Imagens Iolanda Santos e arquivos pessoais (2019).
O papel do professor deve
perpassar aos conteúdos para propor ao aluno a capacidade de apropriação do
conhecimento, pautado nas vivências de um ser intelectual e criativo. A aquisição de novos saberes não se relega
apenas as informações fugazes, mas as experiências vividas no trajeto social e da
vida escolar.
Deixar o aluno ter suas
próprias experiências sejam individuais ou coletivas é possibilitar a imersão
dos sentidos em todas as formas cognitivas, intelectuais, emocionais que tendem
a perceber o mundo sem, contudo se limitar a rotina pedagógica a qual deve ir além
da didática conteudista.
A experiência é algo que nos “move” e nos
impulsiona a buscar novas descobertas, sem que necessariamente precise ser explicadas
ou descritas, pois sem elas não temos capacidade de vislumbrar caminhos
obscuros que nos cercam e nos dão os reais sentido para encará-los.
Sabemos que a
efemeridade do mundo da informação tem imposto ao indivíduo contemporâneo
comportamentos “ao sujeito do estímulo, da vivência
pontual, tudo o atravessa, tudo o excita, tudo o agita, tudo o choca, mas nada
lhe acontece”. (BONDÌA, p.23). Por isso é importante que as experiências aconteçam em sala de aula evitando
que “a
falta de silêncio e de memória” (BONDÌA, p.23) afetem à experiências a qual necessitamos para o desenvolvimento salutar e
humanistico.
Nesse sentido, o profissional de
arte deve cultivar um despertar sistêmico de sentidos reflexivos, pois isso
possibilita aos alunos a busca das próprias e novas experiências, e estes tornam-se
capazes de perceber o quanto é importante a prática do sensível com a imersão e
a descoberta de si mesmos.
Para tanto, criar um ambiente adequado
é o ponto de partida para promover as vivências sensíveis nas quais possibilitem
ao educando a se conectar com o mundo interior a fim de transbordar seus
sentimentos para seu exterior.
Nesse sentido, um Projeto Pedagógico bem
elaborado se faz necessário para que haja por parte do aluno a imersão
reflexiva que relativize além da experimentação do que nos toca ou nos cerca. Assim
sendo sugiro a inserção do tema sobre a Boneca Abayomi, que segundo Vieira
(2019) serviam para acalentar para os filhos das africanas no trajeto dos
navios negreiros entre a África e o Brasil.
Adotar os temas
transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais é
garantir que a escola se aproprie de sua competência na aplicabilidade de
projetos comprometidos “com o desenvolvimento” que possam intervir e
transformar a realidade (PCNs, 1997 p.24). Logo, se faz necessária a prática da
contação de história, que se comprometa em abordar o resgate das memórias afetivas
e africanas, combatendo o preconceito e enfatizando o protagonismo e a resistência
da mulher negra na sociedade.
O tema proposto permite dinamizar
a prática pedagógica, sobretudo, aproximar equitativamente professor e aluno à
experienciação frente a uma retrospectiva histórica das tradições culturais, e
o incentivo a pesquisa sobre a trajetória dos escravos nos porões dos navios
negreiros que eram transportadas como mercadoria da África para as Américas
durante a diáspora no século XVI.
Da mesma forma, uma visão histórica da África
contribui para a compreensão da formação cultural brasileira, tanto no que se
refere às tradições como aos processos históricos que levaram seus habitantes a
imigrarem para as Américas, e em particular para o Brasil, em diferentes
momentos” (PCNs p.131).
O objetivo é promover um Encontro
Precioso com os alunos para intensificar a reflexão sobre a importância do afeto,
respeito ás diferenças, o combate a qualquer tipo de pré-conceito e a violência
contra a mulher negra na sociedade.
Com essa prática é possível permitir
que o aprendiz vivencie essa experiência rememorando quanto às tradições
culturais, o trajeto das mães escravas dos navios negreiros da África para as
Américas e produzir em sala de aula a Boneca Abayomi com o aproveitamento de trapos
com amarrações.
O projeto justifica-se devido à possibilidade
de minimizar os transtornos provocados pelo preconceito racial, de gênero, o
aumento da violência contra a mulher negra na sociedade contemporânea bem como
os casos recorrentes de feminicídio.
Promover um diálogo por meio da
prática do “brincar” é remeter espontaneamente o sujeito a uma experiência que
pode mudar o rumo da história nessa relação simbólica da Abayomi com o passado,
futuro, entre conceito e preconceito.
Portanto, a contação da história
da Boneca Abayomi em sala de aula aponta uma abordagem
interdisciplinar que pode ser aplicada em qualquer faixa etária, qualquer
disciplina para intensificar reflexivamente sobre essas questões e partir
experiência dos sentidos, pois só assim será possível relacionar os benefícios que
serão obtidos em sala de aula e na sociedade.
AGRADECIMENTOS: Para que essa oficina fosse realizada com sucesso contamos presença dos alunos de várias localidades da região, a articulação da Assistente Social Iolanda Santos, organização de Ana Cristina do Vale Gomes, o apoio do Armarinho Literário em Crateús e da Escola de Ensino Médio Lions Club de Crateús-CE na pessoa da diretora Adriane.
Apoio:
ARMARINHO LITERÁRIO:
Grande variedades em livros e opões de presentes
Rua Barão do Rio Branco, 1081-Centro--Crateús-CE.
Contato ( 88) 3691 3193/ (88)3691 0751.
Escola de Ensino Médio Lions Club.
Ação Eco Arte lia Batista/REMES-Rede de Mulheres Empreendedoras Sustentáveis.
Ação Eco Arte lia Batista/REMES-Rede de Mulheres Empreendedoras Sustentáveis.
Bibliografia:
ABAYOMI, Bonecas: símbolo
de resistência, tradições e poder feminino.
Disponível em: <http://www.afreaka.com.br/notas/bonecas-abayomi-simbolo-de-resistencia-tradicao-e-poder-feminino/>
Acesso em: 30/04/2019.
BONDÌA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência*. Universidade de Barcelona, Espanha Tradução de João Wanderley Geraldi Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Lingüística. Jan/Fev/Mar/Abr 2002 Nº 19.
BRASIL. Parâmetros
curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria
de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 146p. 1.
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