sexta-feira, 24 de maio de 2019

MINHA VIVÊNCIA ESCOLAR

SEMANA UNIVERSITÁRIA UECE-2017
APRESENTAÇÃO ACADÊMICA








Minha vida escolar começa aos seis anos de idade na “Carta de ABC” e na tabuada na escola comunitária Pontes Carvalho na periferia de Fortaleza. O sonho de passar de ano era ganhar cadernos novos e sair da carta de ABC. Lembro que estudei na “Cartilha do Povo”, na escola da Dona Eunice em um livro com volume único com disciplinas de Matemática, Linguagem, Ciências e Estudos Sociais apenas.

Meu material didático se resumia a um simples caderno, lápis de escrever e a uma caixinha de lápis com seis cores. Isso era tudo para uma estudante em que precisava aprender a ler, escrever e fazer as quatro operações matemáticas.

Naquela época a cultura era que as mulheres fossem preparadas apenas para casar, ter filhos e nada mais. Nessa trajetória fui migrando de escolinha em escolinha até chegar a quarta série. Entre o carrancismo dos professores, puxões de orelhas e palmatória para a punição os rebeldes, às vezes conseguia alguma professora mais humanas que nos davam uma segunda chance nas atividades as quais não tínhamos bons resultados. O drama para quem não se enquadrava no decoreba das leituras e da tabuada era vexatório, principalmente no dia de arguição. Aos 7 anos, aprendi as ler as primeiras palavras com o professor Neto.

Nessa Pedagogia, o aluno é visto como um ‘depositório’ de conteúdos. A preocupação pedagógica foca-se no produto final e o processo não é importante. O conteúdo é reprodutivista e, portanto, mantém a divisão social” (PIANOVISKI; GOLDBERG, p. 14, 2015).

 Nos anos 70 depois de passar após terminar a quarta série do primário no Instituto 15 de Novembro, com a professora Zilá consegui meia bolsa de estudos para ingressar no quinto ano ginasial no (particular) Colégio Santa Cruz em Parangaba, onde o sistema educacional não era muito diferente, além da preponderância dos professores, olhar dos diretores teria que enfrentar a distancia de casa.

Por dois anos acordava de madrugada ia e voltava a pé por falta de recursos financeiros, transporte coletivo raro, quando muito apanhava carona no ônibus escolar da Faculdade de Veterinária-UECE. Por não poder comprar material didático e livros encontrei dificuldades para acompanhar os conteúdos de matemática e português e sempre era aprovada com nota mínima.

Sem biblioteca na escola, toda a tensão estava centrada na aula expositiva do professor e para completar geralmente copiava conteúdos dos livros dos colegas para não reprovar. As disciplinas propostas no ginasial eram de Português, Matemática, Ciências, OSPB-Organização Social e Política Brasileira, Estudos Sociais, Educação Moral e Cívica, Educação Física, e Religião.

O medo da reprovação era evidente, pois não podia perder a bolsa do ano seguinte. O medo da reprovação era uma constante com a turma e mesmo assim, nunca pensei em desistir. Após o sexto ano consegui bolsa integral para estudar à noite no Colégio Francisco Nunes Cavalcante no bairro Prefeito José Walter, onde cursei o sétimo e oitavo anos. Nesse período a continuação das disciplinas anteriores acrescida de Biologia, Química e Física. Como era em período noturno os professores já eram mais flexíveis e abertos às discussões, até porque  a maioria dos alunos era adulta parte trabalhava durante o dia. Nessa época eu já dava reforço escolar na comunidade e vendia catálogo da Avon, assim não precisava mais ir a pé e transporte público já não era raro.

Após terminar o ginasial aos 19 anos ingressei na Escola Estatual Otávio Terceiro de Farias para fazer o Segundo Grau, hoje Ensino Médio, no curso de Habilidade em Administração de Empresa. Aproveitava o tempo livre para fazer alguns cursos gratuitos de datilografia e na área de escritório no Centro Social Urbano José Walter no período da tarde e já ficava para o horário da noite.

No curso de Habilidade em Administração de Empresas a tendência tecnicista se fazia necessárias. De acordo com Pianowiski e Goldiberg (2015, p. 17), essa tendência surgiu devido o “processo de industrialização e desenvolvimento econômico” brasileiro, pois havia uma demanda racional e mecânica  a qual pretendia formar a mão de obras especializadas; sendo assim, a formação de mão de obra teria que ser direcionada para a indústria, dessa maneira a formação do estudante  teria seus “objetivos, conteúdos, estratégias, técnicas e avaliação” com essa finalidade,  principalmente no dois últimos anos de curso.

O currículo escolar era compreendia pelas disciplinas de Administração de Empresas, Inglês, Contabilidade, Mecanografia, Organização de Empresarial Matemática Financeira e Geométrica, além de Física, Química, Geografia, História do Brasil, História Geral, Educação Física, Literatura, Biologia.

A pós 20 anos de trabalho, dona de casa e empreendedora de vestuário resolvi enfrentar novos desafios. Fechei a empresa e resolvi me preparar para o ENEM. Durante dois anos, meus domingos se resumiram ao Pré-ENEN no Ginásio Paulo Sarazate. Com o incentivo dos filhos o cursinho transcorreu sem a preocupação com os resultados. A Prefeitura de Fortaleza oferecia vale transporte, lanche, apostilas, além de excelentes professores, lousa digital, interprete de libras, uma sala de aula gigante com mais de três mil alunos e vídeo aulas para revisão posterior. Diferentemente de tudo o que a tinha visto em termo de aprendizagem, as disciplinas do currículo eram Linguagem e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e ciências da Natureza e Redação.

Depois de 32 anos ausente da sala de aula com os filhos já se formando consegui uma bolsa integral via Enem para a UNICHRISTUS. Em 2014 escolhi o Curso Técnico em Multimeios Didáticos ao qual tive muita afinidade. Os professores todos em idade de serem meus filhos. No começo eu até fiquei sem jeito, mas recebi apoio e o carinho da turma que me ajudou nas atividades e os professores apesar de seguir uma tendência tecnicista imposta pelo curso eram mais interativos e dinâmicos.  Assim, os mestres já não se consideravam os donos do saber já que fazíamos parte da construção do conhecimento compartilhando as ideias e vivencias.

O Curso Técnico em Multimeios Didáticos é um curso oferecido pelo Ministério da Educação via Sistema de Seleção Unificada (SISUTEC) que prepara o profissional para dar suporte ao professor diante dos novos desafios tecnológicos. Ele é habilitado com aulas praticas para colaborar com o professor na área de ferramentas interativas e digitais, criando projetos que suscite aos discentes a uma aprendizagem mais dinâmica frente às novas tecnologias, bem como as práticas artísticas manuais e digitais.

Português Instrumental, Metodologia da Pesquisa Científica, Elaboração de Projetos, Disciplina de EAD, Biblioteca, Multimeios na Educação, Tecnologias Assistivas e Inclusiva, Laboratório de Informática, Educação para o Trabalho, Práticas Pedagógicas e Tecnológicas, Material Impresso e Textuais, Práticas Trabalhistas, Informática Aplicada e Empreendedorismo são as disciplinas da grade curricular do curso.

Antes de terminar o curso de Multimeios Didáticos, tentei Geografia na UECE, mas não deu certo, fiquei em nono lugar nos classificáveis e em seguida ingressei na Licenciatura em Artes Visuais via vestibular. Confesso que esse sempre foi o curso dos meus sonhos desde o primeiro momento que voltei a estudar.

Portanto, estou muito orgulhosa em fazer parte da turma de Artes Visuais UAB/UECE-Maracanaú onde encontrei excelentes professores e tenho um ótimo relacionamento com todos. Gosto da metodologia aplicada no Sistema EAD, mas o encontro é sempre muito especial.



OBS:
Este artigo faz parte dostrabalhos academicos da disciplina de História da Educaçao do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UECE-Polo Maracanaú.

BIBLIOGRAFIA

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PIANOWISK, Fabiane; GOLDBERG, Luciane. Artes Plásticas: Metodos e técnicas do ensino de artes. 3. ed. Fortaleza  - Ceará: UECE, 2015.
PRONATEC, Unicristus, 2014.
Disponível em: <https://unichristus.edu.br/noticias/pronatec/> Acesso em: 01/04/2017



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