quinta-feira, 11 de abril de 2019

VÓ LUIZA-LONGEVIDADE E CUIDADOS ALÉM DA ESTÉTICA.

             

               Idade não é pretexto para a pessoa idosa se inativa. Chegar aos 95 anos de parece um tanto distante quando estamos na flor da idade. O Brasil está envelhecendo. Em um futuro bem próximo teremos um aumento expressivo de pessoas idosas; isto fruto da busca pela qualidade de vida e a decrescente taxa de natalidade. Há de se questionar o quanto precisamos fazer valer os direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso, que além de ser moderno não é cumprido em sua totalidade.
                De acordo com Thaty (2017), o após os 60 anos manter a autonomia e independência está ligada diretamente a qualidade de vida e é dessa forma que o idoso permanece ativo desde que esteja inserido em práticas cotidianas que evitem o isolamento, a tristeza e por conseguinte a depressão. As atividades físicas, artísticas, a interatividade e companhias agradáveis são essenciais, sobretudo o carinho e o afeto familiar.
                É doloroso saber que muitos idosos são abandonados em asilos mesmo tendo familiares na mesma região. Eu mesma já visitei algumas entidades de acolhimento de idoso em que os colaboradores acolhem muitos perambulando pelas ruas, famintos, descalços e maltrapilhos. Que respeito podemos ter por aqueles que contribuíram com essa sociedade e que quando chegam em uma certa idade são usurpado de seus direitos? Será que a idade não vai chegar para nós que almejamos ter uma velhice?
                 A educação é a resposta para esas perguntas. Não necessariamente precisar ser uma família de classe alta, tendo em vista que muitos idosos vivem nas periferias das grandes metrópoles em suas calçadas e praças a jogarem conversa fora; atividades os levam a fazer crochê, jogar baralhos e fazer caminhadas. Às vezes as pessoas perguntam se eu faço arte porque já estou pensando na velhice e eu respondo que ela está a caminho.
                Cada dia percebo que essas atividades podem prolongar os anos e aliviar alguns transtornos recorrentes da longevidade. Um exemplo é o trabalho que acompanho com algumas idosas e vejo como estas anestesiam um pouco as dores. 
                  A arte trabalha a sensibilidade e dignifica o ser humano. As práticas artísticas quando bem orientadas alivia a tristeza, melhora a autoestima e as empoderam. 
        A Vó Luiza (95 anos) pode ser um exemplo de vida para todos nós. Apesar de doenças degenerativas como pressão alta, diabetes e artrose se mantém ativa com exercício físicos ao acordar, com a produção das bonecas de pano,  fuxico, a pintura e a vontade de aprender sempre; tudo isso regado de muita conversa com a vizinhança, atividades religiosas e o carinho da família.  
               “Por seis anos consecutivos, a Holanda foi apontada por ter o melhor sistema de saúde entre 35 países da Europa os idosos também vivem melhor do que os de outros países” Se nossos avós viviam 30 anos menos que nós, desde já precisamos colocar em pauta a discussão  sobre a essa tal  longevidade. “Especialistas alertam que o Brasil vai envelhecer antes de enriquecer, e isso aumenta os desafios” (THATY, 2017). Já que enriquecer parece utópico para a população brasileira, nada melhor que mudar o foco e pensar em outras alternativas para a idoneidade. Precisamos de alternativas viáveis para ocupar e cuidar dos nossos idosos. Respeito carinho, atividades que os mantenham lúcidos.
             Além de todos esses cuidados a saúde fragilizada do idoso precisa ser alcançada com amplitude pelas políticas públicas. “Hoje, 12,5% dos cerca de 50 milhões de usuários de planos têm 60 anos ou mais. Quase 90% sofrem de algum tipo de doença crônica, como diabetes, artroses e câncer” (CULLUCI, 2018).
                             Vale salientar que a renda do brasileiro nem sempre permite a aquisição de um plano de saúde. Dessa forma as políticas públicas precisão ser repensada.   
        
         No SUS, os gastos com o envelhecimento poderão atingir R$ 115 bilhões por ano em 2030, hoje estão em torno de R$ 45 bilhões anuais. Atualmente, 70% dos idosos dependem exclusivamente do sistema público. (CULLUCI, 2018).

           É desafiador pensar nessa estatística e vê que em muitos países o idoso é tratado com dignidade. O que vamos fazer para mudar esse cuidado com nós mesmo no futuro? 
Se o futuro já chegou pra Vó Luíza, tal vez haja uma explicação para se manter ativa. Além da chegada dos retalhos na casa dela é sempre um motivo de festa, sua serenidade nos impressiona; Pode ser essa uma das causas que a beneficiam, pois com seus 95 anos parece não ser um peso para ela mesma, nem pra família. Neto não “apita” na vida dela. Além das artes e travessuras que faz, ainda consegue fazer uma “comidinha de vó”, lanche para quem chega e a boa tapioca com café ou chá de capim santo (como ninguém). Neste mês foi matéria da imprensa local, onde relata sua experiência com as bonecas tradicionais e os fuxicos.
Ao adquirir bonecas para a filha, olha o  carinho do repórter Márcio Dornelles, para com a  Vó Luiza?

        Fruto da onda do bem, a arte da Vó Luiza, como é carinhosamente chamada Luiza Costa, de 95 anos, ganha novos lares. Apesar da idade, ainda pinta e faz bonecas de pano para a venda. Ri ao afirmar que a visão já não é a mesma e outro dia furou o dedo costurando, mas não para. Além da renda obtida, é um incentivo para se manter ativa. (DORNELES, 2019). 

               Com certeza ela tem mais um motivo para se empoderar. 
          Portanto, envelhecer é um processo natural que deve ser encarado com inserção de boas práticas dentro de uma visão ampla dos nossos direitos e deveres. Mesmo diante das limitações que ocorre com a longevidade é preciso educar as novas gerações para que os idosos sejam bem acolhidos. Precisamos reivindicar as politicas publicas de qualidade assim como a falta de acessibilidade urbana, a saúde, dentre outra. Cuidar do idoso deve ser uma um dever de todos não uma obrigação para isso é preciso inserir sua participação contínua na sociedade,  seja na cultura, na espiritualidade, economia só assim mundo mais será mais sustentável e o idoso mais feliz.
                                                                 

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                                                      Na rua com as amigas idosas


Visita ao Museu do Caju 16/07/2019
Ao lado da Escultura de Lia Batista com mais de 700 fuxicos feitos por Vó Luisa.

 Imagens: Francisco Paixão-16/072019

Filmagem para a TV Janfgadeiro 19/07/2019
Fazendo tapioca




Imagens: Rute Batista 19/07/2019.
Participação especial em matéria para homenaagem ao dia das vovós.

Imagens: Arquivo pessoal Lia Batista. 04/2019



Fontes:

DORNELES, Marcio. Projetos sociais fomentam lideranças políticas em bairros da Capital. Diário do Nordeste, Fortaleza, 09 abr. 2019. Política, p. 20.

GOLLUCI, Cláudia. Estudos sobre a terceira idade apontam que Brasil chegará à velhice mais pobre e menos saudável. Folha de São Paulo, São Paulo, 20 mai. 2018.

THATY, Monica. Envelhecimento: o papel do idoso ativo na sociedade e no mercado de trabalho - Bloco 3. Radio Câmera. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/528095-ENVELHECIMENTO-O-PAPEL-DO-IDOSO-ATIVO-NA-SOCIEDADE-E-NO-MERCADO-DE-TRABALHO-BLOCO-3.html> Acesso em: 11/04/2019

Imagens: Lia Batista-2019. Acervo pessoal

terça-feira, 2 de abril de 2019

MOVIMENTOS E ESTILOS ARTÍSTICOS

             Resultado de imagem para arte

Imagem: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=arte&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi2nsnp07HhAhUAHbkGHeT2Ao8Q_AUIDigB&biw=1517&bih=694#imgrc=Se5tAqwxaNzhAM:> Acesso em: 02/04/2019
       
              Relacionar o estudo dos elementos visuais  com os movimentos e estilos artísticos abordados por  Maria Salet Rocha,  seria o mesmo que pensar o potencial do artista com toda sua capacidade criativa, adequando naturalmente a um estilo ou movimento artístico.  Sabemos que os princípios das Artes Plásticas residem em seus elementos estes são imprescindíveis para a corporificação das composições artísticas. 
                Assim podemos citar: as  linhas e suas derivações; a superfície e suas duas dimensões; a cor e a luz, onde sem a mesma só restaria a escuridão e o volume que é formado por linhas e superfícies que somados à  luz  e cor  formam uma figura tridimensional, formando a percepção artística volumétrica.
            Na realidade os elementos abordados acima foram se desenvolvendo ao longo da história, juntamente com a formação do homem uma adequação à realidade  temporal e espacial. Vejamos a Pop Art, ou arte popular, que teve seu início na Inglaterra, manifestou-se mais  intensamente nos Estados Unidos, esta corrente artística incorpora as idéias irreverentes da época, o dadaísmo. 
          No Brasil por exemplo, podemos associar o estilo Barroco a uma situação social de nossa  época, em que o Brasil por ser um país místico teve uma identidade cultural com o Barroquismo,  preenchendo todas as características, tornando-se um solo cultural fértil para superar as diversas outras manifestações culturais existentes no país.  
        Já o  Cubismo surge com mais ênfase na França, este ousava  alterar a maneira de ser da perspectiva, tratava de decompor, para indicar liberdade, o que continua até hoje enquanto o Construtivismo e o Suprematismo Russo, surgem como elementos de  Revolução, violência e arte. 
     Todavia, o Impressionismo francês buscava novas formas de representar o mundo. O Expressionismo  e impressionismo; no Brasil, o expressionismo foi fortalecido através das obras de Cândido Portinari.  Romantismo, Naturalismo, Realismo e Neoclassicismo e outros, formavam movimentos artísticos que ditavam as relações dialéticas de cada época.
            Seria coerente pensar que os movimentos e correntes  abordadas pela autora influenciam até hoje as mais diversas práticas artísticas, pois seja qual  for ela, considero ferramentas essenciais de apoio técnico nas práticas e vivências de qualquer profissional das artes visuais. Portanto o artista será sempre o protagonista de seu tempo independentemente de qualquer estilo ou movimento que retrate em suas obras.
          "Com base na compreensão desse fato, é possível dimensionar a incrível capacidade de criação e interpretação do homem-artista, uma vez que a energia criadora que o move também é infinita e permanentemente mutável" (UNIVERSIA,2019).

Fontes:

ROCHA, F. Maria da Salet, Fundamentos das Artes Plásticas .2ª Edição 2011. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE).

O QUE É ARTE?  Texto. ENEM Universia. Disponível em: <http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto-html.xhtml?redirect=72150398214330272347473894707> Acesso em: 02/04/2019.



FORMAS DE EXPRESSÃO ARTISTICAS



Imagem: <https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303293-d8515191-i144641960-Fortaltur-Fortaleza_State_of_Ceara.html> Acesso em: 02/042017.

          As obras de artes da cidade de Fortaleza estão espalhadas por pontos estratégicos, onde provavelmente tem algum significado importante de acordo com sua representação histórica. Esculturas, teatros, pinturas, grafites, centros culturais, etc. Dentre elas a que mais me chamou atenção foi à representação artística escultural que envolve a lenda do romancista José de Alencar. Estas estão localizadas por algumas praças, como: a Estátua de Iracema na lagoa de Messejana, a Guardiã da Beira Mar e a do Mucuripe; esta última representa o português Martins Soares Moreno com sua amada Iracema, o filho Moacir e seu cachorro Japi. Este monumento foi produzido pelo artista plástico pernambucano, Corbiniano Lins, inaugurada em 1965 e restaurada em 2012, por Franzé D’aurora (MAGALHÃES, PRICILLA 2013).
Em se tratando de produção artística existe uma gama de materiais podem ser usados como uma variedade de  insumos em geral, que podem ser utilizados por diversos fins. Nesse contexto obseramos os estados em que a arte pode se apresentar, que vão desde Arte Figurativa, Abstrata, Gestual, Estrutural, ou outra qualquer.  Usando dessas atribuições é fundamental que sejam discutida e aplicadas no contexto escolar, pois é uma forma de trabalhar a criatividade, cognição, interatividade e a liberdade de pensamento desde a primeira infância. Para isso a diversidade de materiais é bem abrangente, como por exemplo: a massa de modelar, o papel, a argila, metal, os materiais recicláveis e até as esculturas digitais e das atuais impressoras 3D.
A partir dessas propostas o Arte-Educador deverá ter a responsabilidade de instigar e acompanhar o desenvolvimento na prática artística possibilitando a relação coerente com a linguagem visual dentro do seu planejamento cotidiano em sala de aula. A manipulação desses elementos das artes plásticas deve ser trabalhada abordando os eixos norteadores de aprendizagem. Assim, o fazer artístico, a apreciação do universo artístico, a reflexão devem sempre respeitar o conhecimento sociocultural de cada aluno.
Logicamente que trabalhar a história de nossos antepassados, como do romance de José Martiniano de Alencar na prática artística com jovens e adolescentes é menos interessante que trabalhar a arte contemporânea ou o grafite, mas cabe ao Arte-educador descobrirá a melhor maneira de aplicar exitosamente um tema como esse nessa faixa etária, pois só assim tentará o resgate  narrativo por meio das aptidões artísticas apresentadas.  
Em minha opinião, o mais importante da inserção das práticas da educação visual  na escola é impulsionar a sensibilidade e aprimoramento dos códigos influenciando na "inteligencia visual" (Mansur, 2017), logo é possível tornar o aluno um observador, questionador e apreciador dos objetos que se apresentam ao seu redor. Assim o aluno pode assimilar que a contemplação vai além da capacidade do simples “olhar biológico” já que o poder da observação propõe um diálogo íntimo, progressivo, dinâmico, como um mergulho da sensibilidade do eu.
Certamente para a criação das esculturas das estátuas da India Iracema espalhadas por Fortaleza provocaram em seus artistas momentos de contemplação desde a leitura da escrita elaborada pelo autor José de Alencar, perpassando por uma volta imaginária ao passado e muita pesquisa dos aspectos sócio culturais da época para a produção de cada obra de arte. E logicamente, que os escultores tiveram como inspiração outras referências artísticas como pinturas, adentrando às fantasias do escritor para produzir as releituras.
Só para enfatizar, que a estátua da lagoa de Messejana, foi construída em 2004 e a escolha dessa imagem passou por uma seleção entre várias modelos de Fortaleza, tendo como musa inspiradora Natália Oliveira, ex-integrante-BBB (CHAVES, 2005); a estátua mede “12 metros de altura e pesa 16 toneladas” (BENTO, 2012).
Baseado nesses moldes, o educador deve conduzir sua didática dentro ou fora da sala de aula promovendo aos alunos o fazer artístico dinâmico dentro de uma apreciação coletiva ou individual instigando a reflexão construtiva ao longo ou término de cada etapa tralhada deixando seu legado histórico dentro compreensão da linguagem visual.

Por Eliane Batista Barbosa (Lia)

Bibliografia:

ROCHA, Maria Salet. FUNDAMENTOS DAS ARTES PLÁSTICAS 2. ed. Minas Gerais: UAB/UECE, 2011.

Disponível em: <http://www.feriasnoceara.com.br/pontos-turisticos/estatua-de-iracema/> Acesso em: 31/08/2017

O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO VISUAL DOS EDUCANDOS EM IDADE PRÉ ESCOLAR
Natália Mansur/PDF, 2017

domingo, 31 de março de 2019

ARTE E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO


               


A arte faz parte da história da humanidade desde o período Paleolítico, onde os desenhos nas rochas e cavernas tentavam comunicar sobre o cotidiano das civilizações de uma forma rudimentar.  Tudo isso nos faz pensar que esse tipo de comunicação embora rudimentar tem em sua essência  as incógnitas sobre a nossas origens.
           Mesmo antes de ser classificada como arte, os desenhos rupestres tinham suas significâncias extraordinárias e apesar da chamada “evolução humana” acredito que muito pouco ainda se conhece sobre os nossos antepassados. No Brasil, por exemplo, os Sítios Arqueológicos como a Serra da Capivara no Piauí ainda pode ter muitas obscuridades relacionadas a origem do homem brasileiro.
             Nesse sentido a Arte, embora muitos a tratem como fruto do ócio ou privilégio de poucos, precisa ser vista como uma ferramenta pedagógica essencial para a formação e construção do saber seja ela formal ou informal.
         Apesar de todo esse preconceito, o Ensino da Arte no Brasil tem seu desdobramento relacionado às mudanças significativas das tendências contemporâneas as quais percorreram uma trajetória que se iniciou com a Missão Artística Francesa e com a transferência de D. João VI, no século XIX (PIANOWSKI; GOLDBERG, 2015 p.10).
        De acordo com as interferências socioculturais o Ensino de Artes deve se embasar nas tendências pedagogias, porém cabe ao arte-educador  escolher qual delas se aproxima da realidade de seus educandos.
            Para um bom aproveitamento da educação em Artes Visuais no Brasil, o professor deve ser devidamente qualificado para propor atividades curriculares condizentes ao seu posicionamento frente ao novo perfil de aluno, podendo ser escolhido criteriosamente entre tradicional, libertador ou transformador.
        Para tanto, os métodos e técnicas, planejamento e execução devem estar alinhados à tendências pedagógicas para que os resultados avaliativos tenham a sua eficácia na formação humana desde a infância, pois cabe ao educador usar criativamente dos recursos  artísticos, evitando o retrocesso.
        Para tanto, vale salientar que uma delas é a tendência Progressiva Libertadora que surgiu na década de 60, com as ideias do educador Paulo Freire. A “busca da transformação da prática social das classes populares” tem o objetivo de conscientizar e promover o diálogo igualitário entre educador e estudantes, sem necessariamente seguir um programa estruturado dependendo ser adaptado de acordo com cada contexto e suas realidades.
        Dessa forma a aprendizagem deve ser pautada em temas relacionados às vivencias dos educandos para que se possa promover a reflexão, compreensão e criticidade da arte. (PIANOWSKI; GOLDBERG, 2015 p.19).
          Outra característica é a possibilidade observação da “autogestão e não-efetividade e autonomia como forma de resistência”, onde os estudantes podem ter a liberdade quanto as escolhas e métodos de acordo com os interesses do grupo. Assim, essas características contribuem democraticamente na formação do indivíduo dispensando o engessamento do conteúdo pra uma aprendizagem mais livre e reflexiva baseada, sobretudo no cotidiano do cidadão. Dessa forma, o aluno torna-se sujeito ativo e produtor da sua própria história.
          Segundo Freire (1987, p. 29), “o diálogo critico e libertador” deve ser feito com o oprimido independente da condição frente a sua “luta por sua libertação”, portanto as tendências contemporâneas de liberdade do indivíduo deve levar em consideração esse posicionamento para permitir maior criticidade.
      Portanto, o Ensino da Arte permite que essa “função crítico-transformadora”, perpasse as ideologias para fortalecer as mudanças sociais, culturais, sobretudo como uma ferramenta pedagógica de conscientização política (LOSADA 2013, P.52).

                                    A educação em artes visuais requer trabalho continuamente informado sobre os conteúdos e experiências relacionados aos materiais, às técnicas e às formas visuais de diversos momentos da história, inclusive contemporâneos. Para tanto, a escola deve colaborar para que os alunos passem  por um conjunto amplo de experiências de aprender e criar, articulando percepção, imaginação, sensibilidade, conhecimento e produção artística               pessoal e grupal. (BRASIL, 1997, p.40).

            Logo, o Ensino de Artes Visuais suscita questionamentos para a formação de um sujeito sensível, criativo e participativo. Dessa maneira ele será capaz de buscar soluções racionais que ultrapassem as fronteiras do cotidiano, com autonomia para entender a história das civilizações podendo argumentar contra o preconceito, as desigualdades na tentativa de encontrar a soluções transformadoras para a sua luta individual e coletiva.


BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf> Acesso em: 19/02/2019.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido: 17.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

PIANOWISK, Fabiane; GOLDBERG, Luciane. Artes Plásticas: Metodos e técnicas do ensino de artes. 3. ed. Fortaleza  - Ceará: UECE, 2015.
LOSADA, Terezinha. Tendências contemporâneas do ensino de artes / Terezinha Losada – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013.


quinta-feira, 21 de março de 2019

DESAFIO DO ENSINO DE ARTES VISUAIS NO BRASIL

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Discorrer sobre do Ensino de Artes Visuais no Brasil é um tanto desafiador, pois, a sociedade tem uma visão distorcida a ponto ignorar a importância dessa prática de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento intelectual e cognitivo do indivíduo.  Por conseguinte a presença do arte educador em sala de aula é  negligenciada, assim como o não investimento em infraestrutura, material didático, má gestão, bem como das políticas educacionais de qualidade.  
É fato que, que os Parâmetros Curriculares Nacionais asseguram o valor formativo ao profissional de Artes, pois sabemos que a Arte está intrinsecamente relacionada ao indivíduo desde a antiguidade.  Dessa forma as instituições educacionais brasileiras têm a legitimidade de implementação das práticas artísticas nas mais diferentes séries, pautadas nas concepções de ensino das práticas docentes (CUNHA 2012, p. 8).
Pianowiski e Goldberg (2015, p. 46), fazem indagações sobre o ensino de artes em que não é apenas seguir um “roteiro pré-determinado para que os resultados sejam alcançados”. Diferentemente de outras disciplinas é precioso compreender, saber como aplicar os métodos e técnicas que possibilitem ao aluno uma vivência sensível e experimentação mais interativa em qualquer modalidade, quanto à leitura, produção e contextualização do processo artístico. Para tanto, a avaliação deve ser individualizada sem os critérios rígidos aplicados tradicionalmente em outras disciplinas.
Logo, a prática docente em Artes Visuais nas instituições nem sempre são condizentes com os aspectos históricos, culturais e sociais, além da falta de estrutura física, a precariedade de materiais didáticos, dentre outros, que deixam à mercê as aptidões da comunidade escolar.
Sabemos que o Ensino de Artes Visuais vai além da pintura, do uso dos pincéis e tintas, perpassando as questões teóricas promovendo o espírito critico, a cidadania, sobretudo, quando este indivíduo percebe sua capacidade de aquiescência de outros saberes. Segundo Barbosa e Coutinho (2011, p. 50), o saber democrático que respeita a diversidade cultural é uma “tendência pós-moderna”, de abordagem da Proposta Triangular, pois é dessa maneira que a arte deve ser vista. Pois só assim, o educando será capaz de problematizar e construir a sua autônoma e ser consciente das atribuições relacionadas aos seus direitos e deveres.
Os desafios atualmente são grandes, principalmente na escola pública. Algumas instituições de Educação Infantil, por exemplo, o Projeto Ateliê tenta se inspirar na Pedagogia de “Loris Malaguzzi em Reggio Emília” – Itália (NEVES 2019), porém, as tentativas são desafiadoras. As professoras se reinventam todos os dias para cumprir as múltiplas etapas pedagógicas corriqueiras e ainda assumir inclusive o papel de “atelierista” e artistas visuais sem a mínima qualificação.
 Percebo que até tentam, porém a exaustão é perceptível por lidar com o acúmulo de funções ao mesmo tempo, adequação das estruturas ambientais aos pequenos, pesquisar sobre artes e ainda ter que conseguir materiais didáticos minimamente necessários.
Como voluntária tive a oportunidade de colaborar com alguns projetos de Artes Visuais como: exposições coletivas, murais coletivos, oficinas da boneca Abayomi para sensibilizar a comunidade escolar sobre a relevância das artes na promoção da cidadania. Acredito que foi proveitosa essa experiência tendo em vista a indicações por parte das instituições para outros locais.
Logo, diante das tecnologias digitais, o arte educador precisa estar apto a lidar com soluções inovadoras para as mediação artísticas, já que “a necessidade humanizadora da arte como expressão do ser implica na ampliação do processo afetivo, solidário, interpretativo, criativo pautado pelo respeito, para cada ação humana” (BRAVOS 2018, p. 85).
Dessa maneira é indispensável a capacitação do profissional de Artes Visuais e que este se preocupe com projetos exequível, a fim de instigar a imaginação na descoberta novas poéticas. Só assim será possível desenvolver métodos e técnicas capazes de apontar o caminho que possibilite a vivência e experimentação da leitura, produção e contextualização do processo artístico na contemporaneidade em qualquer modalidade artística. 
Assim, o profissional de artes também deve ter o conhecimento sobre as as tendências do ensino  bem como as “reformas” educacionais que apontam para questões de ordem estrutural e pedagógica, abrigando embates teóricos e político-ideológicos" para enfrentamento dos novos discursos quebrando os paradigmas ideológicos, econômicos, filosóficos e político no campo educacional (ROCHAS 2010, p. 89).  Portanto, negligenciar  a capacitação do professor e o investimento em políticas educacionais é relegar o desenvolvimento intelectual, cognitivo e humanizador do indivíduo. 

OBS: Parte deste conteúdo refere-se a atividade de Métodos e Técnicas do Ensino de Artes, disciplina aplicada no Curso de Licenciatura em Artes Visuias-UAB/UECE

Referenciar:
BARBOSA, Eliane Batista. DESAFIO DO ENSINO DE ARTES VISUAIS NO BRASIL. 
Disponível em: <https://ecoarteliabatista.blogspot.com/b/post-preview?na token=APq4FmBfc84Kq-ysx1um7Yuuv7HMvpDV9ARlK11xtEoZC4HBeEtq1H2aor3iRwbMZcAMJtdALS5da3zIlpB6abt5FAN4XEUEfNDvQgHXvICy2PGOULfgkm9_uLMQXA0_e3ICLIqlE-2y&postId=3382377244511967009&type=POST>
Bibliografia:
BARBOSA, Ana Mae; COUTINHO, Rejane Galvão. Rede São Paulo de Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP. Ensino Fundamental II e Ensino Médio. 2011. P. 
2ed_art_m1d2.pdf
BRAVOS, Kelsen. Os Jovens e a Leitura. CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura. Fascículo 6. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE. ) 05/2018. P. 85.
CUNHA, Julia M. de J. ENSINO DE ARTES: DIFICULDADES, EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS Periódico de Divulgação Científica da FALS. Ano VI - Nº XIV-DEZ / 2012.

NEVES, Gisele. EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO INFANTIL: REGGIO EMILIA UM NOVO OLHAR PARA A EDUCAÇÃO. Meu Artigo. Brasil Escola. 2019. Disponível em: <https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/educacao-infantil-reggio-emilia-um-novo-olhar-para-educacao.htm> Acesso em: 25/02/2019.

PIANOWISK, Fabiane; GOLDBERG, Luciane. Artes Plásticas: Métodos e técnicas do ensino de artes. 3. ed. Fortaleza  - Ceará: UECE, 2015. 

ROCHA, Antônia Rozimar Machado  História da Educação. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE). Ed. 2. 2010.

Imagens: Acervo pessoal-Lia Batista. 2017/2018



segunda-feira, 4 de março de 2019

PINTURA "NEM SE DESPEDIU DE MIM"




Ficha técnica:
Título: "NEM SE DESPEDIU DE MIM"
Técnica: Mista
Dimensão: 60cmx82cm
Ano: 2016
Categoria: Assemblage
Artista: Lia Batista

PROCESSO CRIATIVO

                       Essa obra de arte foi inspirada na música nordestina de Luiz Gonzaga "Nem se Despediu de Mim" e faz parte da série Cultura Brasilis. A ideia de produzir uma obra dessa relevância não surgiu à toa. Por apreciar a cultura e a música nordestina em especial de Luis Gonzaga procurei compor neste trabalho uma imagem que lembra os traços físicos do ator Chambinho como personagem contemporâneo e que representa muito bem o "Rei do Baião" em cenário tipicamente nordestino com as característica peculiares do chapéu de couro, sanfona e gibão.
                            Produzida na técnica mista em óleo,   pincéis chato de número 18, 12, 4  e espátulas. Com preenchimento tipo  pintura de fundo e para o personagem  usei a técnica de pintura em camadas finas (veladura) e para a vegetação foi utilizada a espátula e pincéis. 
                            
                          De acordo com Pianowiski e Goldberg (2015, p. 111), As transparências obtidas por meio do óleo de    denominada de velaturas, podemos obter uma imagem com profundidade e que de tão fina que é a camada as vezes só se consegue descrever as cores por mio de um microscópio. Eu por exemplo costume fazer isso diretamente na tela, por isso nunca consegui copiar com precisão a  mesma obra fielmente.


                         Como de costume uso a marca  Acrilex em meus trabalhos  por terem uma cartela de cores diversificadas e de ótima qualidade. Nesta obra usei as tonalidades  como: azuis, verdes, branco, marrom Wandick, ocre, sombra queimada, amarelo indiano, preto, amarelo pele, vermelho e laranja. 

                       Para o chapéu foram usados bijuterias velhas, como estrelas em aço, tradicional couro e o relógio, este  para dar enfase a poética musical e promover um diálogo da contagem das horas e despedida que o autor retrata na música. Os cactos representam a seca e a resistência e a perseverança de dias melhores do povo do sertanejo. A sanfona foi produzida com um filtros de ar automotivo alinhavada sobre a tela e esta caracteriza a identidade do "Rei do Baião". Essa técnica é chamada de assemblagem por se tratar de agregar vários materiais aos quais o artista achar interessante para a composição da obra. 
                 
                  Esse tipo de técnica é muito usada na arte contemporânea tendo em vista a  disponibilidade de resíduo estão disponibilizado no meio ambiente. Esse trabalho também serve como uma "manifestação de protesto" em que se pretende levar o espectador a reflexão sobre o consumo inconsciente e o tratamento incorreto do lixo e suas consequências.
         
                       O reuso do filtro nessa obra pode ser  do automóvel "Royalit Free", composto de papel e uma espécie de resina que dar maior resistência podendo ser lavado levemente. Esse é o procedimento que faço antes de reusar esse material. 

                                                                  CONCEITO DA OBRA

                     Não há dúvida que a cultura é um processo de leitura que nos apresenta uma diversidade de signos que identificam a origem e o cotidiano de um povo. Esse processo é dinâmico enriquecedor ao qual nos remete a antiguidade de uma determinada população. Dessa forma decodificar as tradições culturais de um povo carece de informações histórica para a compreensão de todo o processo das tradições e das memórias.
               
                  A pluralidade de culturas relacionadas as referencias "dialogam e se fundiram" em muitos aspectos criando uma identidade tipicamente brasileira advinda das culturas africanas, europeias e indígenas que enriquecem nos aspectos artísticos como um todo, desde as crenças, musicas, costumes, dentre outros (ASSUNÇÃO; VASCONCELOS 2015 p. 12).
               
                 Dentre esses sinos o  nordeste  traz uma herança cultural de extrema grandeza. A música por exemplo apresenta ritmos diversos, mas o Baião com seu ritmo  frenético e contagiante adota o uso sanfona, zabumba, viola caipira, flauta doce e triângulo.
               
                    De acordo com Pesquisa (2019), essa música nordestina teve início na década de 1940 por meio de Luis Gonzaga como "rei do Baião' e Humberto Teixeira, o "doutor do baião" cujas origens musicais são de tradição  "caipira e danças indígenas".
                 
                    De sorte é que o "rei do Baião" consegui representar a angústia do  homem sertanejo  com originalidade e desenvoltura. A música " Nem se despediu de Mim" relata a pressa de uma pessoa amada em beber água na quartinha, uma espécie de deposito de água para beber usada nas casas do sertão, e nesse diálogo romântico à espera da amada deseja que ela quebre o pote, a quartinha em caso de arrependimento. 

                Segundo alguns historiadores "Baião" seria o nome originado de baiano e que esse ritmo é resultante da união do batuque dos escravos, uma espécie música e dança dos escravos com portugueses, "moda de viola e danças indígenas", conhecida como Lundu (COELHO, 2015).

                  Detalhes históricos à parte sabemos que a música é uma modalidade artística que expressa sentimentos e atemporal diante da sua poética. Assim, como qualquer de Arte a sensibilidade de quem ler e interpreta é algo peculiar de cada olhar sensível; É uma inter-relação complexa estabelecida de acordo com os diversos contextos socioculturais e históricos..

                 Portanto essa representação pictórica da música de Luiz Gonzada pretende relacionar uma experiencia visual e tátil com a música em que o apreciador possa ter uma conexão da prática  do sensível consigo mesmo e com nossas origens. Espero orgulhosamente que o "arrasta o pé do Baião" de Seu Luis esteja vivo e sossegado sem se despedir da cultura brasileira também por meio dessa obra pictórica.

Por: Lia Batista

Vídeo

Vídeo:
Nem se despediu de mim - Luiz Gonzaga - Composição: Luiz Gonzaga e João Silva
Música 200. 02.set.2009.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Vv7CeUGj0Nk&list=RDVv7CeUGj0Nk&start_radio=1&t=198> Acesso em: 04/03/2019

Bibliografia:

PESQUISA, Sua.com. Baião. 2019.
Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/o_que_e/baiao.htm>> Acesso em: 12/02/2018.
COELHO, Aldemário, Blog oficial do Forrozeiro. Curiosidades do Nordeste: O que é Baião?. Fev,2015.
Disponível em: <http://www.adelmariocoelho.com.br/blog/curiosidades/curiosidades-nordeste-baiao-430.html> Acesso em: 12/02/2018.

FREE, Royalit. DreamstimeFiltro de ar do carro no fundo brancoJanuary 02nd, 2013.

Disponível em: <https://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-royalty-free-filtro-de-ar-automotivo-image31417476de ar po> Acesso em: 04/03/2019

Música 200. Nem se despediu de mim - Luiz Gonzaga. 
02.set.2009.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Vv7CeUGj0Nk&list=RDVv7CeUGj0Nk&start_radio=1&t=198> Acesso em: 04/03/2019


PIANOWISK, Fabiane; GOLDBERG, Luciane. Artes Plásticas: Métodos e técnicas do ensino de artes. 3. ed. Fortaleza  - Ceará: UECE, 2015. p. 111.