quarta-feira, 5 de setembro de 2018

ARTE CONCRETA DE LUIZ SACILOTTO



Vídeo:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RzPx_4Z9dWI> Acesso em 23/08/2018


Apesar da Semana de Arte Moderna trazer mais liberdade na literatura, nas artes plásticas, na música, etc., o conceito do belo, estética perfeita é dinâmico e muda de acordo com o tempo, podendo ser influenciado pelos aspectos políticos, econômicos e socioculturais fazendo-se necessário investir em novas possibilidades artísticas que transcendam os anseios das sociedades, contudo a inquietude humana exige novas perspectivas estéticas.
Nesse contexto, surge em meados do século XX, a Arte Contemporânea adentrando a tridimensionalidade, a irreverência e novos conceitos para um discurso mais livre no fazer artístico. A Arte Contemporânea ultrapassa as fronteiras do imaginário chegando à Era Digital quebrando paradigma após a Segunda Guerra Mundial.
A Era Digital trouxe inovações e questionamentos que intrigam a própria a crítica de arte e deixa a pergunta sem resposta, do que pode ser realmente arte? A desconstrução do belo perpassa por várias vertentes.  A liberdade de expressão e o uso de materiais passam a integrar os novos rumos de uma nova Cultura Visual aos quais não temos dimensões aonde vamos chegar.
Logo, nesse sentido se envereda o mundo das artes transitando pela diversidade de recursos e ideias criativas e o Brasil, portanto, se insere nesse contexto de afirmação indenitária a qual acompanha esse desdobramento percorrendo as várias experiências, experimentos, modalidades e tipologias artísticas.
A globalização, por exemplo, tem contribuído para o avanço do conhecimento tecnológico ao qual conecta o cidadão instantaneamente a qualquer parte do planeta. Assim, a produção artística vai quebrando paradigmas e trazendo novos valores.
Experimentar esses valores parece-nos vislumbrar novos movimentos que vão se relacionar com tudo inclusive com as relações de consumo, rompendo com os antigos modos da produção artística.
A Op Arte, Arte Cinética, Arte Povera, Abstracionismo, Concretismo, dentre outros movimentos da Arte Contemporânea crescem exponencialmente para conquistar novos atores das Artes Visuais. O Concretismo chega com uma nova proposta e como referência desse movimento Sacilotto foi um dos artistas brasileiros que se destacou mundialmente pela ousadia do seu estilo inovador.
O paulistano Luiz Sacilloto apesar de começar a trabalhar aos dezessete anos sempre esteve ligado às técnicas de desenho, pintura e trabalhos com metais; a precisão na pintura de letras e projetos de alumínio o levou a desenvolver interesse pelas artes plásticas.            “No início, seus trabalhos são figurativos. Paisagens e retratos de tendência expressionista, mas a partir de 1947 realiza suas primeiras experiências no domínio da abstração geométrica, sendo um dos pioneiros da arte concreta no País”. (IMBROSI, 2016).  Logo, o Concretismo de Luiz Sacilotto tenta romper com o figurativo deixando de lado a representatividade objetiva para se lançar na geometrização das linhas e formas.
Ao observar a plasticidade de suas obras, somos induzidos a perceber que o artista quer brincar com o olhar do apreciador provocando uma inquietação, para a progressão contemplativa; ora parecem dobraduras em movimentos ou escadas que podem levar a algum lugar. O aspecto de algumas obras visualmente em movimento pode ser também caracterizada como Arte Cinética ou Op Arte, devido a ideia tridimensionalidade.
 A ilusão de ótica presente em seus trabalhos é acompanhada de progressão, precisão matemática milimetricamente calculada do positivo e negativo, união de formas e conteúdos. O dinamismo estético nos deixa dúvida quanto à sua técnica; aparentemente não são feitas artesanalmente e sim com ferramentas digitais. Provavelmente a precisão nos corte com os metais e o desenho das letras associadas ao seu ofício o tenha influenciado na perfeição dos traçados precisos das linhas com o manuseio dos pincéis.
Apesar de parecerem simples a Arte Concreta de Luiz Sacilotto apresentam geralmente cores chapadas com traços bem definidas, volume, profundidade, tridimensionalidade, movimento, luz e sombra. O ritmo sequenciado dessas linhas e formas provocam incômodos visuais e podem fazer o apreciador a desviar o olhar. Os elementos repetidos em algumas séries promovem diálogo entre si e formulam uma fantástica completude no conjunto da obra.
Para tanto a concisão das formas e linhas de Sacilotto tende ser provocador e inquietante, sem, contudo apresentar frieza e elasticidade estrutural o que dá ao apreciador a vontade de tocar em cada peça separadamente como em um jogo de elementos soltos em 3D.  “São justamente esses aspectos construtivos do desempenho perceptivo que irão, pela via dos atos subjetivos, reaproximar a investigação estética do âmbito do conhecimento”. (BARROS 2010, p. 19).
De acordo com Marques (2018), o artista teria deixado a “tela de lado” para enveredar pela tridimensionalidade para fazer “relevos em alumínios pintados e uma sequência de esculturas em latão e alumínio” e como vemos Sacillotto se transporta do simples ao complexo, da tela ao metal com a mesma desenvoltura.
Ao observar algumas esculturas em metais percebi que o artista tem compromisso com a seriedade e simplicidade, pois, são desprovidas de sensações ou sentimentos, por isso acho um tanto desafiador classificá-las com mais propriedade, logo a semelhança estrutural entre os elementos nos convida a observação por repetidas vezes nos conduzindo a um olhar descompromissado da reflexão.
Portanto, dessa forma é que a Arte Contemporânea pretende atingir a inquietude humana dentro das novas perspectivas estéticas promovendo novos conceitos para um discurso mais livre ultrapassando as fronteiras do imaginário sem necessariamente ter uma relação direta com a vida cotidiana.
Por Eliane Batista Barbosa (LIA)

OBS: O texto acima corresponde  a uma das atividades da disciplina de História da Arte do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UECE/UAB-Maracanaú.
Fontes:

BARROS, Fernando R. de Moraes. Estética, 2010. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE).
COUTINHO, Rafael. 2012. Culturamix.com. História da Arte Ocidental – Arte Contemporânea no Brasil.
DIANA, Daniela. Toda Matéria. Arte Contemporânea. 2018.
 Disponível em:<https://www.todamateria.com.br/arte-contemporanea/> Acesso em 20/08/2018
IMBROISI, Margaret. História das Artes. Luiz Sacilotto, 2016
SACILOTTO, Luiz. Pinturas Brasileiras.com. Biografia, 2018. Disponível em:




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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

CÂNDIDO PORTINARI-MODERNISMO NO BRASIL




Vídeo 

João Cândido Portinari Trip Transformadores


Dusponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Mzr-u_x84sc> Acesso em: 14//08/2018
                            Vídeo 

Portinari do Brasil - Canal Arte 1-Fabio Guerra


Disponível em:  https://www.youtube.com/watch?v=Jcg7rbh-cd0>Acesso em: 14/08/2018
  Romper com as tendências artísticas tradicionais das elites paulistanas foi um desafio alcançado pela ousadia do movimento Modernista no Brasil, pois ter uma identidade artística tipicamente brasileira parecia alucinação diante dos padrões da época. A Semana de Arte Moderna de 1922 surgiu em meio a insatisfação dos conservadores; mesmo assim, o movimento eclodiu com novas tendências para figurar  padrões que suplantasse esteticamente os princípios  europeus.
Por ocasião dessa insatisfação abolir o conceito de estética perfeita não pareceu fácil diante da busca pela identidade própria e liberdade de expressão que tantos buscavam para ressignificar as angústias do povo brasileiro que perduram como marco histórico mais importante das artes até a atualidade.
Dentre tantos artistas engajados no Modernismo no Brasil, Cândido Portinari se destaca pela sua imponência, pois aborda em suas obras os mais diversos temas. O cotidiano da sociedade brasileira demarca sua originalidade adentrando vários aspectos que vão além das cores e formas.
Um artista eclético e inovador, assim era Portinari. Desde as pinturas em grandes painéis, murais, retratos, Cândido Portinari, pode ser considerado um ícone do Modernismo no Brasil; sua trajetória artística lhe rendeu muitas honrarias, inclusive internacionalmente. Se ele quis se indignar e mostrar as mazelas brasileiras, conseguiu veementemente.
Todavia vale ressaltar que o compromisso social e humanístico se reflete em suas obras, pois seu fazer artístico retrata  desde a travessuras da infância, à adolescência e a vida adulta adentrando ao regionalismo que abrange desde o trabalho árduo no cafezal à seca nordestina que até hoje nos assola.
Dentre o seu extenso repertório podemos perceber na magnitude dos seus traços, seja por pincéis, espátulas, desenhos, etc., sua produção artística parece não se preocupar com uma metodologia específica, mas se estende por uma diversificação influenciada pelos movimentos cubistas e surrealistas europeus sem contudo esquecer características da identidade tipicamente brasileira.
Segundo Imbroisi (2016), Portinari era um ativista político que buscava acordos junto aos intelectuais e artistas da sociedade em torno das mudanças estéticas do Século XX. Com reconhecimento internacional, Portinari deixou um legado atemporal bem expressivo por meio de desenhos, gravuras e pinturas; suas narrativas pictóricas, portanto serão sempre atuais em quaisquer épocas e contextos, sobretudo no que tange as mazelas sociais brasileiras.
A série “Os Retirantes”, por exemplo, enfatizam dramaticamente as tragédias nordestinas, pois explicitam de forma pictórica os tormentos sociais que as elites persistiam em esconder. Apesar de Portinari ser um cidadão paulistano tentou apresentar  o Brasil como um todo, ressignificando o fazer artístico para inferir um novo olhar sobre as vertentes sociais.
A obra “A Criança morta” reflete o flagelo e a dor incontestável da perda de um filho vítima da fome e da falta de esperança. A obra se apresenta com característica do movimento expressionista, pois os aspectos dos rostos e corpos magérrimos provocam extrema emotividade ao apreciador. Os tons terrosos, o branco, violeta, azul e vinho dialogam com a negrura do preto do fundo que ressaltam a obscuridade da cena trágica que se adequam com as sombras na parte inferior da tela que deixa transparecer um entardecer sombrio. 
Vale ressaltar que as mãos firmes e disformes de uma mulher sentada ao centro do painel perpassa a ideia de que a criança está com o corpo já deformado, ao ponto de ser percebido como o ponto principal da obra, enquanto os demais personagens atuam como coadjuvantes complementando o cenário. Enquanto que as lágrimas aparentemente grotescas e petrificadas se espalham ao chão dando mais veracidade ao fato.
Logo, quanto aos detalhes expressionistas desta obra, o que mais me sensibilizou foi o modo com que o autor se preocupou em sintetizar categoricamente os sentimentos humanos e emotivos. A dimensão do seu dinamismo e sua expressividade estética o incluído no contexto cultural de Minas Gerais. De acordo com Diana (2017), a Igreja de São Francisco da Pampulha em Belo Horizonte-MG, abriga em seu interior a via sacras composta por catorze painéis do artista, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer.
Apesar de sua morte precoce, aos cinquenta e oito anos, devido a intoxicação pelas tintas. Segundo Portinari (1979), o artista pintou “cinco mil cento e quarenta e seis obras” e “logrou prestígio nacional e internacional dificilmente igualado no Brasil”. (DIANA, 2017).
 Todavia, vale ressaltar que para uma época em que as elites repudiavam qualquer inovação artística e cultural, “A Semana de Arte Moderna” veio trazer mais liberdade na literatura, nas artes plásticas, na música, etc. Portanto, quebrar esses paradigmas aos olhos dos conservadores, mesmos que parecesse alucinação veio ressignifica o conceito do belo, de estética perfeita, em busca da identidade própria promovendo um alívio para novos passos da expressividade artística brasileira.
OBS: Esse texto corresponde a uma das atividades de História da Arte, aplicada no Curso de Licenciatura em Artes Visuais UECE-Universidde Estadual do Ceará/UAB-Universidade Aberta do Brasil.
Por: Eliane Batista Barbosa (LIA) - Graduanda em  Licenciatura emArtes Visuais
Bibliografia:

IMBROSI, Margart. Criança Morta, Cândido Portinari. jun. 2018
Disponível em:
PORTINARI, Portal.  Projeto Cândido. 1979
Disponível em: <http://www.portinari.org.br/#> Acesso em:11/08/2018
PORTINARI, Cândido. BIOGRAFIA. Toda Matéria. 2018
Disponível em:<https://www.todamateria.com.br/candido-portinari/> Acesso em: 14/08/2018
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=Jcg7rbh-cd0



terça-feira, 7 de agosto de 2018

EXPOSIÇÃO CULTURA BRASÍLIS


Lia Batista e Marlon Silveira

Pelo segundo mês consecutivo, após a "Exposição Eterna" tive a honra de ser convidada para expor no espaço cultural do North Shopping Fortaleza. Por ocasião da Copa 2018, no mês de julho, a Exposição Cultura Brasílis por Lia Batista contou com participação especial do renomado artista visual Antonio Lopes. A exposição apresentou 40 obras de arte em óleo, acrílica e mistas. As obras retrataram os mais diversos aspectos da cultura brasileira, bem como as danças, a música, o futebol, etc. promovendo abordagens reflexivas sobre as nossas origens, práticas e costumes da nossa cultura herdadas de outros povos. 


Antonio Lopes e Lia Batista

Já o critico e artista Antônio Lopes participou da mostra abordando a cultura regionalista, com temas sertanejos e o drama da seca nordestina apresentando o famoso carro pipa. Seu trabalho pode ser considerado uma herança de pai para filho, já que é filho do grande artista cearense, Afonso Lopes. O estilo impressionista é bem marcante em seus trabalhos, assim como as pinceladas fortes e desestruturadas herdadas de seu pai que dão exclusividade e originalidade ímpar em suas obras. Ele simplesmente descreve as cenas de forma despojadas saídas de sua mente sem rascunho, o que muito me impressiona. Suas obras demonstram muito estudo de observação da natureza apresentando vivacidade e luminosidade perfeita. De acordo com Miranda (2010, p. 59), "... as figuras perderem nitidez e precisão, visto que o desenho deixa de ser o elemento estruturante da composição pictórica para dar lugar à plasticidade". Assim as cores vivas são captadas construindo uma harmonia visual. E nesse contexto a experiencia de vivenciar essa parceira com o artista foi extremamente enriquecedora.



A exposição teve abertura oficial no dia 11 com a receptividade incondicional e calorosa do North Shopping Fortaleza por meio do curador Marlon Silveira. Na interação com o público eu e Antonio Lopes tivemos a oportunidade de explicar como surgem as inspirações e como são feitas as pesquisas que resultam nas mais diversas narrativas pictóricas. Diante disso podemos perceber como os apreciadores ficam apaixonados e emocionados diante das descrições artísticas, aos quais muitos se emocionar visivelmente.





Para um artista principiante como eu, acredito que essa experiencia gera energia positiva o suficiente para acreditar que a arte pode transformar vidas e que todos nossos esforços fazem sentido quando temos a oportunidade para expor e retratar sentimentos por meio do fazer artístico instigado o apreciador encontrar consigo mesmo de uma forma singular. 

Trinta e quatro obras de arte compõem esta série apaixonante sobre cultura brasileira, as quais foram iniciadas em 2014. Apesar do tempo e da quantidade de obras continuo acreditar esse trabalho ainda pode ser ampliado. Portanto, o intuito desta exposição é resgatar um pouco as nossas heranças culturais, as tradições e costumes, ora despercebidas pelo cotidiano agitado das grandes metrópoles.




ALGUMAS OBRAS DA EXPOSIÇÃO
CULTURA BRASILIS



































Agradecimentos: 
North Shopping Fortaleza
https://www.northshoppingfortaleza.com.br/
Ao curador Marlon Silveira
Antonio Lopes: ((85) 98502 0433


Fonte:
MIRANDA, Dilmar Santos de História da Arte II - Do Romantismo à contemporaneidade. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE), 2010.
Imagens: Marlon Silveira, Noemi Da Silva, Acervo pessoal, 2018.

domingo, 15 de abril de 2018

ROCOCÓ

Rococó foi um movimento que surgiu no século XVIII após a morte de Luís XIV na França; a principal característica era a preocupação em apresentar traços suaves, em formas de conchas, cores como o verde claro e rosa tons pastéis. O requinte e a sofisticação atendia a uma sociedade aristocrata da época e em contrapartida ao barroco que tinha cores fortes e traços grotescos, linhas retorcidas para adotar formas mais requintadas e convencionais que remetesse ao sentimentos agradáveis e eram aplicadas aos interiores palácios.
A Origem do Rococó
É um termo de origem francesa, deriva-se de “rocaille” o mesmo que concha. O estilo Rococó tenta apresentar sentimentos agradáveis, perfeição por meio dos traços delicados em peças decorativas e era normalmente usado em ambientes internos dos palácios, portanto feita para aristocracia burguesa. De acordo com Imbroisi e Martins (2018), alguns historiadores acreditam que o estilo Rococó perdurou até 1780 com a reação da ideias neoclássicas.
Principais características:
As cores suaves contrastam com as escuras, como o verde-claro e o rosa-escuro, formas  sensuais, delicadeza e fluidez, textura suaves,  prazer e a futilidade.
Com o governo francês autoritário e centralizador de Luís XIV a tendência era ter uma característica mais clássica,  portanto para a satisfação e o prazer do Rei Sol, como gostava de ser chamado. Em 1715 após a morte do rei e com a mudança da corte de Versalhes para Paris a classe rica não aristocrática como banqueiros, financistas e homens de negócios passaram a  proteger os artistas visando o prestígio para serem aceitos na sociedade burguesa.  Com essa imponência os artistas direcionaram suas produções para esse novos clientes, confeccionando bibelôs, castiçais, relógios, peças de pequeno porte em gesso e cerâmicas que serviam para apreciação para compor  a decoração de uso domésticos. Assim, a sociedade aristocrática via na futilidade uma forma de fugir dos problemas reais.
Arquitetura
O Iluminismo foi a corrente principal para a inspiração na arquitetura do movimento Rococó. Começando pela Europa  entre 1700 e 1780, no período sucedido pelo barroco e depois sendo transferido para a Roma e Paris, onde Pierre Lepautre se consagrou com seu estilo inovador na decoração. A decoração Rococó compreendia por edificações com apenas dois andares, por fachada mais simples que o estilo clássico com uso mais alinhados e lisos, porém os balaústres, as cornijas e entablamentos se mantiveram, porém com formas curvas; Já os telhados possuíam dois declives de água, nas portas as janelas as arqueaduras apareciam com “volta perfeita” com saliências que serviam de suporte para estatuetas e vasos conhecidas como “mísulas”, enquanto o “ferro forjado” era bastante utilizado em grades, jardins, portas e varandas.
Nos jardins podemos observar uma composição com grandes relvados com árvores gigantes, “esculturas, rampas e lagos, pavilhões de caça, pequenos apartamentos, pagodes chineses e quiosques turcos”, onde costumavam acontecer “reuniões íntimas com fogos de artifício, festas de máscaras e celebrações públicas”. (IMBROISI e MARTINS, 2018).
No interior das edificações encontramos salas secundárias, escadarias e  divisões privadas para os donos da casa. Os salões e salas geralmente ovais eram os principais ambientes com baixas divisões, independentes, com pisos de madeiras, espelhos, candeeiros, lustres; com janelas e portas iluminadas. A decoração era composta por diferentes tipos de móveis e sobre estes o uso de pequenos bibelôs em prata ou porcelana. Nas paredes as cores claras faziam uma composição harmoniosa com o dourado e prateado usados nas molduras e telas, bem como na tapeçaria, afrescos e relevos bem como os cantos das paredes, pois só assim, os limites das paredes podiam se esconder por trás da decoração. Um exemplo de arquitetura Rococó é Salão da Princesa do Hotel de Soubise (1736-1739) em Paris, por Germain Boffrand e decorado por Nicolas Pineau, a Igreja de Vierzehnheiligen, Würzburg.
Pintura
Contrapondo ao Barroco com suas cores fortes, temas religiosos e dramáticos das imagens expressas, a pintura no Rococó apresenta temas mundanos, onde os parques e os jardins visivelmente presentes nas pinturas e nos interiores requintados. Todavia que o Rococó se preocupava apenas em mostrar a futilidade e o cotidiano da sociedade aristocrática, porém na pintura não era diferente.  Esquecer os problemas reais precisava também permear as obras de arte.
Para tanto, as cenas graciosas e a sensualidade sutil teriam que estar presentes. Dessa forma, “O Balanço (1768), de Fragonard” é um bom exemplo. Nessa obra podemos visualizar uma menina em um balanço, no jardim com roupas leves com babados de renda com pernas à mostras e cortejada por um moço  sem demonstrar nenhuma preocupação com os problemas da vida. Nessa mesma cena as cores rosa, o verde e os tons pastéis são predominantes, identificando o movimento rococó. Na vestimenta das personagens é bem comum a presença de roupas masculinas com babados nas golas e perucas brancas.
Com o uso da técnica do pastel os efeitos de leveza e suavidade, sedosidade, e maciez da pele, fluidez nos tecidos eram possíveis, bem como a luz e o brilho nas produções artísticas da época. Para ilustrar esse período podemos identificar vários pintores que se destacaram; Antoine Watteau (1684-1721), Jean-Baptiste Siméon Chardin (1699-1779), François Boucher (1703-1770), Jean-Honoré Fragonard (1732-1806), Canaletto (1697-1768), Francesco Guardi (1712-1793).  
Essas peças ao contrário de grandes pinturas em murais e painéis, como no barroco, produziam pequenos quadros para atender a classe rica não aristocrática como banqueiros, financistas e homens de negócios passaram a proteger os artistas visando o prestígio para serem aceitos na sociedade burguesa. Essas peças eram geralmente usadas nos pequenos espaços interiores entre janelas ou portas.
Escultura
A escultura no Rococó apresenta-se de acordo como Imbroisi e Martins (2018),  cronologicamente não é possível traçar estilisticamente uma divisão explicita entre o Rococó e o Barroco, assim como aconteceu na arquitetura e na pintura. Portanto, as figuras isoladas têm existência individual e próprias dependendo da coordenação dos grandes grupos, dessa maneira o importante é que fosse respeitado o “equilíbrio geral da decoração interior das igrejas”.
As linhas curvas e em forma de S e C faziam com que as esculturas se tornassem mais fluidas; a figura humana, o corpo alargado e silhueta caprichosa eram bem marcantes e elegantes. Existia também a preferência por esculturas decorativas e ornamentais para serem utilizadas como bibelôs, sem nenhuma função utilitária.
Nas composições escultóricas tem um sentido cênico e se enquadra como um cenário ao ambiente destinado. Para esse tipo de peça eram utilizados o gesso, madeira, porcelana, já nas grandes dimensões usava-se o ouro a prata a porcelana enquanto na decoração mural, a argila, o estuque e o gesso, pedra e bronze.
Ao grandes escultores do rococó, podemos citar: Jean-Antoine Houdon (1741-1828) Johann Michael Feichtmayr (1709-1772) e Ignaz Günther (1725-1775).
Esse texto corresponde a uma atividade acadêmica do curso de Licenciatura da  Artes Visuais-UECE/UAB

Por Lia Batista

Saiba mais:

Vídeo: Histótia da Arte 4
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=bN3jIXaturE>Acesso em: 08/04/2018

Bibliografia:
Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-barroca/rococo/>Acesso em:05/04/2018

quarta-feira, 11 de abril de 2018

MUSEU DO CAJU-EXPOSIÇÃO TÁTIL

   

Pintura em tela com deficiente parcialmente cego


Deficientes visuais experimentam arte pelo toque-Tela feita com relevos de bijuterias
                                 



   
      Pensar na acessibilidade na artes visuais é de extrema importância nossa contemporaneidade. Produzi arte pensar na inclusão de pessoas com necessidades especiais deve ser um compromisso de todos nós. Calçadas com níveis adequados para cadeirantes e com relevo é interessante, pois na vida do ser humano a qualquer hora podemos nos deparar com uma situação dessas. 


          De acordo com a UNESCO (2017), 45,6 milhões de pessoas tem algum tipo de limitação, dessa forma porque não pensar na inclusão desses indivíduo, tendo em vista que mais de um bilhão dessas pessoas estão espalhadas pelos continentes? 
DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009,  Reconhece na convenção v) "a importância da acessibilidade aos meios físico, social, econômico e cultural, à saúde, à educação e à informação e comunicação, para possibilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais", (PLANALTO, 2018).

 Diante dessa prerrogativa, vale salientar a importância do debate a respeito dessa inclusão, independe da raça, cor da pele, credo religioso ou outra qualquer necessidades especial; Todos indivíduo tem o as garantias legitimadas pela constituição brasileira.

E nesse sentido o Museu do Caju do Ceará se adéqua para a nova realidade na busca igualitária e mais humanística, com a criação de telas inclusivas para deficientes visuais. No dia 06 de março o Museu do Caju inaugurou a Exposição inclusiva, "Meu Caju, cajueiro". A arte inclusiva apresentou aos DV do Instituto dos Cegos do Ceará diversas esculturas e telas sensíveis ao toque para que  os apreciadores tivessem a oportunidade reflexiva sobre a cultura do caju. 

Com muita honra fui convidada a contribuir na produção das telas inclusivas, para esse evento. De forma que na inauguração acompanhei emocionadamente a apreciação pelos mais de quarenta alunos do Instituto dos Cegos. Experimentar a arte por meio do toque foi algo imensurável; sentir a felicidade desses alunos...não tem palavra s. Muitos deles se emocionaram, pois era a primeira vez que frequentavam um museu e tocavam as obras. No decorrer da visita ainda tive a ousadia de convidar um deficiente parcialmente visual à pintar uma tela.Foi muito emocionante. Lembrei-me da minha avó. E ao elaborar as telas me inspirei nas conversas e no tato dela. 
Logo abaixo podemos ver como ficaram as obras para deficientes visuais.

                            

ZEFINHA-A DAMA DO CAJU

A dama do caju-Uma mulher guerreira que lutou contra o preconceito da cor e se tornou uma das mulheres mais influentes, dona de grandes plantações de cajus Uma mulher estilosa e com um bom gosto fora do comum, que com muito trabalho e determinação consegui vencer as barreiras importas pela sociedade preconceituosa do século XX.Esta obra toda em 3D, com enchimento, uma colagem e costura de tela sobre a própria tela como se fosse uma impressão. Detalhes de reaproveitamento de resíduos sólidos-cabelo de linha sintética, varanda de rede em crochê no babado da blusa, cesto de caju de material de filtro automotivo, olhos de botão e cílios bordados, flor de tecido, boca de feltro com enchimento de sintético, colar de verdade, brincos de medalhar escolares com aplicação de bijuterias autocolantes e por fim o fundo e a cor da pele da Zefinha é toda pintada em óleo.

VENDO O TEMPO PASSAR- Um paradoxo, como pode um cego vê o tempo passar?  Esta obra abaixo apresenta relevos nos cajus, na cerca e no personagem com linhas para serem percebidas ao toque dos dedos. Nela também usei, palitos, arame, areia,  e tinta relevo para pintar os cabelos e o contorno da blusa.


CAJUS SOLTOS-Nesta obra a tinta acrílica compões o fundo acompanhado das texturas que foram bem diferentes. Tecido, feltro, papel, papelão, carpete e a própria castanha do caju fizeram um relevo em 3D mais avolumado.


Esta obra de arte foi produzida sobre placa de MDF, (reutilizando madeira de móveis velhos). Para compor o fundo utilizei pigmentos acrílicos, tinta relevo e espátula bem como as bijuterias de diferentes tamanhos e modelos, fazendo uma espécie de mosaico para que o deficiente visual possa identificar a figura impressa.

Confesso que o desafio foi grande mais o prazer de estar presente naquele momento de inauguração foi emocionante.

                                         

Fontes:

PLANALTO<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm> Acesso em: 10/0/2018
UNESCO<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/inclusive-education/persons-with-disabilities/#c1605798> Acesso em: 10/04/2018
Imagens: Lia Batista e Gerson Gladson Linhares-2018
 Disponível em: <https://www.facebook.com/museudocaju.doceara> Acesso em: 11//04/2018

HUMANISMO


O Humanismo é, historicamente, um movimento de base filosófica e de ruptura com os valores medievais dominantes da época. Tal movimento remonta ao período do Renascimento quando o pensamento filosófico se concentra no homem e no seu modo de atuar no mundo, deixando de lado a noção de uma divindade provedora de todo o sentido existencial do homem. 
Sendo assim, a natureza humana passa a ser enfatizada dando ao ser humano a consciência de sua autonomia, o que lhe proporciona mais liberdade nas escolhas e decisões dentro desse estado de consciência das próprias potencialidades. A partir desse movimento, o indivíduo constitui-se como elemento central do mundo, isto é, o antropocentrismo é adotado como ideologia, em resposta negativa ao teocentrismo do Renascimento, que colocava Deus como centro do universo.
Com o surgimento das teorias psicogenéticas, o Humanismo é apresentado como a Terceira Força da Psicologia na metade do século XX nos Estados Unidos, juntamente com as devidas contribuições da Teoria Comportamental e da Psicanálise. Surge com o intuito de formalizar seus estudos no indivíduo e em suas potencialidades em prol da análise e compreensão de sua capacidade de realização e crescimento pessoal como as peças-chave do comportamento humano. 
Dessa forma, o indivíduo pode descobrir novas experiências e obter resultados satisfatórios a partir delas, bem como desenvolver sua criatividade e sua individualidade nesse processo de aprendizagem de si mesmo. Portanto, a Teoria da Psicologia Humanista tenta resgatar o estado da subjetividade cujo objetivo é priorizar qualitativo e quantitativamente os métodos científicos que envolvem a psicologia humana. A Teoria Humanista trouxe uma resposta às influências negativas do pensamento humanista do Renascimento. Dentre as diversas vertentes humanistas, destacamos aqui a escola norte-americana, representada pela psicoterapia humanista-existencial de Carl Ransom Rogers e Abraham Harold Maslow.
A abordagem de Abraham Maslow apresenta uma hierarquia das necessidades, cuja proposta tem como base a satisfação diante do esforço de cada indivíduo para conquistar suas necessidades pessoais e profissionais de forma hierárquica e gradual, do nível mais baixo para o mais alto até atingir a sua satisfação plena e sua autorrealização. Assim, o psicólogo americano conseguiu definir e dispor cinco necessidades, que vão desde as primárias ou básicas (fisiológicas e as de segurança) e as secundárias (social, estima e autorrealização). 
Segundo a pirâmide de tal hierarquia concebida por Maslow, temos as necessidades fisiológicas, que são as que determinam a sobrevivência humana, sem as quais o indivíduo não se mantém vivo. As necessidades de segurança estão ligadas à segurança ao trabalho etc. As necessidades sociais estão relacionadas à harmonia, à socialização, ao afeto e às pessoas do sexo oposto. As necessidades de estima dizem respeito ao reconhecimento feito por nós mesmos e o reconhecimento dos outros, levando em conta a dignidade, respeito, prestígio etc. As necessidades de autorrealização estão relacionadas com autonomia e independência, representando a capacidade do potencial e do autocontrole humano.

Imagem 1. Hierarquia das necessidades por Maslow 

Já a concepção humanista de Carl Rogers é apoiada na ideia de que todo ser humano é dotado de uma capacidade de crescimento permanente, independente das condições externas, o homem tende naturalmente a modificar-se em prol da sua realização pessoal. Segundo o psicoterapeuta, é de suma importância para a promoção desse crescimento pessoal o tipo de relação que o homem estabelece com os demais, pois a constituição do self depende da interação com o outro, da partilha de vivências e das mudanças em direção ao aprimoramento de suas potencialidades. Em sua prática como psicólogo, Carl Rogers estabeleceu três atitudes fundamentais para a interação plena e satisfatória entre terapeuta e paciente: a autenticidade, a aceitação incondicional e a empatia são as ferramentas do trabalho de quem lida com as idiossincrasias do outro.
A educação humanista proposta por Carl Rogers considera o professor um facilitador no processo de aprendizagem do aluno, tendo em vista a autonomia e o desejo deste em aprender. O professor deve assumir o papel de quem propicia momentos, recursos, estratégias e incentivo na condução dessa aprendizagem individual e coletiva, pois cabe ao mestre suscitar e mobilizar seu aprendiz no exercício do seu autoconhecimento e do conhecimento do mundo que o circunda, com os desafios, obstáculos, crises e alegrias advindas da descoberta do saber e do (con)viver.
Atividade de Psicologia do Desenvolvimento do Curso de Licenciatura em Artes Visuais UECE/UAB
Por Lia Batista e Maria Lúcia Barbosa Alves
Referências:
NUNES, Ana Ignez Belém Lima; SILVEIRA, Rosemary do Nascimento. Psicologia da Aprendizagem. 3ª ed. rev. Fortaleza: EdUECE, 2015.
Disponível em:
HUMANISMO <https://conceito.de/humanismo/> Acesso em: 28/01/2018
HUMANSMO <https://www.significados.com.br/humanismo/> Acesso em: 28/01/2018
Imagem:
Carl Rogers. Documentário apresentado por Ana Gracinda Queluz Garcia. Série Educadores. Brasil, 2007. 35min.