Imagem: Lia Batista, 2017
De acordo com Barroso (2011 p.32), ao contrário do que se
pensa, outros animais também tem inteligência imaginativa quanto à adaptação ao
meio ambiente e são extremamente práticos quanto a isso; portanto, são capazes
de “relacionar elementos isolados quanto a sua percepção do seu entorno”. Nessa
perspectiva, é que o homem tende a se diferenciar deles, pois essa condição de
superioridade acontece no âmbito conceitual referentes ao espaço e o tempo, tornando-se um ser especial por agir por
“impulsos corpóreos de gênero especial” (Apud CASSIRRER, p. 76).
Logo, com o advento da
modernidade essa tal capacidade de querer ser superior chegou a um ponto de “atrofia
dos recursos corporais de percepção e comunicação” onde existe a impressão de que
este modo complexo de lidar com a expressividade corporal e a sensibilidade não
está sendo coerente com a forma de verbalização, pois essa incompatibilidade
provoca um descompasso que agride a expressividade humana a ponto do
individualismo trazer prejuízos à natureza, já que magia perdeu seu espaço nas
práticas coletivas.
Nesse descompasso o projeto antropocêntrico civilizatório moderno
quer que a natureza esteja a seu bel prazer, por outro lado a imposição decorrente
da globalização, tecnologias digitais e mercadológicas acabam por comprometer hábitos socioculturais de com o pretexto
de inserção ao novo. Nesse contexto, esse desencanto permeia a um desajuste da
essência humana em que grandes crises sociais, culturais, e financeiras podem trazer
agravamento à existência e o rompimento com seus ideais evolutivos de liberdade
e sua proposição no contexto global.
Assim, a elaboração de projetos
voltados para a humanidade pode minimizar os transtornos civilizatórios e
promover o “ré-encantamento da sociedade mundial, vencendo as barreiras do e o
descompasso entre homem, natureza, cultura, etc; e associar o saberes
tradicionais, primitivos, conhecimento
científico e empírico como eventos vivos em prol de uma sociedade mais
sustentável.
Diante disso, o “ré encantamento” por meio da comunicação artística, pode elevar o pensamento mágico e criativo ao indivíduo provocando o senso crítico onde as ideias de evolução perpassem as questões individuais e contribuam para o enriquecimento construtivo de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse sentido, é que magia da arte é capaz de fazer o indivíduo enxergar o invisível e compartilhar culturalmente o mundo em que vive.
Se tudo no universo está interligado, somente a poética é capaz de romper com essa posição de superioridade que o homem moderno quer exercer sobre os outros seres. Daí é preciso quebrar esse paradigma no intuito de evitar os transtornos recorrentes do “progresso” rumo uma renovação da consciência ambiental e a preservação recursos naturais, pois é nessa linha de pensamento, que o homem precisa trabalhar a sensibilidade engajando-se para simplicidade de vida pautada no convívio harmônico com natureza, para compreender que essa involução não representa um retrocesso e sim adequação às origens.
Portanto, faz-se necessário agregar ideologias modernas, pacificadoras, colaborativas e humanas aos meios tecnológicos dentro de uma dinâmica capaz de equilibrar o reencontro com nós mesmos e o “ré encantamento do mundo” por meio dessa magia quase esquecida, na tentativa de melhorar nosso passeio temporário no Planeta Terra.
Por Lia Batista
Bibliografia:
BARROSO Oswald, Antropologia
da Arte, 2011. 2ed SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE).
Imagem: Lia Batista, 2017
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