É um projeto de empreendedorismo socioambiental, atuante no campo das Artes Visuais, escrita criativa (prosa e verso), economia circular e práticas ESG. Objetivo: fomentar práticas de empreendedorismo socioambiental com mulheres periféricas por meio da cultura visual fortalecendo o potencial criativo com foco no meio ambiente. Atividades: Exposições de arte, oficinas de pintura, artesanato ecológico, customização, palestras sobre educação ambiental e empoderamento feminino.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

MINHA VIVÊNCIA ESCOLAR

SEMANA UNIVERSITÁRIA UECE-2017
APRESENTAÇÃO ACADÊMICA








Minha vida escolar começa aos seis anos de idade na “Carta de ABC” e na tabuada na escola comunitária Pontes Carvalho na periferia de Fortaleza. O sonho de passar de ano era ganhar cadernos novos e sair da carta de ABC. Lembro que estudei na “Cartilha do Povo”, na escola da Dona Eunice em um livro com volume único com disciplinas de Matemática, Linguagem, Ciências e Estudos Sociais apenas.

Meu material didático se resumia a um simples caderno, lápis de escrever e a uma caixinha de lápis com seis cores. Isso era tudo para uma estudante em que precisava aprender a ler, escrever e fazer as quatro operações matemáticas.

Naquela época a cultura era que as mulheres fossem preparadas apenas para casar, ter filhos e nada mais. Nessa trajetória fui migrando de escolinha em escolinha até chegar a quarta série. Entre o carrancismo dos professores, puxões de orelhas e palmatória para a punição os rebeldes, às vezes conseguia alguma professora mais humanas que nos davam uma segunda chance nas atividades as quais não tínhamos bons resultados. O drama para quem não se enquadrava no decoreba das leituras e da tabuada era vexatório, principalmente no dia de arguição. Aos 7 anos, aprendi as ler as primeiras palavras com o professor Neto.

Nessa Pedagogia, o aluno é visto como um ‘depositório’ de conteúdos. A preocupação pedagógica foca-se no produto final e o processo não é importante. O conteúdo é reprodutivista e, portanto, mantém a divisão social” (PIANOVISKI; GOLDBERG, p. 14, 2015).

 Nos anos 70 depois de passar após terminar a quarta série do primário no Instituto 15 de Novembro, com a professora Zilá consegui meia bolsa de estudos para ingressar no quinto ano ginasial no (particular) Colégio Santa Cruz em Parangaba, onde o sistema educacional não era muito diferente, além da preponderância dos professores, olhar dos diretores teria que enfrentar a distancia de casa.

Por dois anos acordava de madrugada ia e voltava a pé por falta de recursos financeiros, transporte coletivo raro, quando muito apanhava carona no ônibus escolar da Faculdade de Veterinária-UECE. Por não poder comprar material didático e livros encontrei dificuldades para acompanhar os conteúdos de matemática e português e sempre era aprovada com nota mínima.

Sem biblioteca na escola, toda a tensão estava centrada na aula expositiva do professor e para completar geralmente copiava conteúdos dos livros dos colegas para não reprovar. As disciplinas propostas no ginasial eram de Português, Matemática, Ciências, OSPB-Organização Social e Política Brasileira, Estudos Sociais, Educação Moral e Cívica, Educação Física, e Religião.

O medo da reprovação era evidente, pois não podia perder a bolsa do ano seguinte. O medo da reprovação era uma constante com a turma e mesmo assim, nunca pensei em desistir. Após o sexto ano consegui bolsa integral para estudar à noite no Colégio Francisco Nunes Cavalcante no bairro Prefeito José Walter, onde cursei o sétimo e oitavo anos. Nesse período a continuação das disciplinas anteriores acrescida de Biologia, Química e Física. Como era em período noturno os professores já eram mais flexíveis e abertos às discussões, até porque  a maioria dos alunos era adulta parte trabalhava durante o dia. Nessa época eu já dava reforço escolar na comunidade e vendia catálogo da Avon, assim não precisava mais ir a pé e transporte público já não era raro.

Após terminar o ginasial aos 19 anos ingressei na Escola Estatual Otávio Terceiro de Farias para fazer o Segundo Grau, hoje Ensino Médio, no curso de Habilidade em Administração de Empresa. Aproveitava o tempo livre para fazer alguns cursos gratuitos de datilografia e na área de escritório no Centro Social Urbano José Walter no período da tarde e já ficava para o horário da noite.

No curso de Habilidade em Administração de Empresas a tendência tecnicista se fazia necessárias. De acordo com Pianowiski e Goldiberg (2015, p. 17), essa tendência surgiu devido o “processo de industrialização e desenvolvimento econômico” brasileiro, pois havia uma demanda racional e mecânica  a qual pretendia formar a mão de obras especializadas; sendo assim, a formação de mão de obra teria que ser direcionada para a indústria, dessa maneira a formação do estudante  teria seus “objetivos, conteúdos, estratégias, técnicas e avaliação” com essa finalidade,  principalmente no dois últimos anos de curso.

O currículo escolar era compreendia pelas disciplinas de Administração de Empresas, Inglês, Contabilidade, Mecanografia, Organização de Empresarial Matemática Financeira e Geométrica, além de Física, Química, Geografia, História do Brasil, História Geral, Educação Física, Literatura, Biologia.

A pós 20 anos de trabalho, dona de casa e empreendedora de vestuário resolvi enfrentar novos desafios. Fechei a empresa e resolvi me preparar para o ENEM. Durante dois anos, meus domingos se resumiram ao Pré-ENEN no Ginásio Paulo Sarazate. Com o incentivo dos filhos o cursinho transcorreu sem a preocupação com os resultados. A Prefeitura de Fortaleza oferecia vale transporte, lanche, apostilas, além de excelentes professores, lousa digital, interprete de libras, uma sala de aula gigante com mais de três mil alunos e vídeo aulas para revisão posterior. Diferentemente de tudo o que a tinha visto em termo de aprendizagem, as disciplinas do currículo eram Linguagem e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e ciências da Natureza e Redação.

Depois de 32 anos ausente da sala de aula com os filhos já se formando consegui uma bolsa integral via Enem para a UNICHRISTUS. Em 2014 escolhi o Curso Técnico em Multimeios Didáticos ao qual tive muita afinidade. Os professores todos em idade de serem meus filhos. No começo eu até fiquei sem jeito, mas recebi apoio e o carinho da turma que me ajudou nas atividades e os professores apesar de seguir uma tendência tecnicista imposta pelo curso eram mais interativos e dinâmicos.  Assim, os mestres já não se consideravam os donos do saber já que fazíamos parte da construção do conhecimento compartilhando as ideias e vivencias.

O Curso Técnico em Multimeios Didáticos é um curso oferecido pelo Ministério da Educação via Sistema de Seleção Unificada (SISUTEC) que prepara o profissional para dar suporte ao professor diante dos novos desafios tecnológicos. Ele é habilitado com aulas praticas para colaborar com o professor na área de ferramentas interativas e digitais, criando projetos que suscite aos discentes a uma aprendizagem mais dinâmica frente às novas tecnologias, bem como as práticas artísticas manuais e digitais.

Português Instrumental, Metodologia da Pesquisa Científica, Elaboração de Projetos, Disciplina de EAD, Biblioteca, Multimeios na Educação, Tecnologias Assistivas e Inclusiva, Laboratório de Informática, Educação para o Trabalho, Práticas Pedagógicas e Tecnológicas, Material Impresso e Textuais, Práticas Trabalhistas, Informática Aplicada e Empreendedorismo são as disciplinas da grade curricular do curso.

Antes de terminar o curso de Multimeios Didáticos, tentei Geografia na UECE, mas não deu certo, fiquei em nono lugar nos classificáveis e em seguida ingressei na Licenciatura em Artes Visuais via vestibular. Confesso que esse sempre foi o curso dos meus sonhos desde o primeiro momento que voltei a estudar.

Portanto, estou muito orgulhosa em fazer parte da turma de Artes Visuais UAB/UECE-Maracanaú onde encontrei excelentes professores e tenho um ótimo relacionamento com todos. Gosto da metodologia aplicada no Sistema EAD, mas o encontro é sempre muito especial.



OBS:
Este artigo faz parte dostrabalhos academicos da disciplina de História da Educaçao do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE-Polo Maracanaú.

BIBLIOGRAFIA

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PIANOWISK, Fabiane; GOLDBERG, Luciane. Artes Plásticas: Metodos e técnicas do ensino de artes. 3. ed. Fortaleza  - Ceará: UECE, 2015.
PRONATEC, Unicristus, 2014.
Disponível em: <https://unichristus.edu.br/noticias/pronatec/> Acesso em: 01/04/2017



sábado, 4 de maio de 2019

ARMARINHO LITERÁRIO












                    Existem lugares que são cheios de encanto e que nos despertam a curiosidade de verificar de perto para ter realmente a certeza e ter as próprias conclusões. Assim aconteceu comigo e a minha amiga Iolanda Santos quando olhei a página no facebook, logo me encantei. 
                    Por intermédio da proprietária, escritora e educadora Ana Cristina do Vale Gomes tive a oportunidade se ser convidada para ministrar um Encontro Precioso em Crateús para oficinas de Abayomi e Mandalas. 
                  Por ocasião deste evento eu e a Assistente Social e amiga Iolanda Santos (que também ministrou uma Roda de Conversa na Escola Lions Club) tivemos a oportunidade de conhecer o encantador ambiente literário. 
            Referência intelectual e cultural na cidade de Crateús o Armarinho Literário apresenta um mix de livros acadêmicos, literatura infanto-juvenil,  livros de artes, bibliográficos, revistas, álbuns de figurinha, além dos livros dinâmicas voltados para a educação de autoria da própria Ana Cristina Gomes, sem falar nas belíssimas camisetas para o publico jovens, presentes exclusivos e personalizados para todas as ocasiões. 
                A escritora é membra a Academia de Letras de Crateús (SABI CRATEÚS, 2011), além de ser uma pessoa dedicada a cultura, a arte e mentora de vários projetos  inclusive  o Memorial Luiz Gonzaga onde tive a o prazer de visitar. 
         
          Tanto o Armarinho como o Memorial Luiz Gonzada proporcionam ao clientes e visitantes peculiaridades da cultura regional, espaço criativo, conchegantes projetado especialmente com requinte para receber de braços abertos a um público seleto e em busca de novidades sobre a cultura e a boa conversa. 
               
           Segundo Ana Cristina (2019), o Armarinho Literário partiu da ideia em preservar o espaço deixado por sua tia que anteriormente vendia aviamentos. Porém após o falecimento da mesma, ela resolveu investir nas literaturas já que não havia mais tanta procura  materiais de costura. 
            
           Sem medo de ser feliz ela relata que mesmo não estando mais em sala de aula se sente realizada em contribuir com educação da comunidade por meio do diálogo com os estudantes, professores e visitantes que por lá passam em busca de novidades. 

"E ainda um espaço convidativo para um bom papo entre os amantes da leitura: o Café Literário. Nada melhor para aqueles que apreciam um bom texto. Uma boa conversa. Um bom café" (CLAUDINO, 2012).

        Assim pude comprovar que cada cantinho do Armarinho Literário é muito especial e projetado para atender aos públicos de todas as idades, decorado com o carinho de uma artista que assim como as palavras dos seus livros são preparados cuidadosamente pensando no leitor.

              Portanto se você vai passar por Crateús não se esqueça de marcar presença no Armarinho Literário e conhecer a renomada escritora, e  Ana Cristina Gomes. Se esquecer desse cantinho das letras não diga que foi a Crateús.

Dinâmicas em Grupo é um dos livros maravilhoso para interagir criativamente em sala de aula ou em encontros diversos. A obra apresenta uma coletânea de 100 atividades bem divertidas de uma profissional amante da educação e das letras. 

Super recomendo!

        
Dinamicas Em Grupos (Em Portuguese do Brasil) - Ana Cristina do Vale Gomes (8575643398)


Imagens: 
Disponível em: <ttps://www.buscape.com.br/dinamicas-em-grupos-em-portuguese-do-brasil-ana-cristina-do-vale-gomes-8575643398> Acesso em: 04/05/2019


                                               


Apoio:

ARMARINHO LITERÁRIO: 
Grande variedades em livros  e opões de presentes
Rua Barão do Rio Branco, 1081-Centro--Crateús-CE.
Contato ( 88) 3691 3193/ (88)3691 0751.

Escola de Ensino Médio Lions Club.

Ação Eco Arte Lia Batista/REMES-Rede de Mulheres Empreendedoras Sustentáveis.

Bibliofgrafia

LITERÁRIO Armarinho. Disponível em:
 <https://pt-br.facebook.com/oiarmarinho/> Acesso em: 04/05/2017.

CLAUDINO, Silvana. Armarinho Literário é nova opção para compra. Diário do Nordeste. 


ENSINO/APRENDIZAGEM X PROFESSOR/ALUNO

                                                    OFICINA DE MANDALA EM CRATEÚS

            

                                     
                            





Imagens: Iolanda Santos e Adriane (2019).

O processo de ensino/aprendizagem tem em suas nuances incógnitas que exige do ser humano mais do que uma simples análise contextual. Desde a antiguidade os questionamentos sobre essa complexidade do ensinar e aprender compreende a “práxis reflexiva ou como experiência dotada de sentido, não é somente uma questão terminológica” (BONDÍA 2002, p. 21).
O papel do professor perpassa os conteúdos, dessa maneira este tem a capacidade de apropriação do conhecimento para fazer do aluno um pesquisador autônomo pautado nas suas vivências e culturalidade na constante busca emancipatória dentro das capacidades de um ser intelectual e criativo na aquisição de novos saberes.
 Desmistificar ou desconstruir essas incógnitas é perceber que a produção do conhecimento é um recurso nato do ser humano desde a infância, onde os pais aprendem com os suas crias e vice e versa; e ambas apendem com o mundo ao seu redor. 
A reciprocidade no dia a dia aponta o caminho de um conhecimento empírico em que as experimentações colaboram para um saber deslumbrante sem cobrança de resultados esperado sob a visão dos métodos convencionais impostos, isto é uma imersão dentro do eu de cada um em busca de repostas para seus questionamentos.
  Dessa forma que aconteceu no dia 27/04/2019 a oficina de mandala em Crateús, onde os alunos que vinham de localidades diferentes puderam trocar ideias em uma imersão holística na para vislumbrar um "Encontro Precioso" com o seu próprio centro, sobretudo na busca por uma consciência evolutiva em sua totalidade com o universo cósmico, sem a preocupação de comparar os métodos pedagógicos.
Segundo Ranciére (2002, p. 25) comparar uma inteligência a outra é embrutecer a consciência do sujeito, isto frequentemente ocorre com relação aos nossos métodos pedagógicos entre professor/aluno, aluno/aluno, pessoa/pessoa em nossa sociedade.
Esquecemos que primeiro aprendemos a balbuciar, falar, andar, sorrir... Depois teorizamos sobre esses processos e aos poucos vamos percorremos novos caminhos de acordo com nossa necessidade, curiosidade e criatividade. Esse aprendizado nos traz um saber relevante sem necessariamente entender a “lógica do sistema explicador” (RANCIÈRE 2002, p. 20).
Todavia vale ressaltar que pessoas autodidatas estão sempre vivenciando experimentação seja por necessidade, curiosidade ou acaso; logo a espontaneidade os instiga a construir seus próprios conhecimentos. Nessa magia das experimentações práticas do “fazer fazendo”, o empirismo e a vontade de “aprender qualquer coisa e a isso relacionar todo o resto, segundo o princípio de que todos os homens têm igual inteligência” (RANCIÈRE, p. 30) assim os autodidatas se reconhecem não como gênios, mas pela busca de seus resultados às vezes peculiares no encontro consigo mesmo.
Ao contrário do acontece, na relação entre professor e aluno a escola é regida por padrões metodológicos destinados a cumprirem aos trâmites burocráticos das políticas educacionais, aos quais relegam as abordagens mais dinâmicas, críticas, reflexivas, criativas, inovadoras e emancipatórias.
O que mais me importuna são os critérios comparativos que esse sistema de ensino/aprendizagem utiliza para mensurar a capacidade cognitiva, emocional e intelectual dos alunos aos quais se sentem discriminados e rotulados como aprendizes de “menor potencial de aprendizagem” de acordo com os parâmetros politico pedagógicos existentes. Esse modo de abordagem transpõe o aluno a invisibilidade dentro do próprio ambiente escolar, relegando outras habilidades individuais. 
 O engessamento do sistema e a sobrecarga das atividades curriculares dos professores, geralmente seguem a tendência pedagógica tradicional que considera o professor como o detentor do saber, sem dar voz e vez ao aprendiz.  Insistir nesse tradicionalismo recorre em prefixar caminhos pré-existentes tornando os alunos inertes e pouco questionadores. Assim, instigar o aluno a se engajar em suas próprias descobertas potencializa o aperfeiçoamento do indivíduo.
 Nesse sentido as oficinas de mandalas tende a fazer com que os aluno se engaje nessas descobertas não importando com a faixa etária, a classe social ou econômica. A proposta é fazer do aluno um pesquisador autônomo e conhecedor de si mesmo e de tudo que está em sua volta.
Atualmente, as mídias digitais vêm desmistificando a busca por novos saberes as quais nos dão maior autonomia para muitas resoluções do cotidiano, dessa maneira o conhecimento se dar por intermédio de uma nova relação de ensino aprendizagem, onde o “mestre explicador” (RANCIÈRE 2002, p.24) deixa o pesquisador mais emancipado.
De acordo com (Passos e Barros 2015, p.17), “a diretriz cartográfica se faz por pistas que orientam o percurso da pesquisa sempre considerando os efeitos do processo do pesquisar sobre o objeto da pesquisa, o pesquisador e seus resultados”.  Nesse sentido a virtualidade do Ensino à Distância, por exemplo, vem ganhando mais espaço e abrindo novas diretrizes na relação entre ensinar/aprender e professor/aluno.
Lidar com esse novo recurso na instrução do “sujeito moderno” talvez aumente mais o debate sobre a abordagem da práxis dentro da complexidade do que vem a ser o processo de ensino/aprendizagem, em um paradoxo de experimentações que colaboram para um saber em descompasso da escola convencional.
“Ensinantes e aprendizes” são estimulados por manusearem e manipularem essas mídias e nesse sentido podemos verificar o domínio dessas ferramentas para a funcionalidade das coisas mais simples às mais complexas; Nessa dialética em vias de mão dupla, os mais jovens são instantaneamente instigados às novas experiências; assim professores e alunos interagem dentro da interdisciplinaridade, pluridisciplinaridade e multidisciplinaridade objetivando a conveniência de que a “práxis transformadora” seja coadjuvante na concretude do “contexto social” do individuo (ROCHA 2010, p. 87).
Portanto, essa relação emancipatória da díade aprender e ensinar converge em um compasso para reconhecer que a autonomia entre mestre e aluno pode sim, se sobrepor a inteligência e a particularidade da busca de conhecimento; seja por curiosidade, experimentação ou construindo algo dentro do que se achar conveniente, até porque no mundo da informação volátil deixa transparecer a efemeridade do que se pretende aprender e ensinar.

AGRADECIMENTOS: Para que essa oficina fosse realizada com sucesso contamos presença dos alunos de várias localidades da região, a articulação da Assistente Social Iolanda Santos, organização de Ana Cristina do Vale Gomes, o apoio  do Armarinho Literário em Crateús e da Escola de Ensino Médio Lions Club de Crateús-CE na pessoa de Adriane.


Apoio:
ARMARINHO LITERÁRIO: 
Grande variedades em livros  e opões de presentes
Rua Barão do Rio Branco, 1081-Centro--Crateús-CE.
Contato ( 88) 3691 3193/ (88)3691 0751.

Escola de Ensino Médio Lions Club.


Parte deste artigo compreende das atividades da Disciplina de Estágio Supervisionado I do Curso de Licenciatura em Artes Visuais UAB/UECE.


Referência:

BONDÌA. Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. No combate entre você e o mundo. 2001. 28 f. (Departmento de linguística). Universidade de Barcelona, Espanha Tradução de João Wanderley Geraldi. Universidade Estadual de Campinas, 2002.
PASSOS, Eduardo e BARROS, Regina Benevides de. Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade / orgs. Eduardo Passos, Virgínia Kastrup e Liliana da Escóssia. – Porto Alegre: Sulina, 2015. 207 p.
RANCIÈRE, Jacques R185m C) Mestre Ignorante - Cinco lições sobre a emancipação intelectual/Jacques Rancière; tradução de Lilian do Valle Belo Horizonte : Autêntica, 2002.
ROCHA, Antônia Rozimar Machado e. História da Educação. 2. ed. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE). 2010.


segunda-feira, 15 de abril de 2019

ANTONIO BANDEIRA


ECLIPSE
Imagem 1:
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63922/eclipse> Acesso em: 21/03/2019
                Antônio Bandeira nascido em Fortaleza-CE nasceu em 1922 foi considerado um dos maiores artistas reconhecido internacionalmente. Ainda na infância sua vocação era visível passando a se destacar como desenhista, gravador e pintor e autodidata  nas artes plásticas. Em Fortaleza sua desenvoltura também o fez criar juntamente com Mário  Baratta  (1941) e outros artistas, o Centro Cultural de Belas Artes que após três anos viria a ser a SCAP-Sociedade Cearense de Artes Plásticas. Transferindo-se em 1945 para o Rio de Janeiro para vislumbrar outros caminhos iniciando-se nas exposições individuais,  indo estudar em Paris. E nessa trajetória que o artista vislumbrou mundo a fora conquistando vários prêmios deixando seu legado.(FELDMAN, 2018)
 Um artista de muitas cores, traços, pinceladas fortes, respingos e espatuladas; Antônio Bandeira é um caso poético com a pintura brasileira e a liberdade abstracionista. Sem preocupação com o academismo mergulha em sua proposta pictórica expressando a grandiosidade dos sentimentos obscuros do olhar convencional da sociedade para ser um mestre “autodidata” à frente do seu tempo (FELDMAN, 2018).
Segundo Lisboa (2019), na infância sua inspiração se dava pela liberdade de brincar entre as árvores e a vivencia na fundição de seu pai, visto que a mistura de cores obtidas pelo artista devia-se à do derretimento obtidos entre ferro e bronze.
 Apesar de ter tido aulas de desenho nessa fase a cópia seria o princípio a despertar-lhe o talento para outras técnicas posteriormente na vida adulta. Reconhecido internacionalmente com várias exposições, o cearense foi merecedor de vários prêmios que marcaram sua carreira.
Suas obras expressionistas abstratas transcendem aos emaranhados de tintas para que o apreciador vislumbre um mundo de expectativas e mistérios com movimentos ora gestuais, ora cadenciados que refletem um universo cósmico em constante transformação, fruto das vivências contidas na infância e que afluíram poeticamente do seu interior cheio de magia, natureza e multiculturalismo às vezes implícitos.
Com técnicas e experimentações variadas com guaches, aquarelas, óleo e outros, Bandeira conseguiu mostrar sua arte mundo a fora com inovações que nos inspira até hoje. Muitas obras continuam provocando reflexões em torno desse artista detentor de várias linguagens e códigos carregados de figurativismo e abstrações dentro do seu lirismo poético singular.

Uma de suas muitas obras, Eclipse é construída dentro da abstração informal gestual que representa o universo em constante movimento. Certamente o artista se debruçou intuitivamente em etapas para essa produção, pois a pintura em óleo tem uma secagem lenta; assim, para obter os efeitos nítidos das cores sobrepostas ele precisava esperar a secagem das camadas anteriores. Ao fundo, entretanto, os tons em azuis, branco, com alguns esfumaços de verde, rosa, vermelho e preto sugerem a expansão com seus mistérios infinitamente belos.  O elemento central em vermelho e amarelo irradia uma energia impetuosa cercada de significâncias que dentro de sua orbita pulsante se funde aos astros para inquietar o olhar do espectador como se fosse saltar da tela.
Os respingos foram feitos com a tela na horizontal tendo em vista que a tinta não escorre enquanto os traçados descontínuos em vários sentidos dialogam entre si e evidenciam a identidade e um equilíbrio qualitativo de um artista com experiência e vivencia poética aprimorada.



A GRANDE CIDADE ILUMINADA
Imagem 2:

Os códigos visuais desta obra se apresentam variados e em sua maioria estão disposto  uniformemente ao longo de toda a superfície do plano. Ao observá-la podemos inferir que se trata de uma obra abstrata, porém “não se limita apenas o que ela mostra ou simboliza, pois muitas vezes ela se completa com aquilo que nela vemos” (COSTELLA, 1997, p. 51).
Nesse sentido, o artista não estava preocupado em passar essa manifestação simbólica, pois a meu ver ele pretende explicitar seu sentimento de liberdade se movendo entre as cores primárias e traçados como se estivesse tramitando dentro de uma intimidade sensível e ao mesmo tempo expressional, logo ele não tem preocupação com a leitura do expectador, pois emerge intuitivamente em uma cidade imaginária vista aérea.
De acordo com Itaú Cultural (2019), “A Grande Cidade Iluminada” é uma obra em óleo sobre tela; em minha opinião tem a possibilidade de ter sido pintada na horizontal sobre uma superfície plana, pois os respingos nos permitem fazer essa inferência, pois não há escorrimento de tinta. Pelo que vejo, as cores primárias se misturam levemente na formação da base, provavelmente feita com o uso de pinceis para a primeira etapa e após a secagem o uso camadas espatuladas ou pincel chato e largo entre azul e vermelho que preenchem quase que toda a superfície; a finalização acontece com as sobreposições das cores intercaladas entre amarelo e preto na forma de respingos com aparentes linhas gestuais descontínuas em vários sentidos, portanto de difícil reprodução.
  Para o apreciador, as cores e formas induzem a deslocamento da visão em todos os sentidos sem causar incômodo, assim ele pode fazer várias leituras em busca de alguma resposta e a qualquer tempo. No meu entender o artista se conduziu intuitivamente não se preocupando com o resultado final. Provavelmente ele tenha se inspirado em alguma metrópole vista na parte superior ele tenha colocado o título depois de toda a conclusão. 


GUACHE COM AS MÃOS


               Guache sobre papel cartão é mais uma experimentação ousada de Antônio Bandeira, apesar transparecer uma abstração, o artista segue ao esboço prévio idealizando perspectivas tradicionais embora as cores definam um leve figurativo de uma paisagem com montanhas, caminhos, profundidade e luz.
De acordo com Carolpaolars (2013), “artistas deixam a perspectiva tradicional e criam formas no ato da pintura” dessa maneira exprimem os sentimentos utilizando “manchas e grafismo”. Nesse caso, Bandeira substitui os pincéis ou espátulas pelo uso das mãos para construir essas manchas e o guache com água em abundancia sobre papel cartão para essa produção aparentemente nostálgica.
                             
Se a liberdade de Bandeira se debruça a várias poéticas, analisar e contextualizar suas obras será sempre um desafio. Dessa forma, o artista nos instiga continuamente as refletir sobre as relações com o mundo dos sentimentos mais significativos e obscuros dos viventes.

OBS: Este artigo é parte de atividades da Disciplina de Arte e Cultura Brasileira do curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE.

CITAÇÃO: BATISTA, Lia. Antônio Bandeira. Abr 2019. Disponível em: <https://ecoarteliabatista.blogspot.com/b/post-preview?token=APq4FmAKhdPo14UTb-U-7kgbxRDEkUWTSrDpHzcY2x1bLSF10fsaBjXsOLL_aaNrM10LNzo5n2BHy3zQL-DNI3b3dC54gIBqO59nyk8GJyZVmY8nizqfD8979YDnpsyqZogH0yueGTRU&postId=3146722701056901911&type=POST

BIBLIOGRAFIA


A Grande Cidade Iluminada. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra4585/a-grande-cidade-iluminada>. Acesso em: 22 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7.
CAROLPAOLARS. Abstracionismo Formal e Informal. Yeixst Blog.
COSTELLA, F. Antônio. Para Apreciar a Arte. Roteiro Didático. Ed. 3. São Paulo. Editora SENAC.1997.

ECLIPSE . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63922/eclipse>. Acesso em: 21 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7

FELDMAN, Carlos. Biografia. Instituto Antônio Bandeira. Disponível em: <http://www.institutoantoniobandeira.com.br/biografia> Acesso em: 20/03//2019

LISBOA, James. Antônio Bandeira.  Escritoriodearte.com > Artistas >
Disponível em: <https://www.escritoriodearte.com/artista/antonio-bandeira Acesso em: 221/03//2019.

MESTRE VITALINO-DO BARRO À FAMA


 Vídeo: 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NcNh5FN16uI> Acesso em: 16/03/2019
                   

             A multiculturalidade é uma característica que está presente na formação de  qualquer sociedade; processo este  resultante da migração de outras etnias por meio de uma “trama de diversidade” (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS, 2015 p. 134), que  reflete diretamente na aquisição dos  valores e costumes  constituídos ao longo do tempo.
                    No Brasil, por exemplo, essa trama multicultural se correlaciona diretamente a presença de índios, migrantes europeus e africanos por ocasião da colonização portuguesa a partir do século XVI. As culturas europeias e africanas mudaram significativamente os hábitos dos nativos formando uma nova cultura que reflete no cotidianamente nossa sociedade.
              Com toda essa contribuição a arte brasileira teve seu desenrolar baseado em diversas correntes artísticas chegando a construir sua própria identidade com a semana de arte moderna de 1922.
Desde então o multiculturalismo tem uma perspectiva estética que tenta associar a expressividade artística e cultural como herança primordial de índios, africanos e europeus.     Segundo Bylaardt et all. 2019, a cultura do “trabalho em barro” no Brasil é originária dos “índios aborígenes” antes da colonização portuguesa, cabendo aos colonizadores a estruturação e concentração de mão-de-obra.
               Neste sentido, muitos artistas desprezaram a originalidade harmônica dos estilos clássicos para desvencilhar outras poéticas artísticas com tendência regionalista. O Mestre Vitalino, por exemplo, percorre dentro do multiculturalismo brasileiro por abordar a o cotidiano do sertanejo com a arte do barro. 
               Segundo Frazão (2016), desde a infância Mestre Vitalino se aventurou no manuseio do barro como um objeto lúdico; segundo ela “mais tarde tornaria ser sua arte, e o tornaria famoso”. Natural de Caruaru-PE, o artesão expressa mundo a fora a riqueza cultural brasileira especialmente do Nordeste com suas agruras, seus contrastes sociais e históricos.
                 E nesse contexto, não se esquivava ao arrancar da maleabilidade da terra fria suas tessituras estéticas.  Amassar com veemência o seu material escultórico o levou a produzir muitas obras e expô-las na Feira de Caruaru, consagrando-se como Artista Popular em várias exposições posteriormente. O que transparecia insignificante foi revelador para um filho de lavrador e uma artesã. A produção de pequenos bonecos e animais era feita com sobras de barro das panelas utilitárias feitas por sua mãe, porém, logo se transformaram em sucesso de vendas na feira. (FRAZÃO, 2016).
                  A musicalidade com o uso pífano o fazia encantador e mestre, porém o maior destaque viria ser a arte expressionista e figurativa com o barro. “A Casa de farinha” retrata o cotidiano regionalista com a mandioca como herança indígena.  Vale salientar que, intuitivamente a plasticidade dos movimentos e a precisão nos cortes expressam a consistência na habilidade com o material dialogando com suas origens.  Para desbastar suas obras o artista usava as mãos, penas, pedaços de madeira e materiais simples da sua região.

                   A técnica utilizada nesta escultura é a cerâmica policromada, isto é, tem várias tonalidade em uma mesma peça e geralmente com cores modernas. O artista comunga com elementos            multiculturais quando dialoga com o cotidiano rural nordestino, figuras populares, vaqueiro, bois, família de retirantes, festas, cangaço, religião, etc.


                       CASA DE FARINHA


Imagem:
Disponível em:
Acesso em: 13/03/2019
Técnica: Cerâmica Polocromada Tam. 30cmx23.50-Acervo Museu do Homem do Nordeste

                               RETIRANTES


Escultura em barro cozido-Tam. 17.5cmx30cm.
Imagem: Disponível em: <https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=303872> Acesso em: 13/03/2019.

                             Esta escultura reflete a angústia das miseráveis famílias nordestinas em busca de sobrevivência rumo à região Sudeste. Semelhantemente a obra de Cândido Portinari e aos escritores como, Raquel de Queiróz, Graciliano Ramos, dentre outros.
                                     CEIA

Imagem:
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63529/ceia>. Acesso em: 13 de Mar. 2019.
Técnica: Cerâmica policromada-Tamanho 14cmx24cm-

              Já a Ceia é uma escultura policromada a meu ver retrata um dia de festa, fartura, mesa arrumada, um jantar de casamento nordestino com a presença do padre, convidados especiais. E é nessa perspectiva que as influências da cultura brasileira vêm se conduzindo admiravelmente como resultante dos movimentos migratórias de outras raças formando essa “trama de diversidade” (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS, 2015 p. 134), que  enriquece nosso gente, embora ainda pouco reconhecedor dessa propriedade.

Este texto é parte de atividades da disciplina Arte e Cultura Brasileira oferecida no Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE. 

Referenciar

BARBOSA, Batista Eliane. Mestre Vitalino-arte do barro. 2019.
Disponível em: <https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8886927960691800423#editor/target=post;postID=2514941095223676579>


BIBLIOGRAFIA
BYLAARDT, M. P. et al. Tecnologia. ARTESANATO, Projeto Experimental. 2019. Disponível em: https://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/origem.html Acesso em: 1603/2019

CASA de Farinha. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63534/casa-de-farinha>. Acesso em: 14 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7


CEIA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63529/ceia>. Acesso em: 13 de Mar. 2019. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7.

 

FRAZÃO, Dilva. Mestre Vitalino. Artista popular brasileiro. Rio de Janeiro. 2019.

Disponível em: < https://www.ebiografia.com/mestre_vitalino/> Acesso em: 13/03/2019.

RETIRANTES. Franklin Levy. Leiloeiro Oficial. V6.1. Rio de Janeiro.2019.
Disponível em: <https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=303872> Acesso em: 13/03/2019.
VÌDEO:
VITALINO, ESCOLA SÃO DOMINGOS, 2013, 52.02min, som.,color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NcNh5FN16uI> Acesso em: 16/03/2019.s





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