A arte faz parte da história da humanidade desde o período Paleolítico, onde os desenhos nas rochas e cavernas tentavam comunicar sobre o cotidiano das civilizações de uma forma rudimentar. Tudo isso nos faz pensar que esse tipo de comunicação embora rudimentar tem em sua essência as incógnitas sobre a nossas origens.
Mesmo antes de ser classificada como arte, os
desenhos rupestres tinham suas significâncias extraordinárias e apesar da
chamada “evolução humana” acredito que muito pouco ainda se conhece sobre os
nossos antepassados. No Brasil, por exemplo, os Sítios Arqueológicos como a
Serra da Capivara no Piauí ainda pode ter muitas obscuridades relacionadas a
origem do homem brasileiro.
Nesse sentido a Arte, embora muitos a tratem como
fruto do ócio ou privilégio de poucos, precisa ser vista como uma ferramenta
pedagógica essencial para a formação e construção do saber seja ela formal ou
informal.
Apesar de todo esse preconceito, o Ensino da Arte no
Brasil tem seu desdobramento relacionado às mudanças significativas das
tendências contemporâneas as quais percorreram uma trajetória que se iniciou
com a Missão Artística Francesa e com a transferência de D. João VI, no século
XIX (PIANOWSKI; GOLDBERG, 2015 p.10).
De acordo com as interferências socioculturais o
Ensino de Artes deve se embasar nas tendências pedagogias, porém cabe ao arte-educador escolher qual delas se aproxima da realidade
de seus educandos.
Para um bom aproveitamento da educação em Artes
Visuais no Brasil, o professor deve ser devidamente qualificado para propor atividades
curriculares condizentes ao seu posicionamento frente ao novo perfil de aluno,
podendo ser escolhido criteriosamente entre tradicional, libertador ou
transformador.
Para tanto, os métodos e técnicas, planejamento e execução
devem estar alinhados à tendências pedagógicas para que os resultados
avaliativos tenham a sua eficácia na formação humana desde a infância, pois
cabe ao educador usar criativamente dos recursos artísticos, evitando o retrocesso.
Para tanto, vale salientar que uma delas é a
tendência Progressiva Libertadora que surgiu na década de 60, com as ideias do educador
Paulo Freire. A “busca da transformação da prática social das classes
populares” tem o objetivo de conscientizar e promover o diálogo igualitário
entre educador e estudantes, sem necessariamente seguir um programa estruturado
dependendo ser adaptado de acordo com cada contexto e suas realidades.
Dessa forma a aprendizagem deve ser pautada em temas
relacionados às vivencias dos educandos para que se possa promover a reflexão,
compreensão e criticidade da arte. (PIANOWSKI; GOLDBERG, 2015 p.19).
Outra característica é a possibilidade observação da
“autogestão e não-efetividade e autonomia como forma de resistência”, onde os
estudantes podem ter a liberdade quanto as escolhas e métodos de acordo com os
interesses do grupo. Assim, essas características contribuem democraticamente
na formação do indivíduo dispensando o engessamento do conteúdo pra uma
aprendizagem mais livre e reflexiva baseada, sobretudo no cotidiano do cidadão.
Dessa forma, o aluno torna-se sujeito ativo e produtor da sua própria história.
Segundo Freire (1987, p. 29), “o diálogo critico e
libertador” deve ser feito com o oprimido independente da condição frente a sua
“luta por sua libertação”, portanto as tendências contemporâneas de liberdade
do indivíduo deve levar em consideração esse posicionamento para permitir maior
criticidade.
Portanto, o Ensino da Arte permite que essa “função
crítico-transformadora”, perpasse as ideologias para fortalecer as mudanças
sociais, culturais, sobretudo como uma ferramenta pedagógica de conscientização
política (LOSADA 2013, P.52).
A
educação em artes visuais requer trabalho continuamente informado sobre os
conteúdos e experiências relacionados aos materiais, às técnicas e às formas
visuais de diversos momentos da história, inclusive contemporâneos. Para tanto,
a escola deve colaborar para que os alunos passem por um conjunto amplo de experiências de
aprender e criar, articulando percepção, imaginação, sensibilidade,
conhecimento e produção artística pessoal e grupal. (BRASIL, 1997, p.40).
Logo, o Ensino de Artes Visuais suscita
questionamentos para a formação de um sujeito sensível, criativo e
participativo. Dessa maneira ele será capaz de buscar soluções racionais que
ultrapassem as fronteiras do cotidiano, com autonomia para entender a história das
civilizações podendo argumentar contra o preconceito, as desigualdades na
tentativa de encontrar a soluções transformadoras para a sua luta individual e
coletiva.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL.
Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: arte. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:
MEC/SEF, 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do
Oprimido: 17.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
Disponível em: <http://www.anarquista.net/wp-content/uploads/2013/07/Pedagogia_do_Oprimido-Paulo-Freire.pdf> Acesso em: 19/02/2019.
PIANOWISK, Fabiane;
GOLDBERG, Luciane. Artes Plásticas:
Metodos e técnicas do ensino de artes. 3. ed. Fortaleza - Ceará: UECE, 2015.
LOSADA, Terezinha. Tendências contemporâneas do ensino de
artes / Terezinha Losada – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013.
Disponível em: < https://canalcederj.cecierj.edu.br/012016/9f5efdacb6070bd734908a965fd76ca9.pdf>
Acesso em: 19/02/2019.