sexta-feira, 24 de maio de 2019

ABAYOMI-EXPERIÊNCIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA







Imagens Iolanda Santos e arquivos pessoais (2019).

O papel do professor deve perpassar aos conteúdos para propor ao aluno a capacidade de apropriação do conhecimento, pautado nas vivências de um ser intelectual e criativo.  A aquisição de novos saberes não se relega apenas as informações fugazes, mas as experiências vividas no trajeto social e da vida escolar.
Deixar o aluno ter suas próprias experiências sejam individuais ou coletivas é possibilitar a imersão dos sentidos em todas as formas cognitivas, intelectuais, emocionais que tendem a perceber o mundo sem, contudo se limitar a rotina pedagógica a qual deve ir além da didática conteudista.  
 A experiência é algo que nos “move” e nos impulsiona a buscar novas descobertas, sem que necessariamente precise ser explicadas ou descritas, pois sem elas não temos capacidade de vislumbrar caminhos obscuros que nos cercam e nos dão os reais sentido para encará-los.
Sabemos que a efemeridade do mundo da informação tem imposto ao indivíduo contemporâneo comportamentos “ao sujeito do estímulo, da vivência pontual, tudo o atravessa, tudo o excita, tudo o agita, tudo o choca, mas nada lhe acontece”. (BONDÌA, p.23). Por isso é importante que as experiências aconteçam em sala de aula evitando que “a falta de silêncio e de memória” (BONDÌA, p.23) afetem à experiências a qual  necessitamos para o desenvolvimento salutar e humanistico.
Nesse sentido, o profissional de arte deve cultivar um despertar sistêmico de sentidos reflexivos, pois isso possibilita aos alunos a  busca das  próprias e novas experiências, e estes tornam-se capazes de perceber o quanto é importante a prática do sensível com a imersão e a descoberta de si mesmos.
Para tanto, criar um ambiente adequado é o ponto de partida para promover as vivências sensíveis nas quais possibilitem ao educando a se conectar com o mundo interior a fim de transbordar seus sentimentos para seu exterior.
 Nesse sentido, um Projeto Pedagógico bem elaborado se faz necessário para que haja por parte do aluno a imersão reflexiva que relativize além da experimentação do que nos toca ou nos cerca.   Assim sendo sugiro a inserção do tema sobre a Boneca Abayomi, que segundo Vieira (2019) serviam para acalentar para os filhos das africanas no trajeto dos navios negreiros entre a África e o Brasil. 
 Adotar os temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais é garantir que a escola se aproprie de sua competência na aplicabilidade de projetos comprometidos “com o desenvolvimento” que possam intervir e transformar a realidade (PCNs, 1997 p.24). Logo, se faz necessária a prática da contação de história, que se comprometa em abordar o resgate das memórias afetivas e africanas, combatendo o preconceito e enfatizando o protagonismo e a resistência da mulher negra na sociedade.
O tema proposto permite dinamizar a prática pedagógica, sobretudo, aproximar equitativamente professor e aluno à experienciação frente a uma retrospectiva histórica das tradições culturais, e o incentivo a pesquisa sobre a trajetória dos escravos nos porões dos navios negreiros que eram transportadas como mercadoria da África para as Américas durante a diáspora no século XVI.

Da mesma forma, uma visão histórica da África contribui para a compreensão da formação cultural brasileira, tanto no que se refere às tradições como aos processos históricos que levaram seus habitantes a imigrarem para as Américas, e em particular para o Brasil, em diferentes momentos” (PCNs p.131).

O objetivo é promover um Encontro Precioso com os alunos para intensificar a reflexão sobre a importância do afeto, respeito ás diferenças, o combate a qualquer tipo de pré-conceito e a violência contra a mulher negra na sociedade.
Com essa prática é possível permitir que o aprendiz vivencie essa experiência rememorando quanto às tradições culturais, o trajeto das mães escravas dos navios negreiros da África para as Américas e produzir em sala de aula a Boneca Abayomi com o aproveitamento de trapos com amarrações.
 O projeto justifica-se devido à possibilidade de minimizar os transtornos provocados pelo preconceito racial, de gênero, o aumento da violência contra a mulher negra na sociedade contemporânea bem como os casos recorrentes de feminicídio.
Promover um diálogo por meio da prática do “brincar” é remeter espontaneamente o sujeito a uma experiência que pode mudar o rumo da história nessa relação simbólica da Abayomi com o passado, futuro, entre conceito e preconceito.
Portanto, a contação da história da Boneca Abayomi em sala de aula aponta uma abordagem interdisciplinar que pode ser aplicada em qualquer faixa etária, qualquer disciplina para intensificar reflexivamente sobre essas questões e partir experiência dos sentidos, pois só assim será possível relacionar os benefícios que serão obtidos em sala de aula e na sociedade.


AGRADECIMENTOS: Para que essa oficina fosse realizada com sucesso contamos presença dos alunos de várias localidades da região, a articulação da Assistente Social Iolanda Santos, organização de Ana Cristina do Vale Gomes, o apoio  do Armarinho Literário em Crateús e da Escola de Ensino Médio Lions Club de Crateús-CE na pessoa da diretora Adriane.

Apoio:
ARMARINHO LITERÁRIO: 
Grande variedades em livros  e opões de presentes
Rua Barão do Rio Branco, 1081-Centro--Crateús-CE.
Contato ( 88) 3691 3193/ (88)3691 0751.

Escola de Ensino Médio Lions Club.

Ação Eco Arte lia Batista/REMES-Rede de Mulheres Empreendedoras Sustentáveis.

Bibliografia:
ABAYOMI, Bonecas: símbolo de resistência, tradições e poder feminino.

BONDÌA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência*. Universidade de Barcelona, Espanha Tradução de João Wanderley Geraldi Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Lingüística. Jan/Fev/Mar/Abr 2002 Nº 19.
Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/371466779/n19a02-pdfAcesso em: 01/05/2019.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 146p. 1.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf> Acesso em: 30/04/2019.

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