Idade não é pretexto para a pessoa idosa se inativa. Chegar aos 95 anos
de parece um tanto distante quando estamos na flor da idade. O Brasil está
envelhecendo. Em um futuro bem próximo teremos um aumento expressivo de pessoas
idosas; isto fruto da busca pela qualidade de vida e a decrescente taxa de
natalidade. Há de se questionar o quanto precisamos fazer valer os direitos
garantidos pelo Estatuto do Idoso, que além de ser moderno não é cumprido em sua totalidade.
De acordo com Thaty
(2017), o após os 60 anos manter a autonomia e independência está ligada diretamente
a qualidade de vida e é dessa forma que o idoso permanece ativo desde que esteja
inserido em práticas cotidianas que evitem o isolamento, a tristeza e por conseguinte
a depressão. As atividades físicas, artísticas, a interatividade e companhias agradáveis
são essenciais, sobretudo o carinho e o afeto familiar.
É doloroso saber
que muitos idosos são abandonados em asilos mesmo tendo familiares na mesma
região. Eu mesma já visitei algumas entidades de acolhimento de idoso em que os
colaboradores acolhem muitos perambulando pelas ruas, famintos, descalços e
maltrapilhos. Que respeito podemos
ter por aqueles que contribuíram com essa sociedade e que quando chegam em uma
certa idade são usurpado de seus direitos? Será que a idade não vai chegar para
nós que almejamos ter uma velhice?
A educação é a
resposta para esas perguntas. Não necessariamente precisar ser uma família de
classe alta, tendo em vista que muitos idosos vivem nas periferias das grandes
metrópoles em suas calçadas e praças a jogarem conversa fora; atividades os levam a fazer crochê, jogar baralhos e fazer caminhadas. Às
vezes as pessoas perguntam se eu faço arte porque já estou pensando na velhice
e eu respondo que ela está a caminho.
Cada dia percebo
que essas atividades podem prolongar os anos e aliviar alguns transtornos recorrentes da
longevidade. Um exemplo é o trabalho que acompanho com algumas idosas e vejo
como estas anestesiam um pouco as dores.
A arte trabalha a
sensibilidade e dignifica o ser humano. As práticas artísticas quando bem
orientadas alivia a tristeza, melhora a autoestima e as empoderam.
A Vó Luiza (95 anos) pode ser um exemplo de vida
para todos nós. Apesar de doenças degenerativas como pressão alta, diabetes e
artrose se mantém ativa com exercício físicos ao acordar, com a produção das bonecas de pano, fuxico, a pintura e a vontade de aprender sempre; tudo isso regado de muita
conversa com a vizinhança, atividades religiosas e o carinho da família.
“Por seis anos consecutivos, a Holanda foi
apontada por ter o melhor sistema de saúde entre 35 países da Europa os idosos
também vivem melhor do que os de outros países” Se nossos avós viviam 30 anos
menos que nós, desde já precisamos colocar em pauta a discussão sobre a essa tal longevidade. “Especialistas
alertam que o Brasil vai envelhecer antes de enriquecer, e isso aumenta os
desafios” (THATY, 2017). Já que enriquecer parece utópico para a população brasileira, nada melhor que mudar o foco e pensar em outras alternativas para a idoneidade. Precisamos de alternativas viáveis para ocupar e cuidar dos nossos idosos. Respeito carinho, atividades que os mantenham lúcidos.
Além de todos esses
cuidados a saúde fragilizada do idoso precisa ser alcançada com amplitude pelas
políticas públicas. “Hoje, 12,5% dos cerca de
50 milhões de usuários de planos têm 60 anos ou mais. Quase 90% sofrem de algum
tipo de doença crônica, como diabetes, artroses e câncer” (CULLUCI, 2018).
Vale salientar que a renda do
brasileiro nem sempre permite a aquisição de um plano de saúde. Dessa forma as
políticas públicas precisão ser repensada.
No SUS, os gastos com o envelhecimento poderão
atingir R$ 115 bilhões por ano em 2030, hoje estão em torno de R$ 45 bilhões
anuais. Atualmente, 70% dos idosos dependem exclusivamente do sistema público.
(CULLUCI, 2018).
É desafiador pensar nessa
estatística e vê que em muitos países o idoso é tratado com dignidade. O que vamos
fazer para mudar esse cuidado com nós mesmo no futuro?
Se o futuro já chegou pra Vó Luíza, tal vez haja uma explicação para se manter ativa. Além da chegada dos retalhos na casa dela é sempre um motivo de festa, sua serenidade nos impressiona; Pode ser essa uma
das causas que a beneficiam, pois com seus 95 anos parece não ser um
peso para ela mesma, nem pra família. Neto não “apita” na vida
dela. Além das artes e travessuras que faz, ainda consegue fazer uma “comidinha de vó”,
lanche para quem chega e a boa tapioca com café ou chá de capim santo (como
ninguém). Neste mês foi matéria da imprensa local, onde relata sua experiência com as bonecas tradicionais e os fuxicos.
Ao adquirir bonecas para a filha, olha o carinho do repórter Márcio Dornelles, para com a Vó Luiza?
Fruto da onda do bem, a arte da Vó
Luiza, como é carinhosamente chamada Luiza Costa, de 95 anos, ganha novos
lares. Apesar da idade, ainda pinta e faz bonecas de pano para a venda. Ri ao
afirmar que a visão já não é a mesma e outro dia furou o dedo costurando, mas
não para. Além da renda obtida, é um incentivo para se manter ativa. (DORNELES, 2019).
Com certeza ela tem mais um motivo para se empoderar.
Portanto, envelhecer é um processo
natural que deve ser encarado com inserção de boas práticas dentro de uma visão
ampla dos nossos direitos e deveres. Mesmo diante das limitações que ocorre com
a longevidade é preciso educar as novas gerações para que os idosos sejam bem acolhidos.
Precisamos reivindicar as politicas publicas de qualidade assim como a falta de
acessibilidade urbana, a saúde, dentre outra. Cuidar do idoso deve ser uma um
dever de todos não uma obrigação para isso é preciso inserir sua participação contínua
na sociedade, seja na cultura, na
espiritualidade, economia só assim mundo mais será mais sustentável e o idoso
mais feliz.
Na rua com as amigas idosas
Visita ao Museu do Caju 16/07/2019
Ao lado da Escultura de Lia Batista com mais de 700 fuxicos feitos por Vó Luisa.
Imagens: Francisco Paixão-16/072019
Filmagem para a TV Janfgadeiro 19/07/2019
Fazendo tapioca
Imagens: Rute Batista 19/07/2019.
Participação especial em matéria para homenaagem ao dia das vovós.
Imagens: Arquivo pessoal Lia Batista. 04/2019
Fontes:
DORNELES, Marcio. Projetos sociais fomentam lideranças políticas em bairros da Capital. Diário do Nordeste, Fortaleza, 09 abr. 2019. Política, p. 20.
Disponível em: <https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/politica/projetos-sociais-fomentam-liderancas-politicas-em-bairros-da-capital-1.2085155> Acesso em: 11/04/2019
GOLLUCI, Cláudia. Estudos sobre a terceira idade apontam que Brasil chegará à velhice mais pobre e menos saudável. Folha de São Paulo, São Paulo, 20 mai. 2018.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2018/05/1969017-estudos-sobre-a-terceira-idade-apontam-que-brasil-chegara-a-velhice-mais-pobre-e-menos-saudavel.shtml> Acesso em: 11/04/2019.
THATY, Monica. Envelhecimento: o papel do idoso ativo na sociedade e no mercado de trabalho - Bloco 3. Radio Câmera. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/528095-ENVELHECIMENTO-O-PAPEL-DO-IDOSO-ATIVO-NA-SOCIEDADE-E-NO-MERCADO-DE-TRABALHO-BLOCO-3.html> Acesso em: 11/04/2019
Imagens: Lia Batista-2019. Acervo pessoal
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