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sábado, 4 de maio de 2019

ENSINO/APRENDIZAGEM X PROFESSOR/ALUNO

                                                    OFICINA DE MANDALA EM CRATEÚS

            

                                     
                            





Imagens: Iolanda Santos e Adriane (2019).

O processo de ensino/aprendizagem tem em suas nuances incógnitas que exige do ser humano mais do que uma simples análise contextual. Desde a antiguidade os questionamentos sobre essa complexidade do ensinar e aprender compreende a “práxis reflexiva ou como experiência dotada de sentido, não é somente uma questão terminológica” (BONDÍA 2002, p. 21).
O papel do professor perpassa os conteúdos, dessa maneira este tem a capacidade de apropriação do conhecimento para fazer do aluno um pesquisador autônomo pautado nas suas vivências e culturalidade na constante busca emancipatória dentro das capacidades de um ser intelectual e criativo na aquisição de novos saberes.
 Desmistificar ou desconstruir essas incógnitas é perceber que a produção do conhecimento é um recurso nato do ser humano desde a infância, onde os pais aprendem com os suas crias e vice e versa; e ambas apendem com o mundo ao seu redor. 
A reciprocidade no dia a dia aponta o caminho de um conhecimento empírico em que as experimentações colaboram para um saber deslumbrante sem cobrança de resultados esperado sob a visão dos métodos convencionais impostos, isto é uma imersão dentro do eu de cada um em busca de repostas para seus questionamentos.
  Dessa forma que aconteceu no dia 27/04/2019 a oficina de mandala em Crateús, onde os alunos que vinham de localidades diferentes puderam trocar ideias em uma imersão holística na para vislumbrar um "Encontro Precioso" com o seu próprio centro, sobretudo na busca por uma consciência evolutiva em sua totalidade com o universo cósmico, sem a preocupação de comparar os métodos pedagógicos.
Segundo Ranciére (2002, p. 25) comparar uma inteligência a outra é embrutecer a consciência do sujeito, isto frequentemente ocorre com relação aos nossos métodos pedagógicos entre professor/aluno, aluno/aluno, pessoa/pessoa em nossa sociedade.
Esquecemos que primeiro aprendemos a balbuciar, falar, andar, sorrir... Depois teorizamos sobre esses processos e aos poucos vamos percorremos novos caminhos de acordo com nossa necessidade, curiosidade e criatividade. Esse aprendizado nos traz um saber relevante sem necessariamente entender a “lógica do sistema explicador” (RANCIÈRE 2002, p. 20).
Todavia vale ressaltar que pessoas autodidatas estão sempre vivenciando experimentação seja por necessidade, curiosidade ou acaso; logo a espontaneidade os instiga a construir seus próprios conhecimentos. Nessa magia das experimentações práticas do “fazer fazendo”, o empirismo e a vontade de “aprender qualquer coisa e a isso relacionar todo o resto, segundo o princípio de que todos os homens têm igual inteligência” (RANCIÈRE, p. 30) assim os autodidatas se reconhecem não como gênios, mas pela busca de seus resultados às vezes peculiares no encontro consigo mesmo.
Ao contrário do acontece, na relação entre professor e aluno a escola é regida por padrões metodológicos destinados a cumprirem aos trâmites burocráticos das políticas educacionais, aos quais relegam as abordagens mais dinâmicas, críticas, reflexivas, criativas, inovadoras e emancipatórias.
O que mais me importuna são os critérios comparativos que esse sistema de ensino/aprendizagem utiliza para mensurar a capacidade cognitiva, emocional e intelectual dos alunos aos quais se sentem discriminados e rotulados como aprendizes de “menor potencial de aprendizagem” de acordo com os parâmetros politico pedagógicos existentes. Esse modo de abordagem transpõe o aluno a invisibilidade dentro do próprio ambiente escolar, relegando outras habilidades individuais. 
 O engessamento do sistema e a sobrecarga das atividades curriculares dos professores, geralmente seguem a tendência pedagógica tradicional que considera o professor como o detentor do saber, sem dar voz e vez ao aprendiz.  Insistir nesse tradicionalismo recorre em prefixar caminhos pré-existentes tornando os alunos inertes e pouco questionadores. Assim, instigar o aluno a se engajar em suas próprias descobertas potencializa o aperfeiçoamento do indivíduo.
 Nesse sentido as oficinas de mandalas tende a fazer com que os aluno se engaje nessas descobertas não importando com a faixa etária, a classe social ou econômica. A proposta é fazer do aluno um pesquisador autônomo e conhecedor de si mesmo e de tudo que está em sua volta.
Atualmente, as mídias digitais vêm desmistificando a busca por novos saberes as quais nos dão maior autonomia para muitas resoluções do cotidiano, dessa maneira o conhecimento se dar por intermédio de uma nova relação de ensino aprendizagem, onde o “mestre explicador” (RANCIÈRE 2002, p.24) deixa o pesquisador mais emancipado.
De acordo com (Passos e Barros 2015, p.17), “a diretriz cartográfica se faz por pistas que orientam o percurso da pesquisa sempre considerando os efeitos do processo do pesquisar sobre o objeto da pesquisa, o pesquisador e seus resultados”.  Nesse sentido a virtualidade do Ensino à Distância, por exemplo, vem ganhando mais espaço e abrindo novas diretrizes na relação entre ensinar/aprender e professor/aluno.
Lidar com esse novo recurso na instrução do “sujeito moderno” talvez aumente mais o debate sobre a abordagem da práxis dentro da complexidade do que vem a ser o processo de ensino/aprendizagem, em um paradoxo de experimentações que colaboram para um saber em descompasso da escola convencional.
“Ensinantes e aprendizes” são estimulados por manusearem e manipularem essas mídias e nesse sentido podemos verificar o domínio dessas ferramentas para a funcionalidade das coisas mais simples às mais complexas; Nessa dialética em vias de mão dupla, os mais jovens são instantaneamente instigados às novas experiências; assim professores e alunos interagem dentro da interdisciplinaridade, pluridisciplinaridade e multidisciplinaridade objetivando a conveniência de que a “práxis transformadora” seja coadjuvante na concretude do “contexto social” do individuo (ROCHA 2010, p. 87).
Portanto, essa relação emancipatória da díade aprender e ensinar converge em um compasso para reconhecer que a autonomia entre mestre e aluno pode sim, se sobrepor a inteligência e a particularidade da busca de conhecimento; seja por curiosidade, experimentação ou construindo algo dentro do que se achar conveniente, até porque no mundo da informação volátil deixa transparecer a efemeridade do que se pretende aprender e ensinar.

AGRADECIMENTOS: Para que essa oficina fosse realizada com sucesso contamos presença dos alunos de várias localidades da região, a articulação da Assistente Social Iolanda Santos, organização de Ana Cristina do Vale Gomes, o apoio  do Armarinho Literário em Crateús e da Escola de Ensino Médio Lions Club de Crateús-CE na pessoa de Adriane.


Apoio:
ARMARINHO LITERÁRIO: 
Grande variedades em livros  e opões de presentes
Rua Barão do Rio Branco, 1081-Centro--Crateús-CE.
Contato ( 88) 3691 3193/ (88)3691 0751.

Escola de Ensino Médio Lions Club.


Parte deste artigo compreende das atividades da Disciplina de Estágio Supervisionado I do Curso de Licenciatura em Artes Visuais UAB/UECE.


Referência:

BONDÌA. Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. No combate entre você e o mundo. 2001. 28 f. (Departmento de linguística). Universidade de Barcelona, Espanha Tradução de João Wanderley Geraldi. Universidade Estadual de Campinas, 2002.
PASSOS, Eduardo e BARROS, Regina Benevides de. Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade / orgs. Eduardo Passos, Virgínia Kastrup e Liliana da Escóssia. – Porto Alegre: Sulina, 2015. 207 p.
RANCIÈRE, Jacques R185m C) Mestre Ignorante - Cinco lições sobre a emancipação intelectual/Jacques Rancière; tradução de Lilian do Valle Belo Horizonte : Autêntica, 2002.
ROCHA, Antônia Rozimar Machado e. História da Educação. 2. ed. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE). 2010.