Vídeo:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RzPx_4Z9dWI> Acesso em 23/08/2018
Apesar da Semana de Arte Moderna trazer
mais liberdade na literatura, nas artes plásticas, na música, etc., o conceito
do belo, estética perfeita é dinâmico e muda de acordo com o tempo, podendo ser
influenciado pelos aspectos políticos, econômicos e socioculturais fazendo-se
necessário investir em novas possibilidades artísticas que transcendam os
anseios das sociedades, contudo a inquietude humana exige novas perspectivas estéticas.
Nesse contexto, surge em meados do século
XX, a Arte Contemporânea adentrando a tridimensionalidade, a irreverência e
novos conceitos para um discurso mais livre no fazer artístico. A Arte
Contemporânea ultrapassa as fronteiras do imaginário chegando à Era Digital
quebrando paradigma após a Segunda Guerra Mundial.
A Era Digital trouxe inovações e
questionamentos que intrigam a própria a crítica de arte e deixa a pergunta sem
resposta, do que pode ser realmente arte? A desconstrução do belo perpassa por
várias vertentes. A liberdade de expressão e o uso de materiais passam a
integrar os novos rumos de uma nova Cultura Visual aos quais não temos
dimensões aonde vamos chegar.
Logo, nesse sentido se envereda o mundo
das artes transitando pela diversidade de recursos e ideias criativas e o Brasil,
portanto, se insere nesse contexto de afirmação indenitária a qual acompanha
esse desdobramento percorrendo as várias experiências, experimentos,
modalidades e tipologias artísticas.
A globalização, por exemplo, tem
contribuído para o avanço do conhecimento tecnológico ao qual conecta o cidadão
instantaneamente a qualquer parte do planeta. Assim, a produção artística vai
quebrando paradigmas e trazendo novos valores.
Experimentar esses valores parece-nos
vislumbrar novos movimentos que vão se relacionar com tudo inclusive com as
relações de consumo, rompendo com os antigos modos da produção artística.
A Op Arte, Arte Cinética, Arte Povera,
Abstracionismo, Concretismo, dentre outros movimentos da Arte Contemporânea
crescem exponencialmente para conquistar novos atores das Artes Visuais. O
Concretismo chega com uma nova proposta e como referência desse movimento
Sacilotto foi um dos artistas brasileiros que se destacou mundialmente pela
ousadia do seu estilo inovador.
O paulistano Luiz Sacilloto apesar de
começar a trabalhar aos dezessete anos sempre esteve ligado às técnicas de
desenho, pintura e trabalhos com metais; a precisão na pintura de letras e
projetos de alumínio o levou a desenvolver interesse pelas artes plásticas. “No início, seus trabalhos são figurativos.
Paisagens e retratos de tendência expressionista, mas a partir de 1947 realiza
suas primeiras experiências no domínio da abstração geométrica, sendo um dos
pioneiros da arte concreta no País”. (IMBROSI, 2016). Logo, o Concretismo
de Luiz Sacilotto tenta romper com o figurativo deixando de lado a
representatividade objetiva para se lançar na geometrização das linhas e
formas.
Ao observar a plasticidade de suas obras,
somos induzidos a perceber que o artista quer brincar com o olhar do apreciador
provocando uma inquietação, para a progressão contemplativa; ora parecem
dobraduras em movimentos ou escadas que podem levar a algum lugar. O aspecto de
algumas obras visualmente em movimento pode ser também caracterizada como Arte
Cinética ou Op Arte, devido a ideia tridimensionalidade.
A
ilusão de ótica presente em seus trabalhos é acompanhada de progressão,
precisão matemática milimetricamente calculada do positivo e negativo, união de
formas e conteúdos. O dinamismo estético nos deixa dúvida quanto à sua técnica;
aparentemente não são feitas artesanalmente e sim com ferramentas digitais.
Provavelmente a precisão nos corte com os metais e o desenho das letras
associadas ao seu ofício o tenha influenciado na perfeição dos traçados
precisos das linhas com o manuseio dos pincéis.
Apesar de parecerem simples a Arte
Concreta de Luiz Sacilotto apresentam geralmente cores chapadas com traços bem
definidas, volume, profundidade, tridimensionalidade, movimento, luz e sombra.
O ritmo sequenciado dessas linhas e formas provocam incômodos visuais e podem
fazer o apreciador a desviar o olhar. Os elementos repetidos em algumas séries promovem
diálogo entre si e formulam uma fantástica completude no conjunto da obra.
Para tanto a concisão das formas e linhas
de Sacilotto tende ser provocador e inquietante, sem, contudo apresentar frieza
e elasticidade estrutural o que dá ao apreciador a vontade de tocar em cada
peça separadamente como em um jogo de elementos soltos em 3D. “São
justamente esses aspectos construtivos do desempenho perceptivo que irão, pela
via dos atos subjetivos, reaproximar a investigação estética do âmbito do
conhecimento”. (BARROS 2010, p. 19).
De acordo com Marques (2018), o artista
teria deixado a “tela de lado” para enveredar pela tridimensionalidade para
fazer “relevos em alumínios pintados e uma sequência de esculturas em latão e
alumínio” e como vemos Sacillotto se transporta do simples ao complexo, da tela
ao metal com a mesma desenvoltura.
Ao observar algumas esculturas em metais
percebi que o artista tem compromisso com a seriedade e simplicidade, pois, são
desprovidas de sensações ou sentimentos, por isso acho um tanto desafiador
classificá-las com mais propriedade, logo a semelhança estrutural entre os
elementos nos convida a observação por repetidas vezes nos conduzindo a um
olhar descompromissado da reflexão.
Portanto, dessa forma é que a Arte
Contemporânea pretende atingir a inquietude humana dentro das novas
perspectivas estéticas promovendo novos conceitos para um discurso mais livre ultrapassando
as fronteiras do imaginário sem necessariamente ter uma relação direta com a
vida cotidiana.
Por Eliane Batista Barbosa (LIA)
Fontes:
BARROS, Fernando R. de Moraes. Estética,
2010. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE).
COUTINHO, Rafael. 2012. Culturamix.com. História
da Arte Ocidental – Arte Contemporânea no Brasil.
Disponível em: <http://cultura.culturamix.com/arte/historia-da-arte-ocidental-arte-contemporanea-no-brasil> Acesso em: 20/08/2018
DIANA, Daniela. Toda Matéria. Arte
Contemporânea. 2018.
IMBROISI, Margaret.
História das Artes. Luiz Sacilotto, 2016
Disponível em:<https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/luiz-sacilotto/> Acesso em:
20//08/2018
SACILOTTO, Luiz. Pinturas Brasileiras.com.
Biografia, 2018. Disponível em:
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