a superfície; a finalização acontece com as sobreposições das cores intercaladas entre amarelo e preto na forma de respingos com aparentes linhas gestuais descontínuas em vários sentidos, portanto de difícil reprodução.
  Para o apreciador, as cores e formas induzem a deslocamento da visão em todos os sentidos sem causar incômodo, assim ele pode fazer várias leituras em busca de alguma resposta e a qualquer tempo. No meu entender o artista se conduziu intuitivamente não se preocupando com o resultado final. Provavelmente ele tenha se inspirado em alguma metrópole vista na parte superior ele tenha colocado o título depois de toda a conclusão. 


GUACHE COM AS MÃOS


               Guache sobre papel cartão é mais uma experimentação ousada de Antônio Bandeira, apesar transparecer uma abstração, o artista segue ao esboço prévio idealizando perspectivas tradicionais embora as cores definam um leve figurativo de uma paisagem com montanhas, caminhos, profundidade e luz.
De acordo com Carolpaolars (2013), “artistas deixam a perspectiva tradicional e criam formas no ato da pintura” dessa maneira exprimem os sentimentos utilizando “manchas e grafismo”. Nesse caso, Bandeira substitui os pincéis ou espátulas pelo uso das mãos para construir essas manchas e o guache com água em abundancia sobre papel cartão para essa produção aparentemente nostálgica.
                             
Se a liberdade de Bandeira se debruça a várias poéticas, analisar e contextualizar suas obras será sempre um desafio. Dessa forma, o artista nos instiga continuamente as refletir sobre as relações com o mundo dos sentimentos mais significativos e obscuros dos viventes.

OBS: Este artigo é parte de atividades da Disciplina de Arte e Cultura Brasileira do curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE.

CITAÇÃO: BATISTA, Lia. Antônio Bandeira. Abr 2019. Disponível em: <https://ecoarteliabatista.blogspot.com/b/post-preview?token=APq4FmAKhdPo14UTb-U-7kgbxRDEkUWTSrDpHzcY2x1bLSF10fsaBjXsOLL_aaNrM10LNzo5n2BHy3zQL-DNI3b3dC54gIBqO59nyk8GJyZVmY8nizqfD8979YDnpsyqZogH0yueGTRU&postId=3146722701056901911&type=POST

BIBLIOGRAFIA


A Grande Cidade Iluminada. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra4585/a-grande-cidade-iluminada>. Acesso em: 22 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7.
CAROLPAOLARS. Abstracionismo Formal e Informal. Yeixst Blog.
COSTELLA, F. Antônio. Para Apreciar a Arte. Roteiro Didático. Ed. 3. São Paulo. Editora SENAC.1997.

ECLIPSE . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63922/eclipse>. Acesso em: 21 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7

FELDMAN, Carlos. Biografia. Instituto Antônio Bandeira. Disponível em: <http://www.institutoantoniobandeira.com.br/biografia> Acesso em: 20/03//2019

LISBOA, James. Antônio Bandeira.  Escritoriodearte.com > Artistas >
Disponível em: <https://www.escritoriodearte.com/artista/antonio-bandeira Acesso em: 221/03//2019.

MESTRE VITALINO-DO BARRO À FAMA


 Vídeo: 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NcNh5FN16uI> Acesso em: 16/03/2019
                   

             A multiculturalidade é uma característica que está presente na formação de  qualquer sociedade; processo este  resultante da migração de outras etnias por meio de uma “trama de diversidade” (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS, 2015 p. 134), que  reflete diretamente na aquisição dos  valores e costumes  constituídos ao longo do tempo.
                    No Brasil, por exemplo, essa trama multicultural se correlaciona diretamente a presença de índios, migrantes europeus e africanos por ocasião da colonização portuguesa a partir do século XVI. As culturas europeias e africanas mudaram significativamente os hábitos dos nativos formando uma nova cultura que reflete no cotidianamente nossa sociedade.
              Com toda essa contribuição a arte brasileira teve seu desenrolar baseado em diversas correntes artísticas chegando a construir sua própria identidade com a semana de arte moderna de 1922.
Desde então o multiculturalismo tem uma perspectiva estética que tenta associar a expressividade artística e cultural como herança primordial de índios, africanos e europeus.     Segundo Bylaardt et all. 2019, a cultura do “trabalho em barro” no Brasil é originária dos “índios aborígenes” antes da colonização portuguesa, cabendo aos colonizadores a estruturação e concentração de mão-de-obra.
               Neste sentido, muitos artistas desprezaram a originalidade harmônica dos estilos clássicos para desvencilhar outras poéticas artísticas com tendência regionalista. O Mestre Vitalino, por exemplo, percorre dentro do multiculturalismo brasileiro por abordar a o cotidiano do sertanejo com a arte do barro. 
               Segundo Frazão (2016), desde a infância Mestre Vitalino se aventurou no manuseio do barro como um objeto lúdico; segundo ela “mais tarde tornaria ser sua arte, e o tornaria famoso”. Natural de Caruaru-PE, o artesão expressa mundo a fora a riqueza cultural brasileira especialmente do Nordeste com suas agruras, seus contrastes sociais e históricos.
                 E nesse contexto, não se esquivava ao arrancar da maleabilidade da terra fria suas tessituras estéticas.  Amassar com veemência o seu material escultórico o levou a produzir muitas obras e expô-las na Feira de Caruaru, consagrando-se como Artista Popular em várias exposições posteriormente. O que transparecia insignificante foi revelador para um filho de lavrador e uma artesã. A produção de pequenos bonecos e animais era feita com sobras de barro das panelas utilitárias feitas por sua mãe, porém, logo se transformaram em sucesso de vendas na feira. (FRAZÃO, 2016).
                  A musicalidade com o uso pífano o fazia encantador e mestre, porém o maior destaque viria ser a arte expressionista e figurativa com o barro. “A Casa de farinha” retrata o cotidiano regionalista com a mandioca como herança indígena.  Vale salientar que, intuitivamente a plasticidade dos movimentos e a precisão nos cortes expressam a consistência na habilidade com o material dialogando com suas origens.  Para desbastar suas obras o artista usava as mãos, penas, pedaços de madeira e materiais simples da sua região.

                   A técnica utilizada nesta escultura é a cerâmica policromada, isto é, tem várias tonalidade em uma mesma peça e geralmente com cores modernas. O artista comunga com elementos            multiculturais quando dialoga com o cotidiano rural nordestino, figuras populares, vaqueiro, bois, família de retirantes, festas, cangaço, religião, etc.


                       CASA DE FARINHA


Imagem:
Disponível em:
Acesso em: 13/03/2019
Técnica: Cerâmica Polocromada Tam. 30cmx23.50-Acervo Museu do Homem do Nordeste

                               RETIRANTES


Escultura em barro cozido-Tam. 17.5cmx30cm.
Imagem: Disponível em: <https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=303872> Acesso em: 13/03/2019.

                             Esta escultura reflete a angústia das miseráveis famílias nordestinas em busca de sobrevivência rumo à região Sudeste. Semelhantemente a obra de Cândido Portinari e aos escritores como, Raquel de Queiróz, Graciliano Ramos, dentre outros.
                                     CEIA

Imagem:
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63529/ceia>. Acesso em: 13 de Mar. 2019.
Técnica: Cerâmica policromada-Tamanho 14cmx24cm-

              Já a Ceia é uma escultura policromada a meu ver retrata um dia de festa, fartura, mesa arrumada, um jantar de casamento nordestino com a presença do padre, convidados especiais. E é nessa perspectiva que as influências da cultura brasileira vêm se conduzindo admiravelmente como resultante dos movimentos migratórias de outras raças formando essa “trama de diversidade” (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS, 2015 p. 134), que  enriquece nosso gente, embora ainda pouco reconhecedor dessa propriedade.

Este texto é parte de atividades da disciplina Arte e Cultura Brasileira oferecida no Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE. 

Referenciar

BARBOSA, Batista Eliane. Mestre Vitalino-arte do barro. 2019.
Disponível em: <https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8886927960691800423#editor/target=post;postID=2514941095223676579>


BIBLIOGRAFIA
BYLAARDT, M. P. et al. Tecnologia. ARTESANATO, Projeto Experimental. 2019. Disponível em: https://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/origem.html Acesso em: 1603/2019

CASA de Farinha. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63534/casa-de-farinha>. Acesso em: 14 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7


CEIA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63529/ceia>. Acesso em: 13 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7.

 

FRAZÃO, Dilva. Mestre Vitalino. Artista popular brasileiro. Rio de Janeiro. 2019.

Disponível em: < https://www.ebiografia.com/mestre_vitalino/> Acesso em: 13/03/2019.

RETIRANTES. Franklin Levy. Leiloeiro Oficial. V6.1. Rio de Janeiro.2019.
Disponível em: <https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=303872> Acesso em: 13/03/2019.
VÌDEO:
VITALINO, ESCOLA SÃO DOMINGOS, 2013, 52.02min, som.,color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NcNh5FN16uI> Acesso em: 16/03/2019.s