quarta-feira, 11 de abril de 2018

MUSEU DO CAJU-EXPOSIÇÃO TÁTIL

   

Pintura em tela com deficiente parcialmente cego


Deficientes visuais experimentam arte pelo toque-Tela feita com relevos de bijuterias
                                 



   
      Pensar na acessibilidade na artes visuais é de extrema importância nossa contemporaneidade. Produzi arte pensar na inclusão de pessoas com necessidades especiais deve ser um compromisso de todos nós. Calçadas com níveis adequados para cadeirantes e com relevo é interessante, pois na vida do ser humano a qualquer hora podemos nos deparar com uma situação dessas. 


          De acordo com a UNESCO (2017), 45,6 milhões de pessoas tem algum tipo de limitação, dessa forma porque não pensar na inclusão desses indivíduo, tendo em vista que mais de um bilhão dessas pessoas estão espalhadas pelos continentes? 
DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009,  Reconhece na convenção v) "a importância da acessibilidade aos meios físico, social, econômico e cultural, à saúde, à educação e à informação e comunicação, para possibilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais", (PLANALTO, 2018).

 Diante dessa prerrogativa, vale salientar a importância do debate a respeito dessa inclusão, independe da raça, cor da pele, credo religioso ou outra qualquer necessidades especial; Todos indivíduo tem o as garantias legitimadas pela constituição brasileira.

E nesse sentido o Museu do Caju do Ceará se adéqua para a nova realidade na busca igualitária e mais humanística, com a criação de telas inclusivas para deficientes visuais. No dia 06 de março o Museu do Caju inaugurou a Exposição inclusiva, "Meu Caju, cajueiro". A arte inclusiva apresentou aos DV do Instituto dos Cegos do Ceará diversas esculturas e telas sensíveis ao toque para que  os apreciadores tivessem a oportunidade reflexiva sobre a cultura do caju. 

Com muita honra fui convidada a contribuir na produção das telas inclusivas, para esse evento. De forma que na inauguração acompanhei emocionadamente a apreciação pelos mais de quarenta alunos do Instituto dos Cegos. Experimentar a arte por meio do toque foi algo imensurável; sentir a felicidade desses alunos...não tem palavra s. Muitos deles se emocionaram, pois era a primeira vez que frequentavam um museu e tocavam as obras. No decorrer da visita ainda tive a ousadia de convidar um deficiente parcialmente visual à pintar uma tela.Foi muito emocionante. Lembrei-me da minha avó. E ao elaborar as telas me inspirei nas conversas e no tato dela. 
Logo abaixo podemos ver como ficaram as obras para deficientes visuais.

                            

ZEFINHA-A DAMA DO CAJU

A dama do caju-Uma mulher guerreira que lutou contra o preconceito da cor e se tornou uma das mulheres mais influentes, dona de grandes plantações de cajus Uma mulher estilosa e com um bom gosto fora do comum, que com muito trabalho e determinação consegui vencer as barreiras importas pela sociedade preconceituosa do século XX.Esta obra toda em 3D, com enchimento, uma colagem e costura de tela sobre a própria tela como se fosse uma impressão. Detalhes de reaproveitamento de resíduos sólidos-cabelo de linha sintética, varanda de rede em crochê no babado da blusa, cesto de caju de material de filtro automotivo, olhos de botão e cílios bordados, flor de tecido, boca de feltro com enchimento de sintético, colar de verdade, brincos de medalhar escolares com aplicação de bijuterias autocolantes e por fim o fundo e a cor da pele da Zefinha é toda pintada em óleo.

VENDO O TEMPO PASSAR- Um paradoxo, como pode um cego vê o tempo passar?  Esta obra abaixo apresenta relevos nos cajus, na cerca e no personagem com linhas para serem percebidas ao toque dos dedos. Nela também usei, palitos, arame, areia,  e tinta relevo para pintar os cabelos e o contorno da blusa.


CAJUS SOLTOS-Nesta obra a tinta acrílica compões o fundo acompanhado das texturas que foram bem diferentes. Tecido, feltro, papel, papelão, carpete e a própria castanha do caju fizeram um relevo em 3D mais avolumado.


Esta obra de arte foi produzida sobre placa de MDF, (reutilizando madeira de móveis velhos). Para compor o fundo utilizei pigmentos acrílicos, tinta relevo e espátula bem como as bijuterias de diferentes tamanhos e modelos, fazendo uma espécie de mosaico para que o deficiente visual possa identificar a figura impressa.

Confesso que o desafio foi grande mais o prazer de estar presente naquele momento de inauguração foi emocionante.

                                         

Fontes:

PLANALTO<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm> Acesso em: 10/0/2018
UNESCO<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/inclusive-education/persons-with-disabilities/#c1605798> Acesso em: 10/04/2018
Imagens: Lia Batista e Gerson Gladson Linhares-2018
 Disponível em: <https://www.facebook.com/museudocaju.doceara> Acesso em: 11//04/2018

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